Treinamento de força melhora a evolução da osteoartrite de joelhos
Esse estudo pretende avaliar a relação entre treinamento de força com os desfechos sintomáticos e estruturais da osteoartrite do joelho.
Apesar de a OMS recomendar que a população de maneira geral se engaje em atividades físicas regulares, apenas cerca de 30% dos pacientes nos Estados Unidos atingem os níveis recomendados de treinamento de força. No contexto da osteoartrite (OA) de joelho, uma das possíveis explicações para esse fato é que pacientes portadores da doença podem considerar que a sobrecarga mecânica pode gerar dor ou agravar a OA, levando a hesitação e cinesiofobia.
Com a hipótese de que o treinamento de força pode ser útil para pacientes com osteoartrite, sem apresentar riscos significativos de piora da história natural da doença, Lo et al. conduziram um estudo para avaliar a relação entre histórico desse tipo de atividade física e desfechos de sintoma e progressão radiográfica da OA de joelhos.
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Treinamento de força melhora a evolução da osteoartrite de joelhosMétodos
Esse estudo foi conduzido como parte do Osteoarthritis Initiative (OAI), um estudo observacional prospectivo multicêntrico. A presente análise foi realizada de maneira transversal. Pacientes com dados completos sobre treinamento de força, dor nos joelhos e evidência radiográfica de osteoartrite foram incluídos.
Foram aplicados questionários (Historical Physical Activity Survey Instrument) na visita de 96 meses do OAI a respeito da realização de exercícios de força em 4 momentos distintos da vida dos participantes: 12-18, 19-34, 35-49 ≥50 anos. As variáveis de desfecho analisadas foram alteração radiográfica da OA (Kellgren-Lawrence ≥2), OA sintomática e dor frequente nos joelhos, todos avaliados no mês 48.
Resultados
Foram incluídos 2607 pacientes com dados completos, dos 4796 seguidos no OAI. Desses, 44% eram do sexo masculino, com idade média de 63,4±8,9 anos e IMC médio 28,5±4,9 kg/m2. 39% tinham dor em joelho frequente, 58% sinais de OA na radiografia, 28% OA sintomática; 4% foram submetidos à artroplastia total de joelhos e 49% tinham histórico de lesão antes da visita de 48 meses.
A respeito da realização de atividade física, 1789 (68,6%) não foram expostos a treinamentos de força, enquanto 818 (31,4%) foram. Dos que realizaram exercícios de força, a maioria o fez após 50 anos de idade.
A chance de dor frequente nos joelhos foi menor no grupo que realizou exercício, com OR ajustado de 0,82 (IC95% 0,68-0,97); o mesmo foi observado para OA radiográfica (OR 0,83, IC95% 0,70-0,99) e OA sintomática (OR 0,77, IC95% 0,63-0,94). Os achados foram semelhantes nos diferentes estratos de idade analisados.
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Comentários
Esse estudo é importante por documentar que a prática de treinamento de força apresenta benefícios na melhora da OA. Sendo assim, é papel do médico que cuida de pacientes com OA orientar a realização de exercício físico, sem o conceito antigo de que isso pode provocar piora do quadro do paciente.
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