Falamos recentemente sobre o tubo a ser utilizado na intubação endotraqueal em pediatria, mas outra questão é muito importante. A definição correta de qual o tamanho e o formato da lâmina de laringoscópio direto a ser utilizado é extremamente relevante para o sucesso da intubação.
Intubação endotraqueal: laringoscópio direto
O laringoscópio direto é formado por duas estruturas: o cabo e a lâmina.
Cabos
Os cabos estão disponíveis nos tamanhos pediátrico e adulto. Ambos diferem em relação ao diâmetro e ao comprimento, mas a escolha pode ser determinada de acordo com a preferência do médico.
A fonte de luz encontrada nas lâminas de laringoscópio direto pode ser tanto um bulbo incandescente ou um canal de fibra óptica com um bulbo de halogênio ou xenônio no cabo. Cabos de fibra óptica apresentam uma faixa verde.
Lâminas
A lâmina é a parte do laringoscópio que é introduzida na boca. As lâminas de laringoscópio direto são curvas ou retas. Esses dois tipos são recomendados quando não se espera que o procedimento de intubação endotraqueal seja difícil.
As lâminas curvas possuem uma grande flange que facilita o deslocamento da língua, e uma curva, que permite fácil posicionamento na valécula. Já a lâmina reta permite que o levantamento direto da epiglote exponha a abertura glótica, o que pode ser preferível em bebês e crianças com menos de dois anos de idade em que a epiglote é geralmente maior e com ângulo mais agudo. Uma lâmina reta também pode ser preferida em pacientes nos quais há suspeita de lesão na coluna cervical, porque a laringoscopia com lâmina reta pode resultar em menos movimento.
Leia também: Intubação em pediatria: videolaringoscopia versus laringoscopia direta
Todavia, a escolha entre uma lâmina curva ou reta é mais bem feita com base na experiência e preferência do médico. Ambas devem estar disponíveis.
A lâmina de tamanho apropriado para um determinado paciente deve ser grande o suficiente para controlar a língua e alcançar as estruturas glóticas. Marcos anatômicos também ajudam a identificar o tamanho apropriado da lâmina do laringoscópio. De acordo com a literatura, a intubação apresenta mais chances de sucesso na primeira tentativa quando o comprimento da lâmina usada para laringoscopia se encontra a um centímetro da distância entre os incisivos superiores e o ângulo da mandíbula.
Em nosso meio, as lâminas mais usadas em Emergências e Unidades de Terapia Intensiva Pediátrica são as de Miller (reta) e Macintosh (curva). O tamanho das lâminas de laringoscópio varia de 00 (para o bebê extremamente prematuro) a 4 (para adultos grandes) – Quadro 1.
Quadro 1: Tipos de lâminas e tamanhos sugeridos de laringoscópio direto em pediatria
Lâmina de laringoscópio | ||
Faixa etária | Tipo | Número |
Prematuro com peso < 1kg | Miller | 00 |
Prematuro com peso 1 – 2 kg | Miller | 00 – 0 |
Prematuro com peso 2 – 3 kg | Miller | 0 |
Neonato | Miller | 0 |
1 – 6 meses | Miller | 0 |
6 – 12 meses | Miller | 1 |
1 – 2 anos | Miller | 1 – 2 |
3 – 4 anos | Miller ou Macintosh | 2 |
5 – 6 anos | Miller ou Macintosh | 2 |
7 – 8 anos | Miller ou Macintosh | 2 – 3 |
9 – 10 anos | Miller ou Macintosh | 3 |
11 – 12 anos | Miller ou Macintosh | 3 |
>16 anos | Miller ou Macintosh | 3 – 4 |
Fonte: Adaptado de Müller, Trotta e Piva (2015).
Confira a série completa sobre intubação endotraqueal em pediatria:
Referências bibliográficas:
- MÜLLER, H.; TROTTA, E. A.; PIVA, J. P. Acesso à via aérea – Sequência rápida e técnicas especiais de intubação. In: PIVA, J. P.; GARCIA, P. C. R. Medicina Intensiva em Pediatria. Segunda edição. Revinter: Rio de Janeiro, 2015. Capítulo 2. p.13-33
- NAGLER, J. Emergency endotracheal intubation in children. In: STACK, A. N.; WILEY, J. F. (Eds). Uptodate. 2019. Disponível em: https://www.uptodate.com Acesso em: 29 de dez. 2019
- DALVI, N. P.; SAYED, N. I. Laryngoscopes. In: BAHETI, D. K.; LAHERI, V. V. (Eds). Understanding Anesthetic Equipment & Procedures: A Practical Approach. Fifth edition. Jaypee: New Delhi, India, 2015. Chapter 12. p.
- CAVE, D. et al. Airway management. In: NICHOLS, D. G.; SHAFFNER, D. H. (Eds). Roger’s Textbook of Pediatric Intensive Care. Fifth edition. Wolters Kluwer: Philadelphia, 2016. Chapter 24. p.305-328
Autoria

Roberta Esteves Vieira de Castro
Graduada em Medicina pela Faculdade de Medicina de Valença ⦁ Residência médica em Pediatria pelo Hospital Federal Cardoso Fontes ⦁ Residência médica em Medicina Intensiva Pediátrica pelo Hospital dos Servidores do Estado do Rio de Janeiro. Mestra em Saúde Materno-Infantil (UFF) ⦁ Doutora em Medicina (UERJ) ⦁ Aperfeiçoamento em neurointensivismo (IDOR) ⦁ Médica da Unidade de Terapia Intensiva Pediátrica (UTIP) do Hospital Universitário Pedro Ernesto (HUPE) da UERJ ⦁ Professora adjunta de pediatria do curso de Medicina da Fundação Técnico-Educacional Souza Marques ⦁ Membro da Rede Brasileira de Pesquisa em Pediatria do IDOR no Rio de Janeiro ⦁ Acompanhou as UTI Pediátrica e Cardíaca do Hospital for Sick Children (Sick Kids) em Toronto, Canadá, supervisionada pelo Dr. Peter Cox ⦁ Membro da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) e da Associação de Medicina Intensiva Brasileira (AMIB) ⦁ Membro do comitê de sedação, analgesia e delirium da AMIB e da Sociedade Latino-Americana de Cuidados Intensivos Pediátricos (SLACIP) ⦁ Membro da diretoria da American Delirium Society (ADS) ⦁ Coordenadora e cofundadora do Latin American Delirium Special Interest Group (LADIG) ⦁ Membro de apoio da Society for Pediatric Sedation (SPS) ⦁ Consultora de sono infantil e de amamentação ⦁ Instagram: @draroberta_pediatra
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