O contraste iodado, usado em exames como tomografia computadorizada e coronariografia, está relacionado com piora da função renal em até 50% dos pacientes. Idosos, cardiopatas, diabéticos e renais crônicos são grupos de pacientes com maior risco de lesão.
Um dos principais mecanismos para a lesão renal é a formação de radicais livres de oxigênio e o consequente estresse oxidativo. A partir de estudos experimentais, é conhecido que o óxido nítrico é capaz de reduzir a formação destes radicais livres, melhorar a função endotelial e, por conseguinte, a perfusão renal.
O estudo NITRATE-CIN foi apresentado durante o congresso ESC 2023, da European Society of Cardiology, em Amsterdã, nesta semana.
Métodos
Neste estudo foram recrutados pacientes submetidos à coronariografia com angioplastia devido à síndrome coronariana aguda e que apresentassem fatores de risco para lesão renal pelo contraste (CIN – contrast induced nephropathy): taxa de filtração glomerular estimada < 60 ml/min ou dois dos seguintes fatores de risco – diabetes, cirrose, idade > 70 anos, uso de contraste nos últimos sete dias, FE < 40% e/ou uso de drogas com “ação na vasculatura renal” (AINE, iECA, BRA, diuréticos ou aminoglicosídeos).
A seguir, os participantes foram randomizados para grupo controle ou intervenção, que consistiu na administração de KNO3 (nitrato de potássio) 4 horas antes do procedimento e por mais quatro dias. O placebo utilizado por cloreto de potássio. O desfecho primário foi a piora da função renal, um aumento da creatinina > 0,3 mg/dl ou 1,5x acima do valor basal. Além disso, todos os pacientes receberam hidratação e usaram contraste de baixa osmolaridade, fatores conhecidos de proteção renal.
Resultados
O estudo recrutou 640 pacientes, metade em cada grupo, com idade média de 71 anos e 73% de homens; a média de seguimento foi um ano. O desfecho primário ocorreu em 9,1% no grupo de intervenção e 30,5% no grupo controle, uma diferença altamente significativa. Houve, inclusive, melhora em desfechos secundários como IAM per-procedimento (2,7% vs 12,5%) e eventos cardiovasculares maiores (morte, IAM e AVC: 9,1% vs 18,1%).
Conclusão e mensagem prática
Esses resultados são impressionantes e deixam muita esperança na eficácia do método. Contudo, a amostra tem tamanho mediano e o estudo foi realizado em apenas um único centro inglês. Por isso, antes de adotarmos na prática o método, é importante repetir o ensaio clínico de modo multicêntrico e com amostra maior.
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