No ECG abaixo, há cicatriz de infarto de V1 a V3?
Bem, de fato há ausência de onda R nestas derivações. Quando isso acontece dizemos que há presença de QS (apenas onda negativa no complexo QRS). Mas, para começar, isto é igual a infarto prévio? Definitivamente não! Primeiro, o diagnóstico eletrocardiográfico na presença de QS é, normalmente, de área eletricamente inativa. Infarto prévio é apenas um dos diagnósticos diferenciais. Veja este post para relembrar em detalhes estes conceitos.
Segundo ponto: neste ECG especificamente há uma “pegadinha”. Como pode-se observar facilmente, há um alargamento do complexo QRS causado por um bloqueio de ramo esquerdo. Entre os critérios diagnósticos do bloqueio de ramo esquerdo, segundo a III diretriz de ECG da SBC, está:
“Onda “r” com crescimento lento de V1 a V3, podendo ocorrer QS.”
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Ou seja, na vigência de BRE, as alterações de onda R de V1 a V3 não permitem concluir sobre a presença de área eletricamente inativa. Para exemplificar melhor estes achados considerados parte do diagnóstico do BRE, veja a figura abaixo retirada do nosso futuro Manual de Eletrocardiografia Cardiopapers:
No caso do ECG mostrado no início do tópico, foi feito ecocardiograma que não mostrou alterações da contratilidade segmentar do VE. Tratava-se de paciente com estenose aórtica importante.
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Autoria
Eduardo Cavalcanti Lapa Santos
Editor-chefe e criador do site Cardiopapers; Especialista em Cardiologia pelo InCor-HCFMUSP; Especialista em Ecocardiografia pela SBC; Especialista em Clínica Médica pela SBCM; Doutor e mestre pelo Departamento de Cirurgia da UFPE; Preceptor das residências de cardiologia e Ecocardiografia do HC-UFPE.
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