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Cardiologia29 abril 2022

Desafio de ECG: qual a causa da taquiarritmia deste paciente?

Paciente de 27 anos, sexo masculino, dá entrada no pronto socorro com queixa de palpitações e tontura durante a realização de exercício físico. Logo na triagem, são aferidos os sinais vitais (FC 160 b…

Por Gabriela Marsiaj

Paciente de 27 anos, sexo masculino, dá entrada no pronto socorro com queixa de palpitações e tontura durante a realização de exercício físico. Logo na triagem, são aferidos os sinais vitais (FC 160 bpm, PA 120×80 mmhG, SpO2 98%) e é feito o seguinte ECG:

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Resposta:

Trata-se de uma taquicardia de QRS largo com morfologia de BRD e desvio do eixo para a esquerda. Esse ritmo pode ser facilmente confundido com TPSV com aberrância de condução. Porém, se olharmos com atenção podemos ver ondas P dissociadas (D2 longo), o que exclui o diagnóstico de TPSV e nos leva ao diagnóstico de taquicardia ventricular. Chama a atenção, porém, que o QRS não é tão largo como costumamos observar nas arritmias ventriculares.

Trata-se da taquicardia ventricular fascicular, o tipo mais comum de taquicardia ventricular idiopática. A mesma utiliza o sistema de condução como parte de seu circuito. Habitualmente, o estímulo elétrico desce pelo fascículo posterior esquerdo e sobe pelo tecido miocárdico septal. Isso gera a morfologia de BRD + BDAS tão característica e um QRS que não é tão alargado (note que ativação inicial do QRS é rápida e se alarga depois).

A maioria dos pacientes apresenta sintomas leves a moderados de palpitações e tontura, com crises paroxísticas e que podem durar de minutos a horas. O curso clínico é geralmente benigno e o prognóstico é excelente.

Também conhecida como taquicardia verapamil sensível, apresenta resposta aos bloqueadores de canal de cálcio (verapamil ou diltiazem). No entanto, a eficácia a longo prazo é variável e o benefício desses medicamentos no manejo de pacientes com sintomas graves é frequentemente limitado. A ablação por cateter é altamente eficaz (taxa de sucesso de 85% a 90%) e é recomendada para pacientes em que a terapia medicamentosa não é bem-sucedida, não é tolerada ou não é preferida.

Fonte: Clinical arrhythmology and electrophysiology: a companion to Braunwald’s heart disease / Ziad F. Issa, John M. Miller, Douglas P. Zipes.— 2nd ed.

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Gabriela Marsiaj

Redator em cardiopapers

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