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Cardiologia22 dezembro 2016

Existe risco de perda de memória com o uso prolongado de estatinas?

Uma das grandes dúvidas entre os médicos seria que o uso de estatinas por tempo prolongado poderia causar perda de memória.

Uma das grandes dúvidas entre os médicos seria que o uso de estatinas por período de tempo prolongado poderia causar perda de memória e que esta perda seria interrompida com a suspensão da medicação. Esta questão levou a Food and Drugs Administration (FDA) a colocar um aviso nas caixas de estatinas sobre o risco de perda memória baseado em dados de vigilância observacional pós-comercialização.

O estudo HOPE-3 (Heart Outcomes Prevention Evaluation-3) é um estudo internacional randomizado, conduzido em 21 países que incluiu 12705 indivíduos sem doença cardiovascular conhecida e que estavam em risco intermediário, acompanhados por 5,6 anos, e com pelo menos um dos seguintes critérios de inclusão: elevada relação cintura quadril; colesterol HDL <39 mg/dL em homens e <50 mg/dL em mulheres; pré-diabetes; doença coronária prematura em parentes de primeiro grau ou disfunção renal. Os participantes foram medicados com rosuvastatina 10 mg ao dia ou placebo e candesartana/hidroclorotiazida (16mg/12,5mg) 1x ao dia ou placebo. O desfecho primário foi morte cardiovascular, acidente vascular encefálico não fatal e infarto do miocárdio não fatal. O estudo mostrou uma redução significativa de eventos com rosuvastatina em relação a placebo (3,7% vs 4,8%).

Um braço do estudo HOPE-3, apresentado no Congresso da American Heart Association (AHA) 2016 em New Orleans avaliou o efeito da medicação na função cognitiva dos 3086 pacientes do HOPE-3 com idade maior ou igual a 70 anos com risco intermediário para doença cardiovascular. Os pacientes tinham em média 74 anos, 59% eram mulheres, a PA média foi 140/79 mmHg e o LDL colesterol foi 127 mg/dL. O estudo observou que redução da pressão arterial e do colesterol não melhora a função cognitiva, porém o uso de estatina não mostrou um efeito negativo na cognição.

Veja também: ‘Campanha lista procedimentos muito utilizados, mas que não trazem benefícios’

Os achados desse subgrupo do HOPE-3 devem sepultar qualquer preocupação de que o uso de estatinas possa levar a perda de memória. Esta conclusão do estudo de não haver dano na memória com o uso de estatina deve atenuar os temores de pacientes e médicos em relação ao uso prolongado do medicamento. De acordo com os resultados do HOPE-3 estatinas devem ser consideradas para pacientes com risco intermediário de doença cardiovascular devido a uma redução significativa de 24% do risco relativo de eventos cardiovasculares nesta população.

O estudo mostrou também uma tendência (p=0,04) para um efeito benéfico sobre a cognição em pacientes que fizeram uso do tratamento combinado versus o placebo e apresentavam os níveis mais elevados da pressão arterial basal e do LDL colesterol. Esse resultado precisa ser mais bem investigado em estudos futuros e os benefícios de tratamentos precoces e de longo prazo permanecem ainda obscuros.

O emprego de estatinas de acordo com o estabelecido nas diretrizes é eficaz e contribui para a redução de eventos cardiovasculares e mortes. Os resultados desse subgrupo HOPE-3 nos permite informar aos pacientes, que necessitam usar estatinas, que eles não precisam se preocupar que o uso da medicação irá prejudicar sua memória.

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Referências:

  • Bosch J et al. The effect of blood pressure and cholesterol lowering on cognition. American Heart Association 2016 Scientific Sessions. November 13, 2016; New Orleans, LA. Abstract.
  • Yusuf S, et al; HOPE-3 Investigators. Cholesterol Lowering in Intermediate-Risk Persons without Cardiovascular Disease. N Engl J Med. 2016 May 26;374(21):2021-31. doi: 10.1056/NEJMoa1600176.
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