DPOC na emergência: mitos e verdades [ABRAMEDE 2018]
Na palestra do ABRAMEDE 2018 sobre o tema, Sabrina Ribeiro falou sobre os mitos e verdades do DPOC no departamento de emergência.
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A doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC) afeta hoje sete milhões de brasileiros e é responsável por cerca de 107 mil internações hospitalares por ano. É a terceira maior causa de mortalidade prevista no mundo. Na palestra sobre o tema, Sabrina Ribeiro falou sobre os mitos e verdades do DPOC no departamento de emergência.
Como identificar o DPOC
Sinais cardinais:
– Piora da dispneia
– Aumento da expectoração
– Mudança da qualidade da expectoração
O DPOC pode ser classificado, de acordo com a sua gravidade, como leve, moderado e grave.
Principais achados clínicos:
- Tabagismo: muito sensível, porém pouco específico
- > 70 maços/ano
- História de sibilância
O que o médico deve procurar:
– Severidade;
– Número de exacerbações prévias;
– Gravidade das exacerbações;
– Características da expectoração;
– Fatores precipitantes: infecções respiratórias ou sistêmicas e embolia pulmonar são os principais fatores.
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Exames:
– Oximetria de pulso;
– Raio-x de tórax;
– Gasometria arterial: colher em todos pacientes com alteração do nível de consciência ou de oxigenação em relação ao seu padrão basal;
– Laboratorial: hemograma, eletrólitos, glicemia, BNP (se pensar em IC), troponina, tomografia de tórax (se pensar em infecção, TEP).
Mito:
A radiografia de tórax alterada tem uma sensibilidade muito baixa. A maioria dos pacientes não vai apresentar resultado alterado. São todos sinais pouco sensíveis:
– Diafragma direito abaixo da sétima costela;
– Aumento do espaço retroesternal;
– Aumento do diâmetro cardíaco.
Tratamento do DPOC
– Os broncodilatadores são indicados para todos os pacientes;
– Beta-agonista + anticolinérgico;
– Corticoide: atualmente se preconiza prednisona 40 mg VO 1x/dia. Utilizar metilprednisolona EV se a via oral estiver indisponível (cerca de 20-40 mg de 8/8 horas). Utilizar por cinco dias (fazer por 14 dias não tem benefício adicional);
– Antibioticoterapia: indicados em casos de exacerbações moderadas a graves, como na suspeita de traqueobronquite (presença de mudança na qualidade da expectoração).
– Antiviral: fazer nos pacientes com sintomas gripais;
– Oxigenioterapia: manter saturação de O2 entre 88-92% (acima disso não há indicação de oxigênio). Paciente com hiperoxia tem maior mortalidade, então sempre manter entre 88-92% de saturação;
– VNI: os pacientes que mais se beneficiam são aqueles com acidose. A resposta que se procura é justamente a melhora da acidose e a diminuição da frequência respiratória. Se o doente não apresentar melhora rapidamente, deve-se considerar intubação orotraqueal.
Quais pacientes devem ser internados?
– Sintomas severos;
– Insuficiência respiratória;
– Indivíduos sem suporte domiciliar;
– Sinais novos como cianose e edema periférico.
Pacientes com doença avançada necessitam de acompanhamento multidisciplinar e planejamento avançado com proposta de cuidados de fim de vida.
Quais pacientes devem ser internados na UTI?
– Pacientes com pouca resposta
– Alterações do estado mental
– Hipoxemia severa (< 40 mmHg) ou acidose importante
– Ventilação invasiva
– Instabilidade hemodinâmica
Take-home message:
– Monitorar balanço hídrico;
– Considerar uso de profilaxia de tromboembolismo venoso;
– Tratar condições associadas;
– Introduzir tratamento de longo prazo antes da alta.
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A PEBMED ESTÁ NO ABRAMEDE 2018
Entre os dias 25 e 28 de setembro, a Associação Brasileira de Medicina de Emergência (ABRAMEDE) promove em Fortaleza (CE) a 6ª edição do maior Congresso de Medicina de Emergência Adulto e Pediátrico da América Latina. O evento conta com workshops, cursos e palestras com os maiores especialistas da área. A PEBMED está em Fortaleza e vamos publicar aqui no Portal com exclusividade as principais novidades do evento.
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