Quem nunca precisou de um acesso profundo ou PAM no plantão? Um artigo recente da Emergency Medicine Clinics fez uma revisão sobre os riscos e medidas preventivas dos acessos venosos profundos e arterial invasivo (“PAM”) e nós separamos para vocês os principais pontos do texto em duas tabelas.

Acesso venoso profundo
| Complicação | Local | Fatores de risco | Como evitar | Como tratar | 
| Infecção | 1. Femoral.
 2. Jugular. 3. Subclávia.  | – Imunossupressão
 – Comorbidades – Inserção durante bacteremia – Cateter multi-lumen – Maior número de tentativas de punção  | Equipe experiente, de preferência exclusiva para obtenção de acessos.
 Lavar as mãos na inserção e manuseio. Uso de soluções com clorexidina. Barreiras estéreis na inserção (assepsia e antissepsia). Cateter com antibiótico*. Curativo com antibiótico**.  | Colete 2 HCT periféricas.
 Retire cateter***. Inicie antibiótico empírico. Cobertura obrigatória para MRSA.  | 
| Trombose | 1. Femoral.
 2. Jugular. 3. Subclávia.  | – Trombofilia
 – Câncer – Quimioterapia – Uso de eritropoetina ou similares – Múltiplas tentativas – Cateter com maior diâmetro (ex: HD)  | A palavra-chave é posicionamento: a ponta do cateter deve ficar na junção da cava superior com átrio direito. 
 Equipe experiente. Cateter com menor diâmetro. Preferir subclávia. Não há indicação para heparinização nem tromboprofilaxia.  | Controverso.
 Anticoalugação plena****. Remoção do cateter****.  | 
| Pneumotórax | 1. Jugular.
 2. Subclávia.  | – Obesidade
 – Múltiplas tentativas  | Equipe experiente, de preferência exclusiva para obtenção de acessos.
 Guiada por US.  | Drenagem.
 Há opção de tratamento conservador se < 15%, assintomático e sem ventilação mecânica.  | 
| Sangramento | Todos, sendo que na subclávia não é compressível.
 Femoral com maior risco de lesão arterial e hemorragia retroperitoneal.  | – Discrasia
 – Uso de anticoagulantes***** – Múltiplas tentativas  | Equipe experiente, de preferência exclusiva para obtenção de acessos.
 Guiada por US.  | Compressão direta (+ importante se femoral). 
 Cirurgia vascular: endovascular. Hemotórax: drenagem, pelo risco de fibrose e infecção.  | 
| Embolia gasosa | Todos. | – Manuseio inadequado do hub
 – Cabeceira elevada  | Equipe experiente, de preferência exclusiva para obtenção de acessos.
 Guiada por US. Cabeceira abaixada. Retirar o ar da linha antes de infundir ou fazer flush.  | Suporte clínico.
 Oxigênio hiperbárico******.  | 
Acesso arterial (PAM)
| Complicação | Local | Fatores de risco | Como evitar | Como tratar | 
| Infecção | Incomum. | – Imunossupressão
 – Comorbidades – Inserção durante bacteremia – Maior número de tentativas de punção  | Equipe experiente, de preferência exclusiva para obtenção de acessos.
 Lavar as mãos na inserção e manuseio. Uso de soluções com clorexidine. Barreiras estéreis na inserção (assepsia e antissepsia).  | Colete 2 HCT periféricas.
 Retire cateter***. Inicie antibiótico empírico. Cobertura obrigatória para MRSA. Risco de pseudoaneurisma e trombose ou ruptura.  | 
| Trombose | Comum: radial (até 20-30%) e braquial.
 Raro: femoral e axilar.  | – Menor diâmetro do cateter x lúmen
 – Múltiplas tentativas  | Equipe experiente: one-and-done. | Remoção do cateter.
 Aquecer extremidade. Considerar anticoagulação.  | 
| Sangramento | É maior em cateteres calibrosos, como femoral e axilar.
 Baixo risco na radial. Femoral com maior risco de lesão arterial e hemorragia retroperitoneal.  | – Discrasia
 – Uso de anticoagulantes***** – Múltiplas tentativas – Baixa estatura: maior risco de lesão femoral e hemorragia retroperitoneal  | Equipe experiente, de preferência exclusiva para obtenção de acessos.
 Guiada por US.  | Compressão direta (+ importante se femoral). 
 Cirurgia vascular: endovascular. Hemotórax: drenagem, pelo risco de fibrose e infecção.  | 
| Embolia gasosa | Muito raro. | – Manuseio inadequado do hub
 – Cabeceira elevada  | Equipe experiente, de preferência exclusiva para obtenção de acessos.
 Guiada por US. Cabeceira abaixada. Retirar o ar da linha antes de infundir ou fazer flush.  | Suporte clínico.
 Oxigênio hiperbárico******.  | 
*A CDC (EUA) recomendam apenas quando há previsão do cateter ficar por mais de 5 dias e a unidade apresenta altas taxas de infecção de cateter a despeito de seguir as demais medidas preventivas.
**Considerada como “sugestão” em cateteres de hemodiálise em pacientes cujo acesso vascular é difícil.
***O cateter com suspeita de infecção pode ser mantido no lugar caso seja permanente desde que não haja sinais locais de infecção e não haja sinais de gravidade (Sepse-3). Não é mais recomendada cultura da ponta de cateter nem de hemocultura coletada de dentro do lúmen.
****Há autores que argumentam pela manutenção do cateter quando ele está patente, o acesso vascular é difícil e não há repercussão clínica, pois a maioria dos casos é assintomática e o risco de embolia é menor que em um cenário de TVP. 
*****Apesar do uso de anticoagulantes estar associado com maior risco de sangramento, o autor do artigo diz que não há contraindicação para acesso jugular nem femoral e o da subclávia deve ser ponderado risco x benefício.
******Evidências para oxigênio hiperbárico são maiores nas primeiras 6 horas após evento.
Referências:
- Vascular Access Complications. An Emergency Medicine Approach. Emergency Medicine. DOI: http://dx.doi.org/10.1016/j.emc.2017.06.004
 
Autoria

Ronaldo Gismondi
Editor-chefe médico da PEBMED ⦁ Pós-doutorado em Medicina pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ) ⦁ Coordenador da Cardiologia do Niterói D’Or ⦁ Professor da Universidade Federal Fluminense (UFF)
Como você avalia este conteúdo?
Sua opinião ajudará outros médicos a encontrar conteúdos mais relevantes.