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Saúde25 novembro 2016

Campanha lista procedimentos muito utilizados, mas que não trazem benefícios

Na medicina existe uma crescente cultura do uso excessivo de intervenções médicas e variações no uso de certos tratamentos.

Por Antonio Lagoeiro

Na medicina existe uma crescente cultura do uso excessivo de intervenções médicas e variações no uso de certos tratamentos. Exemplos comuns de medicamentos muito usados é o emprego de antibióticos para resfriados comuns ou outras infecções não bacterianas.

O problema é que os exames, procedimentos e tratamentos têm efeitos colaterais e podem causar danos. Um exame de tomografia computadorizada é 200 mil vezes mais poderoso que um scanner de aeroporto. Um exame de sangue para um paciente jovem tem poucos efeitos colaterais, mas para um paciente idoso pode ser angustiante e doloroso.

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Choosing Wisely (escolhendo sabiamente) foi criado em parte como um desafio ao conceito de que mais é melhor ou no caso da intervenção médica: só porque podemos, nem sempre significa que devemos. O conceito de que o médico sabe mais foi uma verdade até uma geração passada. Hoje o que predomina é a tomada de decisão compartilhada entre o médico e o paciente.

O médico só pode saber qual a melhor conduta para o seu paciente após uma discussão sobre as experiências do paciente com a sua doença; suas circunstâncias sociais; necessidades de apoio; preferências e atitudes em relação ao risco do procedimento ou tratamento.

A Academia dos Colégios de Medicina da Inglaterra publicou recentemente em sua página recomendações baseadas no Choosing Wisely, iniciativa que tem como objetivo melhorar o diálogo entre os pacientes e seus médicos. As principais recomendações são:

1 – Os pacientes, na maioria das vezes, não precisam ser internados no dia anterior a realização de um procedimento cirúrgico se tiverem tido a avaliação e preparação pré-operatória adequada.

2 – A maioria dos pacientes não precisa de exames pré-operatórios (risco cirúrgico) de rotina antes de uma cirurgia menor ou intermediária. Existem diretrizes para determinar quem precisa de exames pré-operatórios.

3 – Todos os pacientes com indicação cirúrgica devem ser informados de suas chances individuais de benefício ou dano para identificar suas preferências pessoais. Os pacientes que optam pela cirurgia e que estão em alto risco de morrer (mortalidade prevista de 30 dias > 1%) devem ser identificados por idade, tipo de cirurgia e condições médicas adicionais.

4 – Para muitos pacientes, a chance de danos após uma operação pode ser reduzida se ele melhorar sua aptidão física, parar de fumar, reduzir a ingestão de álcool e, em alguns casos, reduzir o peso nas semanas ou meses antes de sua cirurgia.

5 – A administração de fluidos intravenosos a um paciente intoxicado (álcool) não vai ajudá-lo a se sentir melhor ou permitir a alta hospitalar mais rápido.

6 – Pequenas fraturas da base do quinto metatarso geralmente não precisam ser colocadas em uma bota de gesso, elas vão curar tão rapidamente se utilizarem uma bota removível.

7 – Algumas lesões tais como luxações de quadril e ombro, podem ser tratadas com sedação na sala de emergência em vez de anestesia geral no centro cirúrgico.

8 – A água da torneira é tão eficaz para limpar feridas como solução salina estéril.

9 – Quando os doentes são particularmente frágeis ou no seu último ano de vida, a menos que haja uma clara preferência do doente ou de seus familiares, discuta a redução do número de medicamentos para apenas aqueles utilizados para o controle dos sintomas.

10 – Se um tratamento com medicamentos está sendo proposto para prevenir doenças cardíacas, acidente vascular encefálico ou osteoporose em pessoas previamente estáveis, assegure que essa decisão seja compartilhada com o paciente.

11 – Se um indivíduo toma estatina na dose recomendada, não há necessidade de rotineiramente verificar os níveis de colesterol, a menos que haja evidência de problemas preexistentes, como um evento cardíaco, acidente vascular encefálico ou tendência familiar de ter problemas relacionados com dislipidemia.

12 – Medicamentos como aspirina, heparina ou progesterona não devem ser usados como tentativa de manter uma gravidez em uma mulher que teve abortos inexplicáveis e recorrentes.

13 – Um cisto ovariano simples com menos de 5cm de diâmetro em uma mulher que não passou pela menopausa não precisa ser acompanhado; nem há necessidade de um exame de sangue para verificar os níveis da proteína CA-125.

14 – Não há necessidade de revisão de casos de catarata sem complicações no primeiro dia de pós-operatório.

15 – Se a conjuntivite é diagnosticada como viral, não há necessidade de exames laboratoriais ou tratamento com antibióticos.

16 – Para crianças com constipação crônica, mudanças na dieta e no estilo de vida devem ser consideradas em primeiro lugar para aliviar os sintomas. Se isto for ineficaz, deve-se considerar o polietilenoglicol em vez de lactulose.

17 – Os broncodilatadores não devem ser utilizados no tratamento dos quadros leves ou moderados de bronquiolite aguda em crianças sem quaisquer condições subjacentes.

18 – A menos que um paciente esteja em risco de câncer de próstata por causa de história familiar, a triagem baseada em PSA não prolonga a vida do paciente.

19 – Dosagem de cálcio é utilizada quando há sintomas de cálculos renais, doenças ósseas ou distúrbios nervosos; Mas não é necessário testar em menos de três meses após o teste anterior, exceto em condições agudas, durante cirurgias importantes ou em pacientes críticos quando os testes não devem ser feitos com mais frequência do que a cada 48 horas.

20 – Dor nas costas que é simples, que não esteja associada com radiculopatia geralmente não requer exame de imagem.

21 – Exames e investigações só devem ser feitas para responder a uma pergunta específica e não rotineiramente.

22 – As transfusões de sangue só devem ser administradas quando a hemoglobina for inferior a 7 g/dL. As transfusões de sangue podem ocorrer acima deste nível quando o paciente estiver hemodinamicamente instável ou com sangramento ativo.

23 – Os doentes que são ventilados mecanicamente podem não necessitar de sedação profunda e, quando possível, avaliações diárias para aliviar a sedação devem ser feitas.

antoniolagoeiro

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Referências:

  • https://www.choosingwisely.co.uk/i-am-a-clinician/recommendations/
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