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Anestesiologia7 dezembro 2021

Opioides transdérmicos: alternativa com menor incidência de efeitos colaterais

Estudos mostram que opioides transdérmicos possuem eficácia analgésica similares aos opioides orais, com menor incidência de efeitos adversos

Por Bruno Vilaça

Este conteúdo foi produzido pela Afya em parceria com Mundipharma de acordo com a Política Editorial e de Publicidade do Portal Afya.

A dor é um sintoma complexo que acomete milhões de pessoas em todo o mundo. Possui diferentes etiologias e, portanto, necessita de uma abordagem multidisciplinar e individualizada, envolvendo terapias farmacológicas e não-farmacológicas para o seu tratamento, que busca dar alívio ao paciente, melhorando sua função, humor e qualidade de vida. 

Os opioides são fármacos amplamente utilizados no tratamento da dor aguda e da dor oncológica. Apresentam diversas vias de administração – oral, intravenosa, subcutânea, transdérmica e retal – cada uma com suas vantagens e desvantagens e escolhidas de acordo com as características farmacológicas do opioide e condições inerentes ao paciente.  

opioides transdérmicos

Opioides transdérmicos

No Brasil, os opioides disponíveis pela via transdérmica (TD) são o fentanil e a buprenorfina. As principais vantagens desta via são: 

– Fácil aplicação (através de adesivos);

– Utilização em pacientes confusos, muito debilitados ou intolerantes a administração oral (náuseas ou vômitos);

– Conforto em relação à posologia (a troca do adesivo pode ser feita a cada 3 dias para o fentanil e 7 dias para a buprenorfina);

– Mínima interferência com as atividades diárias; 

Menor incidência de efeitos colaterais; 

Já como desvantagens, temos: 

– Dificuldade na titulação da dose de forma rápida 

– Início de ação lento 

– Circulação do fármaco pelo organismo após a remoção do adesivo 

O fentanil é um opioide sintético forte, com uma potência 100x maior que a morfina. Apresenta alta lipossolubilidade, o que lhe permite passar facilmente pelas membranas celulares. É metabolizado no fígado, pelo sistema do citocromo P450, dando origem a metabólitos inativos, os quais são eliminados pelos rins. Os adesivos transdérmicos de fentanil estão disponíveis nas formulações de 12, 25, 50, 75 e 100 mcg/h na circulação sistêmica, o que representa aproximadamente 0,3; 0,6; 1,2; 1,8 e 2,4mg por dia, devendo ser trocados a cada 3 dias. 

Já a buprenorfina é um opioide semissintético forte, agonista parcial do receptor µ e antagonista ĸ. Também com uma potência de 100x a da morfina e alta lipossolubilidade. Metabolizada no fígado pelo sistema do citocromo P450, dá origem a norbuprenorfina com potência 40x menor que sua antecessora. Oitenta a 90% da buprenorfina é eliminada pela via biliar ou por recirculação entero-hepática, o que permite que este fármaco seja utilizado com segurança em pacientes idosos e nos portadores de insuficiência renal. Os adesivos transdérmicos estão disponíveis em formulações de 5, 10, 20, 30 e 40mg, o que corresponde, respectivamente, liberações de 5mcg/h, 10mcg/h, 20 a 35mcg/h (dependendo do fabricante), 52mcg/h e 70mcg/h, devendo ser trocados a cada 4 ou 7 dias (dependendo do fabricante). 

Os adesivos devem ser aplicados em uma superfície plana, em local visível e sem pelos, preferencialmente na parte superior do corpo (braços e tórax). A pele não deve estar ferida ou irritada e deve ser higienizada antes da aplicação somente com água, não utilizando sabão, álcool, óleos ou dispositivos abrasivos. Os pacientes devem ser orientados a evitar a exposição do adesivo a fontes diretas de calor, como banhos quentes prolongados, saunas e sol. Não devem ser usados por gestantes e lactantes, pacientes usuários de inibidores da monoamina oxidase (IMAOs) e evitados em pacientes com histórico de prolongamento do intervalo QT e com função respiratória gravemente comprometida. 

Uma revisão sistemática foi realizada recentemente comparando a eficácia e a segurança do fentanil e da buprenorfina TD, entre si e em relação a opioides orais (morfina, oxicodona e metadona) em pacientes oncológicos. Os achados mostram que os opioides transdérmicos possuem eficácia analgésica similares aos opioides orais, com menor incidência de efeitos adversos e melhor aceitação pelos pacientes.  

Quando comparados entre si, a buprenorfina TD mostrou eficácia similar ao fentanil TD em pacientes oncológicos, sendo preferida nos casos de insuficiência renal devido a sua farmacocinética. Além disso, apresentou menor fenômeno de tolerância (necessitando de menores acréscimos de dose em comparação ao fentanil TD), menor incidência de constipação intestinal e efeito teto na depressão respiratória sem efeito teto analgésico, o que impacta positivamente sua segurança e risco de abuso. Devido a sua alta afinidade e lenta dissociação do receptor µ, os sintomas de abstinência são geralmente leves em intensidade com um início tardio de mais de 72 horas e mais suaves quando comparados à morfina e ao fentanil. Essas características fazem da buprenorfina TD uma ótima opção no tratamento da síndrome de abstinência à opioides. 

Outra revisão sistemática, publicada em 2020, avaliou o uso da buprenorfina TD, na dor aguda pós-operatória, em pacientes submetidos a diversos procedimentos cirúrgicos. A maioria dos estudos evidenciou valores semelhantes ou menores para o escore de dor pós-operatória, consumo de analgésicos de resgate e satisfação do paciente quando a buprenorfina TD foi comparada com placebo, tramadol e anti-inflamatórios. 

Resumo

Os opioides transdérmicos são muito seguros e eficazes no controle da dor, principalmente em pacientes que não toleram a via oral, com menor incidência de efeitos colaterais, risco de abuso e dependência. Melhoram a qualidade de vida do paciente com mínima interferência nas suas atividades cotidianas, criando um ambiente propício à manutenção do tratamento de base. 

Referências bibliográficas: 

  • Irimar de Paula Posso et al. Tratado de Dor: publicação da Sociedade Brasileira para Estudo da Dor. 1. Ed.  Rio de Janeiro: Atheneu, 2017, capítulo 138, (1669-1688). 
  • Ahn JS, Lin J, Ogawa S, Yuan C, O’Brien T, Le BH, Bothwell AM, Moon H, Hadjiat Y, Ganapathi A. Transdermal buprenorphine and fentanyl patches in cancer pain: a network systematic review. J Pain Res. 2017 Aug 18;10:1963-1972. doi: 10.2147/JPR.S140320. PMID: 28860851; PMCID: PMC5571859. 
  • Machado FC, Neto GC, Paiva LO, Soares TC, Nakamura RK, Nascimento LF, Campana CS, Lustosa LAMM, Cortez RA, Ashmawi HA. Uso da buprenorfina transdérmica na dor aguda pós‐operatória: revisão sistemática [Transdermal buprenorphine for acute postoperative pain: a systematic review]. Braz J Anesthesiol. 2020 Jul-Aug;70(4):419-428. Portuguese. doi: 10.1016/j.bjan.2020.04.004. Epub 2020 Jul 8. PMID: 32819729. 
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