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Pediatria6 março 2020

Vape: quais os riscos do uso de cigarros eletrônicos por adolescentes?

O uso de cigarros eletrônicos e outros dispositivos vaporizadores, chamados de vape, nos últimos anos aumentou vertiginosamente entre os adolescentes.

O uso de cigarros eletrônicos e outros dispositivos vaporizadores (“vaping devices”), chamados de vape, nos últimos anos aumentou vertiginosamente entre os adolescentes. Estudos apontam que o surgimento desses dispositivos contribuiu para aumentar a exposição dos adolescentes à nicotina.

Adolescentes que nunca experimentaram cigarros tradicionais sentem-se atraídos pelos cigarros eletrônicos, que estão disponíveis em mais de 1500 sabores vaporizáveis. Um estudo nos EUA com adolescentes de 12-17 anos mostrou que 81% deles foram estimulados a fumar em função da disponibilidade de produtos saborizados.

mão segurando um dos tipos de cigarros eletrônicos

Uso de cigarros eletrônicos

O National Institutes of Health (NIH) nos EUA reportou um aumento de 27,8% em 2017 para 37,3% de adolescentes usando vaping devices em 2018. Em números absolutos, estima-se que em 2017 o número de adolescentes em uso de cigarros eletrônicos e outros dispositivos vaporizadores era de 2,1 milhões; em 2018, esse número aumentou para 3,6 milhões.

Com o aumento de adolescentes usuários de cigarros eletrônicos, aumenta-se também a preocupação com os efeitos nocivos desses dispositivos à saúde dos pacientes nessa faixa etária. Os líquidos comercializados para vaporização contém propilenoglicol ou líquidos derivados de glicerina vegetal com nicotina, substâncias saborizadoras, metais e outros produtos químicos. Os líquidos de sabor doce têm uma quantidade maior de produtos químicos do que aqueles com tabaco ou de sabor menta.

Problemas respiratórios foram relatados com o uso dos vaping devices, incluindo síndrome do desconforto respiratório agudo (SDRA), doenças pulmonares, sintomas persistentes de bronquite crônica e asma. A SDRA relacionada a cigarros eletrônicos é chamada de e-cigarette, or vaping, product use–associated lung injury (EVALI).

Mais de 20% dos produtos comercializados contém substâncias químicas potencialmente tóxicas, como álcool benzílico, benzaldeído, vanilina, acroleína e diacetil. Os saborizadores conferem risco potencial de doenças obstrutivas pulmonares. O uso de cigarros eletrônicos também parece estar associado a aumento do risco cardiovascular. A nicotina, frequentemente usada nos vaporizadores, confere uma série de riscos à saúde dos adolescentes, incluindo anormalidades no desenvolvimento do hipocampo e do córtex cerebral. Várias outras substâncias contidas nos e-líquidos (líquidos para os cigarros eletrônicos) parecem estar potencialmente ligados a cânceres de pulmão, bexiga, estômago e esôfago. O vapor dos e-cigarros (cigarros eletrônicos) estão associados a câncer em ratos.

Leia também: Uso de maconha entre adolescentes na era do vape, nos EUA

Os e-cigarros foram introduzidos no mercado como uma alternativa mais segura ao cigarros tradicionais, podendo ajudar, inclusive, na redução do tabagismo tradicional e no processo de cessão individual do tabagismo. Por outro lado, não temos dados suficientes sobre os riscos potenciais do e-cigarro na saúde. A evidência até hoje indica que esses dispositivos não são uma alternativa segura.

Take-home message

Como o pediatra geralmente está na linha de frente, em contato direto com as crianças e adolescentes, cabe a ele identificar riscos emergentes aos seus pacientes. Dessa forma, além de orientar sobre o tabagismo tradicional, é importante que o médico assistente também alerte sobre os potenciais riscos do tabagismo eletrônico.

Referências bibliográficas:

  • Ferrara, P., Franceschini, G., Corsello, G., Namazova-Baranova, L., Pop, T. L., Mestrovic, J., … Pettoello-Mantovani, M. (2020). The Health Risks of Electronic Cigarettes Use in Adolescents. The Journal of Pediatrics. doi:10.1016/j.jpeds.2020.01.009
  • Layden J, Ghinai I, Pray I, Kimball A. Pulmonary Illnes Related to E-Cigarette Use in Illinois and Wisconsin – Preliminary Report. New England Journal of Medicine, 2019. DOI: 10.1056/NEJMoa1911614
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