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Infectologia15 julho 2020

Síndrome pós-Covid-19: sintomas podem persistir por quanto tempo após recuperação?

A síndrome clínica onde indivíduos acometidos e recuperados por Covid-19 podem apresentar sintomas persistentes após longos períodos foi corroborada.

À medida que a pandemia avança no tempo, mais conhecimento sobre os efeitos da infecção por SARS-CoV-2 se torna disponível na comunidade científica. Apesar de descrita como com uma duração média de 14 dias, muitos pacientes relatam a presença de sintomas por períodos mais prolongados e tal observação ganhou força recentemente.

A impressão clínica de que indivíduos acometidos e recuperados por Covid-19 podem apresentar sintomas persistentes após longos períodos foi corroborada por um estudo italiano que acompanhou uma coorte de pacientes que foram hospitalizados com a doença. Os resultados foram publicados na JAMA.

mulher com fadiga por síndrome pós-Covid-19

Síndrome pós-Covid-19

Os indivíduos incluídos foram acompanhados ambulatorialmente após alta hospitalar, após negativação de PCR-RT para SARS-CoV-2, melhora sintomática e três dias consecutivos sem febre. Aos participantes, foi aplicado um questionário sobre a presença ou ausência de sinais ou sintomas descritos como potencialmente relacionados à Covid-19 durante a fase aguda da doença e sua persistência após alta hospitalar. Além da pesquisa de sintomas, questionários sobre qualidade de vida antes da infecção e nos momentos das visitas também foram aplicados.

Foram avaliados 143 pacientes, com uma média de idade de 56,5 anos e maioria de homens (63%). Durante hospitalização, 72,7% apresentaram evidência de pneumonia intersticial, sendo que 15% receberam ventilação não-invasiva e 5%, ventilação mecânica. A média de duração de hospitalização foi de 13,5 dias.

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Após uma média de dois meses do início dos sintomas, somente 12,6% dos indivíduos da coorte estavam completamente livres de sintomas relacionados a Covid-19. Aproximadamente 32% ainda apresentavam 1 ou 2 sintomas e 55%, 3 sintomas ou mais. Nenhum apresentava febre ou outros sintomas considerados como de doença aguda. Em relação à qualidade de vida, 44,1% dos participantes reportaram piora em relação a antes da infecção.

Fadiga foi o sintoma persistente mais frequentemente observado, atingindo mais da metade da população estudada (53,1%), sendo seguida de dispneia (43,4%), dor articular (27,3%) e dor torácica (21,7%). Tosse, anosmia, síndrome sicca, rinite, hiperemia ocular, disgeusia e cefaleia foram outros sintomas reportados como persistentes.

Mensagens práticas

  1. Sintomas persistentes após a fase aguda da Covid-19 são frequentes e comumente têm um impacto negativo na qualidade de vida dos pacientes acometidos.
  2. A média de tempo para a avaliação dos sintomas foi de dois meses após o início dos sintomas, o que mostra persistência por longos períodos.
  3. Fadiga e dispneia foram os sintomas mais relatados, o que pode levar à manutenção de um certo grau de limitação de atividades por períodos prolongados.
  4. A população estudada foi composta somente por pacientes que foram hospitalizados e, portanto, que apresentaram sintomas mais graves durante a fase aguda de doença. Mais estudos devem ser realizados para avaliar o impacto a médio e longo prazo em pacientes com sintomas leves.
  5. Além dos cuidados durante a fase aguda, pacientes com diagnóstico da infecção, principalmente os que necessitaram de internação hospitalar, devem ter acompanhamento ambulatorial para avaliação de persistência de sintomas e impacto em atividades e qualidade de vida.

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Referências bibliográficas:

  • Carfi, A, Bernabei, R, Landi, F. Persistent Symptoms in Patients After Acute COVID-19. JAMA July 9, 2020. doi:10.1001/jama.2020.12603
  • Swift, D. COVID-19 Symptoms Can Linger for Months. Medscape News. July 13, 2020. Disponível em: https://www.medscape.com/viewarticle/933835

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