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Reumatologia12 junho 2024

Artrite psoriásica: abordagem terapêutica com Guselcumabe

Eficácia do guselcumabe no tratamento da doença psoriásica e de manifestações associadas

O guselcumabe é um anticorpo monoclonal humano da classe IgG, que atua bloqueando a subunidade p19 da interleucina-23 (IL-23). A IL-23 é uma citocina secretada por macrófagos ativados e células dendríticas, e está intimamente ligada à patogênese de diversas doenças inflamatórias.1 Dentre essas doenças, destacam-se a psoríase (PsO) e a artrite psoriásica (APs).2

No Brasil, o guselcumabe é aprovado para o tratamento de PsO moderada a grave e de APs refratária à terapia prévia com uma droga modificadora de doença (DMARD) ou em caso de intolerância.3

Guselcumabe na psoríase

Em julho de 2017, o Food and Drug Administration (FDA) aprovou o uso do guselcumabe para o tratamento de pacientes adultos com psoríase moderada a grave, fundamentando-se nos resultados de dois ensaios clínicos, o VOYAGE-1 e o VOYAGE-2.4

O VOYAGE 1 (n=837) e o VOYAGE 2 (n=992) são estudos pivotais que analisaram a eficácia e a segurança de guselcumabe subcutâneo (SC) em comparação ao placebo e ao adalimumabe SC, um antagonista do fator de necrose tumoral (TNF). Os pacientes incluídos no estudo apresentavam psoríase em placas, com gravidade variando de moderada a grave, ou seja, com indicação de tratamento sistêmico e/ou fototerapia.5 No VOYAGE-1, concluiu-se que o guselcumabe apresentou eficácia superior ao adalimumabe e que foi bem tolerado pelos pacientes com psoríase.6 O VOYAGE-2, por sua vez, demonstrou que o guselcumabe é altamente efetivo e bem tolerado como terapia de manutenção da psoríase, inclusive para aqueles pacientes que falharam à terapia prévia com o adalimumabe.4

Guselcumabe na artrite psoriásica

Em julho de 2020, o guselcumabe SC também recebeu aprovação do FDA para tratar pacientes adultos com artrite psoriásica (APs) ativa, com base nos resultados de dois ensaios clínicos de fase 3, multicêntricos, randomizados e duplo-cegos, o DISCOVER-1 e DISCOVER-2. Ambos os estudos demonstraram uma pronta e sustentada melhora dos sintomas articulares e extra-articulares com o uso do guselcumabe, com um bom perfil de segurança.7

Sobre o estudo DISCOVER-1

O estudo DISCOVER-1 avaliou a ação do guselcumabe em pacientes com artrite psoriásica ativa, incluindo aqueles que já haviam sido tratados com um ou dois medicamentos inibidores do TNF- α.8

Um total de 383 participantes foram incluídos no estudo e acompanhados por cerca de um ano. A pesquisa foi dividida em fases, incluindo uma fase de triagem (até seis semanas) e um período de tratamento cego de 52 semanas – placebo-controlado da semana 0 à semana 24 seguido por tratamento ativo cego da semana 24 à semana 52.8

Os resultados mostraram que o guselcumabe apresentou um perfil de eventos adversos semelhante ao do placebo e que não houve aumento nas taxas de eventos adversos ao longo de um ano de tratamento, independentemente do histórico de exposição anterior ao TNFi.8

Além disso, foi conduzida uma fase adicional de acompanhamento para avaliar a segurança até 12 semanas após a última dose do medicamento. O estudo incluiu avaliações como eficácia, segurança, farmacocinética, imunogenicidade e biomarcadores específicos. O desfecho primário foi uma resposta ACR20 na semana 24. Uma resposta ACR20 corresponde a uma diminuição de 20% na contagem de articulações edemaciadas ou dolorosas e melhora em três das cinco variáveis a seguir: avaliação global da doença pelo paciente e pelo médico, dor, Health Assessment Questionnaire (HAQ) e provas de fase aguda (PCR ou VHS).8

Sobre o estudo DISCOVER-2

O DISCOVER-2, por sua vez, avaliou a eficácia do guselcumabe SC em pacientes adultos com APs ativa e virgens de tratamento com medicação biológica.9

Um total de 741 participantes foram incluídos no estudo e acompanhados por cerca de dois anos. A pesquisa foi dividida em fases, começando com uma etapa de triagem (até seis semanas), seguida por uma fase de tratamento cego de aproximadamente 100 semanas, incluindo um período placebo controlado das semanas 0 a 24 e um período de tratamento ativo cego das semanas 24 a 100. Além disso, a avaliação da segurança foi estendida até a semana 112, que ocorreu aproximadamente 12 semanas após a última administração do agente do estudo na semana 100.9

Os resultados mostraram que o guselcumabe manteve um perfil de eventos adversos semelhante ao do placebo até a semana 24 e não houve aumento nas taxas de eventos adversos ao longo de dois anos de tratamento. Eficácia clínica e radiográfica, aspectos econômicos da saúde, segurança medicamentosa, farmacocinética, imunogenicidade, biomarcadores e farmacogenômica foram avaliados com base em um cronograma específico, com bons resultados. O objetivo principal foi uma resposta ACR20 na semana 24.9

O estudo COSMOS, fase 3b, demonstrou que o uso do guselcumabe SC em adultos com artrite psoriásica resultou em melhorias consistentes e atingiu os parâmetros de atividade mínima de doença (MDA) até a semana 48. Os pacientes recrutados já haviam utilizado um ou dois anti-TNF e não obtiveram boa resposta clínica.10 O tratamento com o guselcumabe resultou em maiores taxas de melhorias clinicamente significativas em uma avaliação incluindo dor relatada pelo paciente, fadiga, função física, problemas de pele e depressão relacionada à APs.11

Conclusões

O guselcumabe, um inibidor da subunidade p19 da IL-23, demonstrou eficácia e bom perfil de tolerabilidade em pacientes com artrite psoriásica e suas manifestações extra-articulares. Esse efeito foi evidenciado tanto em pacientes virgens de tratamento com biológicos quanto em pacientes que fizeram uso prévio de um ou dois inibidores do fator de necrose tumoral (Anti-TNF). Esses dados sugerem que a IL-23 exerça um papel pivotal na patogênese da artrite psoriásica, assim como na psoríase em placa moderada a grave, justificando sua utilização como primeiro imunobiológico pelo bom perfil de eficácia e segurança, além da boa relação risco-benefício ao longo do estudo.

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Referências bibliográficas

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