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Embora a menstruação possa ser irregular em adolescentes em função da imaturidade do eixo hipotálamo-hipofisário e dos ciclos anovulatórios, os ciclos geralmente ocorrem em intervalos de 21 a 45 dias e duram setes dias ou menos. É considerado sangramento menstrual intenso o sangramento excessivo que traz prejuízos à saúde física e emocional da mulher, interferindo na qualidade de vida. Esse tipo de sangramento em adolescentes pode ser um sentinela para coagulopatias.
O Committee Opinion de número 785 do American College of Obstetricians and Gynecologists (ACOG) trata de como rastrear e manejar os distúrbios de coagulação em pacientes com sangramento uterino anormal. O ressalta a importância do trabalho em conjunto com hematologista para avaliação laboratorial e manejo clínico. Confira as principais recomendações sobre o rastreio.
1- História clínica
O rastreio é considerado positivo se a adolescente apresentar pelo menos um dos seguintes: duração da menstruação maior ou igual a sete dias e a paciente reportou encharcamento ou vazamento do absorvente em duas horas ou menos na maioria das menstruações; história de tratamento de anemia; história familiar positiva para distúrbio de coagulação ou história de sangramento importante.
2- Exame físico
Importante avaliar estabilidade hemodinâmica, procurar sinais de anemia, equimoses, petéquias. A palpação abdominal pode evidenciar massas ou visceromegalias (hepatoesplenomegalia). Se a paciente apresentar sangramento transvaginal, é importante se certificar de que o sangramento é compatível com o grau de maturação sexual (estágio 3 ou acima de Tanner) e não devido a outras causas, como trauma. O exame especular em geral não é necessário.
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3- Exames de imagem
Causas estruturais de sangramento intenso em adolescentes são pouco frequentes, motivo pelo qual em geral não é necessário realizar exames de imagem da pelve de rotina (mas podem ser considerados em casos refratários ao tratamento clínico). O ultrassom pélvico transabdominal pode ser mais apropriado em pacientes adolescentes do que o transvaginal.
4- Laboratório
A avaliação laboratorial das pacientes com sangramento anormal e suspeita de coagulopatia deve incluir beta-hCG, hemograma com plaquetas, ferritina sérica, TSH, cogulograma, fibrinogênio, atividade e antígeno do fator de Von Willembrand e atividade do fator VIII. Se a paciente apresentar suspeita de síndrome dos ovários policísticos, pode-se considerar a dosagem de testosterona, SDHEA e prolactina.
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Referência bibliográfica:
- ACOG Committee Opinion 785 – setembro 2019 – Screening and Management of Bleeding Disorders in Adolescents with heavy menstrual bleeding.
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