Nova diretriz sobre diagnóstico e tratamento da hipertensão arterial sistêmica da American Heart Association sugere uma nova definição para HAS. Confira!
Como já vinha sendo anunciado, o congresso da American Heart Association (AHA) na Califórnia teve como ponto alto a nova diretriz sobre diagnóstico e tratamento da hipertensão arterial sistêmica (HAS). Mantendo a vanguarda, os americanos mais uma vez inovaram e surpreenderam muita gente ao sugerir uma nova definição para HAS: PAS ≥ 130 mmHg e/ou PAD ≥ 80 mmHg.
Conduta semelhante havia ocorrido na diretriz de dislipidemia, com critérios mais “precoces” para diagnóstico e início de tratamento farmacológico. A pergunta é: qual a evidência por trás disso? Houve algum novo estudo inovador e bombástico sobre HAS? Esse é o ponto-chave, no qual muitos pesquisadores têm criticado a nova diretriz.
Eles acham que os estudos que embasaram as conclusões da AHA não têm a robustez necessária para levar a novas definições e metas, mas sim a estudos mais profundos sobre o assunto. A dúvida então é se estas novas recomendações “vão colar” e se transformar em prática.
Nosso objetivo nesse texto não é discutir se as diretrizes estão corretas ou não, mas sim resumir do ponto de vista prático o que AHA passa a recomendar a partir de agora em HAS.
Passa a ser considerada hipertensão arterial sistêmica a presença de PAS ≥ 130 mmHg e/ou PAD ≥ 80 mmHg.
Não mudam as recomendações sobre técnica e momento da medida da pressão arterial, mas é incentivado o uso de medidas ambulatoriais, seja por MAPA ou MRPA.
Classificação:
Classificação | PA sistólica (mmHg) | PA diastólica (mmHg) | |
Normal | < 120 | E | < 80 |
Elevada | 120-129 | E | < 80 |
Hipertensão estágio 1 | 130-139 | e/ou | 80-89 |
Hipertensão estágio 2 | ≥ 140 | e/ou | ≥ 90 |
Rotina Laboratorial
A avaliação complementar do hipertenso também está mais longa, principalmente se comparada com recomendações nacionais:
Já o ácido úrico sérico, a relação albumina-creatinina em amostra urinária e o ecocardiograma ficaram como “opcionais”.
A decisão de quando e como iniciar o tratamento farmacológico não se baseia no valor da PA mas sim no cálculo do risco cardiovascular pelo escore global de Framingham, chamado “ASCVD risk calculator” e disponível no WB.
O alvo terapêutico é uma PA < 130/80 mmHg, sendo que em pacientes de alto risco cardiovascular é feita menção especial que o alvo pode ser < 120/80 mmHg caso haja boa tolerância ao tratamento medicamentoso. Por outro lado, situações especiais podem indicar como alvo o antigo < 140/90 mmHg, sendo citado na diretriz os casos com escore global < 10% e/ou AVC/AIT recente.
É recomendado o início de terapia combinada (2 anti-hipertensivos) se HAS estágio 2 e/ou se a PA medida estiver acima da meta em mais de 20/10 mmHg (sistólica/diastólica). Em idosos, considere “pegar mais leve” devido ao risco de hipotensão postural e quedas.
Os fármacos de primeira linha permanecem os mesmos (tiazídico; iECA ou BRA; e BCC), mas é enfatizada a maior eficácia de tiazídicos e bloqueadores dos canais de cálcio (BCC) em negros.
Uma vez iniciado o tratamento, a reavaliação será mais precoce (1 mês) em pacientes estágio 2.
O tratamento não farmacológico não veio com muitas novidades, mas sim ênfase e maior precisão no que está sendo recomendado:
O que fazer | Como fazer |
Dieta DASH | Aumentar ingestão frutas, vegetais, laticínios desnatados e grãos. Reduzir gordura saturada. |
Perda Peso | Cada 1 kg de peso perdido reduz a PA em 1 mmHg. Isso é tão ou mais importante do que atingir peso ideal. |
Restrição sódio | < 1500 mg/dia, podendo ser <1000 mg/dia em casos selecionados. |
Aumento ingestão potássio | 3500-5000 mg/dia. |
Atividade física | Aeróbico: 60-150 min/sem + 65-75% da FC máxima
Dinâmico: 90-150 min/sem + 50-805 FC máxima + 6 exercícios com 3 séries de 10 repetições cada Isométrico: 8-10x/sem + 4 séries de 2 min de hand grip com 1 min de intervalo + carga 30-40% da contração máxima |
Redução consumo álcool | < 2 drinks/dia homem e 1 drink/dia mulher. |
Para alívio do pessoal do plantão, emergência hipertensiva foi mantida como a elevação da PA > 180/120 mmHg ASSOCIADA a lesão aguda de órgão-alvo. É este cenário que exige internação e controle rápido da PA.
Por outro lado, urgência hipertensiva fica caracterizada por elevação > 180/120 mmHg na ausência de lesão aguda e/ou piora de lesão em órgão-alvo. Na maioria das vezes, está associada a má adesão ao tratamento e ansiedade e a diretriz corrobora o tratamento ambulatorial destes casos!
Os demais pontos da diretriz, como rastreamento de hipertensão secundária e hipertensão na gestação, não trazem mudanças substanciais em relação à prática corrente.
Assista nosso vídeo sobre o tema!
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