Inovação: UTI respiratória com monitoramento digital de leitos
A UTI respiratória funciona a partir de um sistema integrado que coleta dados e parâmetros dos pacientes. Saiba mais.
A Unidade de Terapia Intensiva (UTI) respiratória do Instituto do Coração do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (InCor/FMUSP) é a primeira unidade desse tipo e pública do Brasil a tratar pacientes de forma integrada e com o controle centralizado de leitos de forma digital e remota.
O processo de digitalização desenvolvido por uma equipe de mais de 50 pessoas, entre médicos, enfermeiros, fisioterapeutas e especialistas de Tecnologia da Informação (TI) já está em funcionamento na unidade, que possui dez leitos para pacientes que necessitam de mais de 24 horas de ventilação mecânica. O projeto conta com a parceria de empresas privadas e do setor de tecnologia médica, como Lifemed, Medtronic, Nihon Kohden, Linet, Drager, Intel, Magnamed e Timpel.
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Como funciona
A UTI respiratória funciona a partir de um sistema integrado que coleta dados e parâmetros dos pacientes: oxigenação, frequência cardíaca e respiratória, funcionamento de bomba de infusão, ventilador mecânico. As informações são analisadas por uma ferramenta de inteligência artificial (AI) que prevê possíveis riscos e complicações no leito e facilita uma rápida intervenção da equipe médica.
A prescrição e a dispensação de medicamentos em cada leito também estão integradas ao sistema digital da UTI, garantindo mais agilidade, segurança e redução de desperdícios. E mais: esses leitos são monitorados por câmeras conectadas à central de monitoramento.
A digitalização da UTI e o monitoramento integrado de leitos têm visam tornar a internação de pacientes ainda mais segura e eficiente, uma vez que os profissionais da linha de frente ficam responsáveis pela validação dos dados e parâmetros durante as visitas, de forma rápida e segura.
A iniciativa ainda permite que a equipe fique cada vez mais preparada para atuar em situações que necessitam de respostas rápidas, como surtos, epidemias ou pandemias, além de permitir a conexão com outras UTIs e hospitais universitários, para a criação de polos de atendimento e troca de informações.
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Referência na pandemia
É importante destacar que a UTI respiratória do InCor é referência para o tratamento de casos respiratórios graves e ventilação mecânica no serviço público do estado de São Paulo e, durante a pandemia de covid-19, foi desenvolvido um protocolo de assistência e capacitação para as UTIs públicas do estado, incluindo um projeto de teleconsulta.
Aliás, o serviço de TeleUTI respiratória foi o primeiro do tipo durante a pandemia a treinar e assessorar UTIs de forma remota, por isso se tornou modelo em condutas e protocolos de tratamento a pacientes acometidos pela forma grave da doença. O programa é liderado pelo diretor da divisão de Pneumologia do InCor e da Saúde Digital do HCFMUSP, o professor Carlos de Carvalho.
No total, o programa realizou mais de 13 mil teleatendimentos e treinou mais de 16 mil profissionais de saúde para o tratamento da covid-19. O projeto de capacitação incluiu fisioterapeutas, médicos e enfermeiros, através de plataformas de educação.
Já nos primeiros meses de implantação do programa, a mortalidade nas UTIs foi reduzida em mais de 20% dos pacientes graves com covid-19, contribuindo ainda com a redução do tempo de permanência em UTI, o que aumentou em 30% a disponibilidade de leitos assistidos.
*Este artigo foi revisado pela equipe médica do Portal PEBMED.
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