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11 setembro 2024

Modo de ação de eficáciade agomelatina

A agomelatina tem um mecanismo de ação singular em comparação às outras drogas usadas para tratar transtornos de ansiedade e depressão.
Por Álvaro Estima

Este conteúdo foi produzido pela Afya em parceria com Cellera Farma de acordo com a Política Editorial e de Publicidade do Portal Afya.

A agomelatina é um medicamento aprovado para o tratamento farmacológico do transtorno depressivo maior (TDM) e transtorno de ansiedade generalizada (TAG) para adultos e para crianças com TDM a partir dos 12 anos de idade1. A agomelatina tem um mecanismo de ação singular colocando-a à parte em comparação às outras drogas usadas para tratar esses transtornos2. A agomelatina é um agonista de dois receptores melatoninérgicos (MT1 e MT2) e um antagonista serotoninérgico (5HT2c) e é através do sinergismo dessa dupla ação que atua nos sintomas depressivos e ansiosos1,2.

Significado clínico do mecanismo de ação

Seu agonismo melatoninérgico ressincroniza os padrões de vários ritmos circadianos como do cortisol, hormônio do crescimento e do ciclo sono-vigília (sem ser um indutor de sono). Há uma regulação geral do relógio circadiano1-3.

Já o antagonismo serotoninérgico promove a liberação de dopamina e noradrenalina no córtex pré-frontal contribuindo para melhora dos sintomas ansiosos e depressivos como a anedonia, por exemplo.2

O objetivo do tratamento é a remissão completa dos sintomas. A melhora do funcionamento diário e da anedonia podem ser observados a partir da primeira semana de tratamento. Já a remissão sintomática pode demorar de duas a quatro semanas como na maioria dos outros antidepressivos.4,5

Imagem adaptada da referência 6

Vale ressaltar que a agomelatina não tem aprovação como medicamento indutor do sono ou para qualquer diagnóstico de insônia. Sua ação agonista nos receptores melatoninérgicos regulam o relógio circadiano que costuma estar alterado no TDM e TAG. Esse agonismo leva a uma regulação do ritmo sono/vigília como um benefício secundário na insônia causada por um atraso de fase na depressão. O antagonismo do receptor 5HT2c leva a uma percepção subjetiva da melhora do sono1,2.

Estudos de eficácia

Diretrizes e tratamento farmacológico

Na última edição da diretriz canadense de tratamento dos transtornos de humor e ansiosos a agomelatina foi colocada em nível 1 de evidência mesmo não sendo ainda comercializada no Canadá, conforme imagem abaixo.7

Imagem adaptada da referência 7

Metanálises

Algumas metanálises confirmam a eficácia da agomelatina. O estudo de Maddukuri RK e colaboradores é um dos que demonstram a eficácia vs placebo e com comparador ativo. Um total de 9233 pacientes foram incluídos de 27 estudos. A conclusão é que a agomelatina é um medicamento com eficácia semelhante à dos demais antidepressivos.8

Ensaios randomizados controlados

Muitos RCTs desde o lançamento da agomelatina comprovam sua eficácia VS placebo ou em estudos head to head. O estudo de Guo P e colaboradores9 publicado no ano passado, 2023, é um dos mais recentes. Pacientes com Transtorno Depressivo Maior de dez hospitais psiquiátricos da Província de Zhejiang na China foram incluídos no estudo randomizado durante 12 semanas e foram divididos dois grupos: um com agomelatina e outro com ISRS (inibidores seletivos de recaptação de setoronina). O grupo da agomelatina mostrou eficácia mais rápida em duas semanas com melhores resultados nas escalas SHAPS (Snaith-Hamilton Pleasure Scale), MEQ (Morningness-Eveningness Questionaire) e PSQI (Pittsburg Sleep Quality Index) comparado com o grupo dos ISRS.9

Estudos comparativos (head to head)

Alguns estudos comparativos da agomelatina com outros medicamentos foram realizados. Na metanálise de Huang KL e colaboradores10, incluiu seis estudos head-to-head envolvendo 1871 pacientes. Na fase aguda do TDM, a agomelatina teve taxas de resposta mais altas (risco relativo (RR) 1,08, IC 95% 1,02 – 1,15 em comparação com os ISRS e os IRSN (inibidores seletivos de recaptação de serotonina e noradrenalina)10.

Conclusão

A agomelatina vem se impondo como opção segura no tratamento do Transtorno Depressivo Maior e do Transtorno de Ansiedade Generalizado. Além de mostrar eficácia semelhante aos outros medicamentos estudados, apresenta superioridade no perfil de efeitos colaterais sendo praticamente neutra nas questões disfunção sexual11 e ganho de peso12. A melhora do funcionamento cognitivo2 e o menor risco de descontinuação elevam as expectativas de adesão ao tratamento13.

Autoria

Foto de Álvaro Estima

Álvaro Estima

Graduado em Medicina pela Universidade Federal de Rio Grande (RS). Professor convidado do curso de pós-graduação em Psiquiatria da PUC-RJ. Diretor médico do Instituto Brasileiro do Cérebro (RJ).

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Referências bibliográficas

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