Diagnóstico diferencial de dor pélvica em mulheres: a Síndrome da Dor Pélvica Miofascial
A dor pélvica é um motivo comum para mulheres irem a um médico. Dentre as diversas causas de dor, a Síndrome da Dor Pélvica Miofascial deve ser lembrada.
A dor pélvica é um motivo comum para as mulheres procurarem atendimento médico. Dentre as diversas causas de dor, a Síndrome da Dor Pélvica Miofascial (SDPM) deve ser lembrada. A SDPM é uma fonte de dor crônica, definida por músculos do assoalho pélvico encurtados, tensos e dolorosos. Pode afetar a função urinária, intestinal e também a vida sexual.
Saiba mais: Dor pélvica crônica: protocolo de manejo prático
Dor Pélvica Miofascial na população
A prevalência da SDPM na população em geral não é conhecida. Entretanto, sabe-se que a dor pélvica crônica (de várias etiologias) afeta 14 a 25% das mulheres. Os sintomas podem ser contínuos ou episódicos, agudos ou crônicos. Os pontos-gatilhos miofasciais (musculares) no assoalho pélvico (musculatura que recobre a pelve) geram dor em peso ou queimação em vagina, vulva, períneo, reto e bexiga. Também podem gerar dor referida em quadril, região lombar, músculos abdominais inferiores, coxas ou nádegas. A dor pode ser percebida internamente ou externamente ao corpo.
Geralmente estão associados a sintomas irritativos, como urgência urinária, frequência, queimação vulvar ou vaginal, prurido (coceira) ou disúria (dor ao urinar). Também são relatados constipação e dispareunia (dor durante a relação sexual). A etiologia e fatores de risco não são completamente compreendidos. Mulheres que desenvolvem SDMP, provavelmente têm gatilhos como estresse, trauma físico ou outros eventos dolorosos, como uma infecção do trato urinário.
Quiz: mulher com dores em região pélvica, febril e sem menstruar
Diagnóstico
A Sociedade Internacional de dor pélvica disponibiliza em seu site formulários de avaliação e de acompanhamento de dor pélvica). Para o diagnóstico, deve-se descartar qualquer outro diagnóstico, como endometriose, infecção urinária, entre outros.
Tratamento da Dor Pélvica Miofascial
Os planos de tratamento normalmente incluem educação em dor, fisioterapia, farmacoterapia e aconselhamento psicológico e requerem, no mínimo, três meses. Em geral, os pacientes começam com fisioterapia do assoalho pélvico por um profissional de fisioterapia especializado, para abordar a musculatura dolorosos, através de liberação miofascial, alongamento e fortalecimento. O yoga voltado para a dor pélvica e a acupuntura são relatados como complementares e benéficos.
As mulheres podem entrar em sofrimento psicológico devido aos sintomas. Isso deve ser detectado e encaminhado para aconselhamento psicológico (terapia cognitivo-comportamental ou terapia sexual), para ajudar a reduzir a dor, gerenciar sintomas, restaurar a função e reduzir o estresse.
Em casos moderados/graves faz-se necessário o uso de medicações em dor como gabapentinoides, antidepressivos tricíclicos ou relaxantes musculares.
Em casos refratários, existe a possibilidade de tratamentos mais invasivos como injeções de pontos-gatilho locais. Terapias de neuromodulação sacral (para sintomas de frequência e urgência) também são descritos.
Referências bibliográficas:
- Simons DG, Travell JG, Simons PT. Upper half of body. In: Travell and Simons’ Myofascial Pain and Dysfunction: The Trigger Point Manual, 2nd ed, Williams & Wilkins, Baltimore 1999.
- Sociedade Internacional de dor pélvica. Documents and Forms. Disponível em: https://www.pelvicpain.org/IPPS/Professional/Documents-Forms/IPPS/Content/Professional/Documents_and_Forms.aspx?hkey=2597ab99-df83-40ee-89cd-7bd384efed19).
- European Association of Urology. The 2015 EAU guidelines on chronic pelvic pain. Disponível em: http://www.uroweb.org/guidelines/online-guidelines/
- Royal College of Obstetricians and Gynaecologists. Green-top Guideline No. 41: The initial management of chronic pelvic pain. May 2012. Disponível em: https://www.rcog.org.uk/globalassets/documents/guidelines/gtg_41.pdf
- International Association for the Study of Pain. IASP taxonomy. Disponível em: https://www.iasp-pain.org/Taxonomy?navItemNumber=576#Peripheralneuropathicpain.
- Tu F, As-Sanie. Evaluation of chronic pelvic pain in females. UpToDate Inc. https://www.uptodate.com (Acessado em 20 de fevereiro de 2020.)
- Elkadry E, Moynihan L. Clinical manifestations and diagnosis of myofascial pelvic pain syndrome in women. UpToDate Inc. https://www.uptodate.com (Acessado em 20 de fevereiro de 2020.)
Como você avalia este conteúdo?
Sua opinião ajudará outros médicos a encontrar conteúdos mais relevantes.