Nessa semana, falamos sobre as novas recomendações para abordagem e tratamento do sangramento por varizes gastroesofageanas. Por isso, na nossa publicação semanal de conteúdos compartilhados do Whitebook Clinical Decision, trazemos a abordagem clínica e o diagnóstico diferencial da HDA.
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Anamnese
- Quadro clássico: Hematêmese e/ou melena, acompanhada de dor abdominal. A presença de sangramento franco vivo sugere um quadro grave, enquanto a presença de sangramento em “borra de café” (melenêmese), sugere sangramento limitado.
- Melena: Fezes enegrecidas, “em borra de café”. 90% dos episódios de melena se originam de sangramentos acima do ângulo de Treitz (alto), porém eventualmente pode se originar do intestino delgado e cólon direito.
- Sintomas que sugerem etiologia específica:
• Doença Ulcerosa Péptica: Epigastralgia ou dor em quadrante superior direito;
• Varizes esofágicas: Distensão abdominal (ascite), icterícia, presença de circulação colateral, fraqueza e outros estigmas de hepatopatia crônica;
• Síndrome de Mallory-Weiss: Náuseas e vômitos exacerbados ou tosse precedendo o quadro de hematêmese. História de libação alcoólica. Ocorre por laceração mucosa da junção esofagogástrica;
• Malignidade: Perda de peso, caquexia, disfagia e saciedade precoce;
• Úlcera esofageana: Disfagia, odinofagia e sintomas de refluxo. - História Patológica Pregressa: Questionar episódios prévios de hemorragia digestiva (60% dos sangramentos recorrentes são originados da mesma lesão); avaliar presença de fatores de risco/etiológicos:
• Diagnóstico prévio de cirrose, hipertensão porta, gastropatia hipertensiva e varizes esofagogástricas;
• Alcoolismo;
• Histórico de gastrite, infecção pelo H. pylori, tabagismo e doença ulcerosa péptica;
• História de malignidade;
• Angiodisplasia;
• Fístula aorto-entérica em paciente com histórico de aneurisma de aorta abdominal;
• Anastomose gastroentérica com risco de úlceras marginais. - Comorbidades: Avaliar condições que possam contribuir para o sangramento e/ou para evolução desfavorável:
• Coagulopatias, trombocitopenia, disfunção hepática;
• Predisposição à sobrecarga de volume: insuficiência cardíaca e doença renal crônica;
• Predisposição à hipoxemia: doença coronairana e doença pulmonar crônica. - História medicamentosa: Avaliar uso de antiinflamatórios não esteroidais; avaliar uso de antiagregantes plaquetários (ex.: AAS, ticagrelor, clopidogrel) e anticoagulantes (ex.: varfarina, rivaroxabana, dabigatrana).
Exame Físico
- O principal objetivo é avaliar a estabilidade hemodinâmica do paciente e estimar a perda volêmica:
• Paciente sem hipotensão ou taquicardia (perda volêmica < 15 %);
• Paciente com hipotensão postural ou taquicardia em repouso (perda volêmica entre 15 e 30 %);
• Choque hipovolêmico: Hipotensão (PAS < 90 mmHg) + Rebaixamento do Nível de Consciência + Extremidades Frias (perda volêmica estimada > 40 %). - Presença de dor abdominal: Dor abdominal grave com sinais de defesa deve levantar a suspeita de perfuração, que deve ser excluída antes da realização de endoscopia digestiva alta.
- O exame físico também deve complementar a história clínica na determinação diagnóstica. A presença de estigmas de cirrose hepática sugerem o sangramento por varizes esofagogástricas como causa da HDA.
- Se suspeita de hemorragia digestiva baixa: Incluir toque retal e anuscopia.
Diagnóstico Diferencial
- O diagnóstico diferencial é estabelecido entre as causas de hemorragia digestiva alta:
- Sangramento por úlcera péptica;
- Sangramento por varizes esôfago-gástricas;
- Síndrome de Mallory-Weiss;
- Lesão aguda de mucosa;
- Lesão de Dieulafoy;
- Fístula aorto-entérica;
- Hemobilia;
- Hemosuccus pancreaticus (hemorragia pelo ducto de Wirsung);
- Ectasia vascular antral;
- Neoplasia gástrica.
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