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Terapia Intensiva27 novembro 2023

CBMI 2023:  Biomarcadores e seus desafios na previsão da sepse em pediatria 

Apresentaremos os principais pontos da palestra sobre os desafios na previsão da sepse em pediatria através do uso de biomarcadores apresentada no CBMI 2023,  

O XXVIII Congresso Brasileiro de Medicina Intensiva (CBMI) da Associação de Medicina Intensiva Brasileira (AMIB) ocorreu em Florianópolis de 23 a 25 de novembro e se destacou pelas inúmeras palestras de relevância para a Medicina Intensiva Pediátrica. O primeiro dia de congresso contou com a sessão temática “Sepse e Choque Séptico”. A primeira palestra foi apresentada pelo Dr. Cristian Tedesco Tonial (Porto Alegre/RS) e abordou os desafios na previsão da sepse em pediatria através do uso de biomarcadores.  

Leia também: CBMI 2023: Sepse em pacientes imunossuprimidos

CBMI 2023: Usar solução balanceada ou não balanceada na sepse em pediatria?

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De acordo com o palestrante, a avaliação do risco de morte na sepse possibilita: 

  • Identificar a sepse; 
  • Avaliar o risco; 
  • Controlar o risco; 
  • Revisar práticas e estudá-las. 

Além disso, o uso de biomarcadores prognósticos permite: 

  • Direcionar recursos (material humano e tecnologia); 
  • Melhor monitorização invasiva e de leitos de Unidades de Terapia Intensiva Pediátrica (UTIP); 
  • Prever deterioração, antecipando ações e terapias, como intubação orotraqueal (IOT) e necessidade de ventilação mecânica (VM), medicamentos vasoativos e oxigenação por membrana extracorpórea (ECMO); 
  • Controle de qualidade (comparação histórica e também entre as unidades). 

Saiba mais: CBMI 2023: Podemos diferenciar infecção de inflamação?

O Dr. Cristian mostrou os resultados de um estudo retrospectivo conduzido por ele e sua equipe e publicado em 2021 no Jornal de Pediatria (Performance of prognostic markers in pediatric sepsis). O objetivo foi justamente avaliar o desempenho prognóstico do Paediatric Index of Mortality (PIM2), ferritina, lactato, proteína C reativa (PCR) e leucócitos, isoladamente e em combinação, em pacientes pediátricos com sepse internados na UTIP do, Hospital São Lucas, em Porto Alegre: 

  • PIM-2: escore prognóstico comumente disponível (obtido por meio de cálculo matemático), sem custos e é interessante para ser usado em grandes populações e também nas rotinas das UTIP; 
  • Ferritina: trata-se de marcador inflamatório, avaliado no estudo de forma isolada ou juntamente com a PCR. Vantagens: baixo custo, disponível, pode ser usado para outras finalidades (anemia ferropriva) e eleva-se também na sepse de destino viral. Desvantagens: pode demorar 48 horas para elevar-se, sua interpretação é difícil em crianças com menos de seis meses de idade e sofre influência da anemia ferropriva; 
  • Lactato: muito utilizado na sepse, é altamente disponível e atua como marcador de perfusão tecidual. Possui baixo custo e foi avaliado de forma isolada; 
  • PCR: marcador inflamatório, era o mais específico para infecção bacteriana na época (hoje estão usando a procalcitonina), bastante disponível, com custo um pouco mais alto. Foi avaliado isoladamente ou com a ferritina;
  • Leucócitos: marcador inflamatório de baixo custo bastante disponível. 

No estudo mencionado, foram elegíveis todos os pacientes com idades entre seis meses e 18 anos admitidos com sepse.  Foram incluídos na análise de desempenho prognóstico, pacientes com ferritina e PCR medidas em até 48 horas e lactato e leucócitos em até 24 horas da admissão. De um total de 350 pacientes elegíveis com sepse, 294 foram submetidos a todas as medidas necessárias para análise, sendo incluídos no estudo. Os valores de corte para PIM2 (> 14%), ferritina (> 135 ng/mL), lactato (> 1,7 mmol/L) e PCR (> 6,7 mg/mL), determinados pelo índice de Youden, foram associados à mortalidade. A combinação de ferritina, lactato e PCR teve valor preditivo positivo (VPP) de 43% para mortalidade, semelhante ao do PIM2 isoladamente (38,6%). O uso combinado dos três biomarcadores mais o PIM2 aumentou o VPP para 76% e a acurácia para 0,945. Dessa forma, o estudo concluiu que somente PIM2, ferritina, lactato e PCR apresentaram bom desempenho prognóstico para mortalidade em pacientes pediátricos com mais de seis meses de idade com sepse. Quando combinados, foram capazes de prever a morte em três quartos dos pacientes sépticos. A contagem total de leucócitos não foi útil como marcador prognóstico.

Autoria

Foto de Roberta Esteves Vieira de Castro

Roberta Esteves Vieira de Castro

Graduada em Medicina pela Faculdade de Medicina de Valença ⦁ Residência médica em Pediatria pelo Hospital Federal Cardoso Fontes ⦁ Residência médica em Medicina Intensiva Pediátrica pelo Hospital dos Servidores do Estado do Rio de Janeiro. Mestra em Saúde Materno-Infantil (UFF) ⦁ Doutora em Medicina (UERJ) ⦁ Aperfeiçoamento em neurointensivismo (IDOR) ⦁ Médica da Unidade de Terapia Intensiva Pediátrica (UTIP) do Hospital Universitário Pedro Ernesto (HUPE) da UERJ ⦁ Professora adjunta de pediatria do curso de Medicina da Fundação Técnico-Educacional Souza Marques ⦁ Membro da Rede Brasileira de Pesquisa em Pediatria do IDOR no Rio de Janeiro ⦁ Acompanhou as UTI Pediátrica e Cardíaca do Hospital for Sick Children (Sick Kids) em Toronto, Canadá, supervisionada pelo Dr. Peter Cox ⦁ Membro da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) e da Associação de Medicina Intensiva Brasileira (AMIB) ⦁ Membro do comitê de sedação, analgesia e delirium da AMIB e da Sociedade Latino-Americana de Cuidados Intensivos Pediátricos (SLACIP) ⦁ Membro da diretoria da American Delirium Society (ADS) ⦁ Coordenadora e cofundadora do Latin American Delirium Special Interest Group (LADIG) ⦁ Membro de apoio da Society for Pediatric Sedation (SPS) ⦁ Consultora de sono infantil e de amamentação ⦁ Instagram: @draroberta_pediatra

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Referências bibliográficas

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