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As infecções por HIV ainda representam um desafio para a saúde pública, tanto no Brasil quanto mundialmente. Apesar de políticas governamentais incentivarem a prevenção da doença, os casos de pessoas que contraíram o vírus aumentaram, principalmente entre os jovens. Segundo o Ministério da Saúde, o número de indivíduos infectados entre 16 e 24 anos aumentou de 2005 a 2016, de 2,4 para 6,9 casos por cada 100 mil habitantes.
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Apesar de graves, atualmente as complicações do vírus são reversíveis. Este foi o tema debatido na palestra “Infecções oportunistas no HIV: diagnóstico e tratamento no departamento de emergência”, ministrada por Guilherme Alves de Lima Henn.
Classificação da Imunodepressão no HIV, a partir do CD4:
– > 500 – Imunodepressão inexistente – Doenças semelhantes a imunocompetentes
– 350-500 – Imunodeficiência leve – Doenças semelhantes a imunocompetentes
– 200-350 – Imunodeficiência moderada – Doenças bacterianas comuns e doenças endêmicas (herpes-zoster, tuberculose, leishmaniose) são mais prevalentes
– 100-200 – Imunodeficiência avançada – Pneumocistose, candidíase esofágica, meningite criptocócica, isosporíase e criptosporidiose
– < 100 – Imunodeficiência profunda – neurotoxoplasmose, histoplasmose, esofagite ou colite por CMV
A imunodepressão grave ou profunda pode ocorrer em casos em que o diagnóstico é tardio ou há falha terapêutica. Sempre perguntar sobre a última contagem de CD4 e carga viral e adesão à TARV, pois se a carga viral estiver indetectável é sinal de boa adesão à TARV.
Indícios de imunocomprometimento
- Auto-relato de má adesão à TARV
- Carga viral detectável
- Presença de candidíase oral (< 100-200 muito provavelmente)
- Uso de sulfametoxazol + trimetoprima profilático: está indicado para todos com < 200 (se está usando já é indício)
Infecções oportunistas do Sistema Nervoso Central
As mais comuns no Brasil são:
- Neurotoxoplasmose: Encefalopatia focal
- Neurocriptococose: Meningoencefalite
- Neurotuberculose: Meningoencefalite ou encefalopatia focal
Atenção: Não é incomum que o paciente com HIV apresente mais de uma doença ao mesmo tempo.
O TC de crânio é um divisor de águas:
- Avaliar presença de lesões expansivas: a presença de lesões expansivas contra-indica coleta de LCR;
- Avaliar possibilidade de coletar LCR.
Neurotoxoplasmose:
- Diagnóstico presuntivo: TC compatível
- Definitivo: Biópsia
- A partir do diagnóstico presuntivo, iniciar terapia empírica: Sulfadiazina + Pirimetamina + Ácido folínico;
- Alternativa: Sulfametoxazol + trimetoprima: Estudos atuais mostram resultados equivalentes e com perfil de tolerabilidade muito melhor.
- Sorologia e LCR são de pouco valor diagnóstico.
Neurocriptococose/Neurotuberculose:
- Mais comumente como meningoencefalite;
- TC sem lesões expansivas;
- Solicitar LCR: O perfil é muito semelhante: O que diferencia é a pesquisa direta, porém com baixa sensibilidade; ou o teste rápido para detecção do agente; solicita-se também cultura (que demora a crescer);
- Tratamento empírico apenas nos quadros graves, pois a evolução é mais indolente;
- Neurocripto: Anfotericina B (na ausência de 5-fluocitosina, obtido apenas por importação); + controle agressivo da hipertensão intracraniana e distúrbios hidroeletrolíticos;
- Neurotuberculose: Esquema RIPE por 12 meses; associar corticoide para diminuir edema cerebral.
Infecções oportunistas respiratórias
A pneumonia comunitária bacteriana, embora não seja uma infecção oportunista, é mais comum no imunossuprimido do que no imunocompetente:
- Esquemas semelhantes ao imunocompetente: prefira terapia combinada de beta-lactâmico + macrolídeo.
As principais infecções oportunistas são Pneumocistose, Histoplasmose e Tuberculose. Diagnóstico diferencial das 3 causas:
- É muito comum pacientes com histoplasmose terem pancitopenia;
- LDH costuma estar elevado na pneumocistose e na histoplasmose (neste último > 3x LSN), enquanto na tuberculose se eleva pouco;
- A hipoxemia é muito frequente na pneumocistose e é desproporcional ao exame radiológico;
- A radiografia de tórax pode confundir entre as 3 causas, não dá para fechar o diagnóstico com a radiografia;
- Manifestações extrapulmonares são muito frequentes na histoplasmose (hepatoesplenomegalia, infecção disseminada), estão ausentes na pneumocistose e raro na tuberculose (ocasionalmente apenas hepatoesplenomegalia).
- Solicitar: Hemograma, PCR, LDH, Gasometria arterial, imagem do tórax (inicialmente o raio-X).
Isolar o agente:
- Pneumocistose: Muitas vezes o tratamento é empírico, pois só consegue ser isolado no escarro com coloração específica.
- Histoplasmose: Pesquisa no sangue, aspirado de medula óssea, pesquisa direta por cultura.
- Tuberculose: Principalmente no escarro. Na doença disseminada, sangue e aspirado de medula óssea.
Tratamento
- Pneumocistose: SMX+TMP + Corticoide
- Histoplasmose: Anfotericina B
- Tuberculose: RIPE 6 meses
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