Segundo relatório divulgado em 22 de outubro, a Pfizer relatou que sua vacina para crianças é 90% eficaz na prevenção da Covid-19. A dose da vacina para pacientes pediátricos com idades entre 5 e 11 anos é 10 microgramas, cerca de um terço da dose administrada em adolescentes e adultos. A empresa, inclusive, descreveu os resultados provisórios de dois estudos em andamento que testam a segurança e eficácia dessa posologia em dados apresentados ao órgão americano Food and Drug Administration (FDA) antes da revisão da agência.

Estudo para avaliação da eficácia
Os dados de eficácia da vacina Pfizer em crianças de 5 a 11 anos de idade são provenientes de um estudo com mais de 2.000 crianças dessa faixa etária. Dois terços das crianças foram designados aleatoriamente para receber a dose de 10 microgramas da vacina Pfizer-BioNTech (“grupo vacina”), enquanto o outro terço foi classificado como “grupo placebo”.
O estudo foi iniciado quando a variante Delta se tornou dominante globalmente. Na primeira semana de outubro, 16 participantes do “grupo placebo” contraíram uma infecção sintomática por Covid-19 confirmada em laboratório, em comparação com apenas três que contraíram a doença no “grupo vacina”.
Os efeitos colaterais observados no estudo e relatados pela Pfizer foram quase todos leves. O mais comum relatado foi dor no local da injeção. As crianças do “grupo vacina” também apresentaram fadiga, cefaleia, febre e calafrios em frequências mais altas do que as observadas no “grupo placebo”. Estes efeitos foram mais comuns após a segunda dose. Algumas reações cutâneas foram observadas, como prurido e erupções cutâneas, mas foram em sua maioria leves e desapareceram em poucos dias. Além disso, houve relato de linfonodomegalias após a vacinação, mas esse tipo de reação foi temporário. Uma criança evoluiu com um tique que surgiu uma semana após a segunda dose da vacina (os pesquisadores relataram ser um efeito relacionado à vacina e que, de acordo com a empresa, estava cessando na época em que o estudo foi publicado). Nenhum caso de miocardite foi descrito.
Sem restrições
No relatório, há ênfase ao fato de que, embora comorbidades (como asma, diabetes e obesidade, entre outras) aumentem o risco de Covid-19 grave e hospitalização entre crianças, aproximadamente um terço dos pacientes pediátricos internados com Covid-19 não têm comorbidades subjacentes. Portanto, a Pfizer destaca que as estratégias de vacinação neste grupo de crianças não devem ser restritas àqueles que vivem com doenças crônicas e devem incluir toda a população de 5 a 12 anos de idade para protegê-los das sequelas sintomáticas, graves ou prolongadas imprevisíveis da doença.
O FDA avaliará o relatório em 26/10/2021.
Referências bibliográficas:
- FDA. Vaccines and Related Biological Products Advisory Committee October 26, 2021, Meeting Document. 2021. Disponível em: https://www.fda.gov/media/153409/download Acesso em: 24/10/2021
- Goodman B. Pfizer Data Show Vaccine for Kids 90% Effective in Preventing COVID. 2021. Disponível em: https://www.medscape.com/viewarticle/961450?uac=137967BJ&faf=1&sso=true&impID=3736997&src=wnl_edit_tpal Acesso em: 24/10/2021
Autoria

Roberta Esteves Vieira de Castro
Graduada em Medicina pela Faculdade de Medicina de Valença ⦁ Residência médica em Pediatria pelo Hospital Federal Cardoso Fontes ⦁ Residência médica em Medicina Intensiva Pediátrica pelo Hospital dos Servidores do Estado do Rio de Janeiro. Mestra em Saúde Materno-Infantil (UFF) ⦁ Doutora em Medicina (UERJ) ⦁ Aperfeiçoamento em neurointensivismo (IDOR) ⦁ Médica da Unidade de Terapia Intensiva Pediátrica (UTIP) do Hospital Universitário Pedro Ernesto (HUPE) da UERJ ⦁ Professora adjunta de pediatria do curso de Medicina da Fundação Técnico-Educacional Souza Marques ⦁ Membro da Rede Brasileira de Pesquisa em Pediatria do IDOR no Rio de Janeiro ⦁ Acompanhou as UTI Pediátrica e Cardíaca do Hospital for Sick Children (Sick Kids) em Toronto, Canadá, supervisionada pelo Dr. Peter Cox ⦁ Membro da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) e da Associação de Medicina Intensiva Brasileira (AMIB) ⦁ Membro do comitê de sedação, analgesia e delirium da AMIB e da Sociedade Latino-Americana de Cuidados Intensivos Pediátricos (SLACIP) ⦁ Membro da diretoria da American Delirium Society (ADS) ⦁ Coordenadora e cofundadora do Latin American Delirium Special Interest Group (LADIG) ⦁ Membro de apoio da Society for Pediatric Sedation (SPS) ⦁ Consultora de sono infantil e de amamentação ⦁ Instagram: @draroberta_pediatra
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