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Ginecologia e Obstetrícia26 agosto 2025

SOGESP 2025 - Trabalhos premiados em Obstetrícia

Confira os trabalhos premiados em obstetrícia no 30º Congresso de Ginecologia e Obstetrícia da SOGESP
Por Ênio Luis Damaso

Entre os dias 21 e 23 de agosto de 2025, o Transamerica Expo Center, em São Paulo, recebeu o 30º Congresso de Ginecologia e Obstetrícia da SOGESP, um dos maiores eventos da especialidade na América Latina. Além de uma programação científica abrangente, o congresso destacou e premiou algumas pesquisas de grande impacto na área de Obstetrícia.  

Pesquisas premiadas na área de Obstetrícia no SOGESP 2025 

Um dos estudos avaliou o impacto da pandemia de COVID-19 na mortalidade materna tardia no Brasil, utilizando dados do Observatório Obstétrico Brasileiro. A análise mostrou aumento expressivo do desfecho durante os anos de crise sanitária, especialmente em 2021, com destaque para as regiões Norte e Nordeste. Mesmo no período pós-pandemia, essas desigualdades persistiram, enquanto o Sul e Sudeste apresentaram queda nas taxas. Além disso, mortes por doenças virais, praticamente inexistentes antes da COVID-19, tornaram-se relevantes. O trabalho reforça a necessidade de fortalecer a vigilância epidemiológica, melhorar a notificação de óbitos e ampliar o acesso equitativo aos serviços de saúde materna. 

Outro trabalho analisou os fatores de risco e as principais indicações de cesárea em gestantes com diabetes melito gestacional (DMG) classificadas nos grupos 1 a 4 de Robson, em estudo retrospectivo realizado no Hospital das Clínicas da FMUSP. Entre as 711 gestantes incluídas, a taxa de cesariana foi de 45%, tendo o sofrimento fetal (35,6%) e a distócia (30,9%) como causas mais comuns. A análise multivariada mostrou que idade gestacional mais avançada, início espontâneo do trabalho de parto e antecedentes de parto vaginal aumentaram as chances de parto normal, enquanto maior idade materna reduziu essa probabilidade. O estudo ressalta a importância de estratégias que estimulem o parto vaginal e evitem induções precoces desnecessárias para reduzir a elevada taxa de cesáreas nesse grupo. 

Um terceiro trabalho investigou o uso do laser de baixa intensidade no tratamento de traumas mamilares e dor decorrente da amamentação. No ensaio clínico multicêntrico, 60 puérperas foram randomizadas entre grupo experimental e placebo. O laser mostrou-se eficaz na redução significativa da dor já nas primeiras 12 horas após a aplicação, de acordo com o diário de dor das participantes, além de apresentar boa aceitação e segurança. Esses achados destacam a técnica como alternativa não invasiva e promissora para favorecer o conforto materno e a continuidade do aleitamento. 

O quarto estudo avaliou os efeitos de uma aplicação única de fotobiomodulação (FBM) em traumas perineais no pós-parto imediato. Foram incluídas 60 puérperas em um ensaio clínico multicêntrico, randomizado e controlado. Apesar da alta taxa de satisfação relatada pelas participantes, a intervenção não mostrou eficácia estatisticamente significativa na redução da dor ou na cicatrização em comparação ao grupo controle. Os autores destacam, no entanto, que novas pesquisas com múltiplas aplicações ou parâmetros diferentes podem potencializar os efeitos da técnica. 

Outro trabalho de destaque foi a revisão sistemática com metanálise sobre o tipo de tratamento no ganho ponderal em gestantes com diabetes, que comparou o grupo metformina e o grupo insulina. A análise de 11 estudos (6 incluídos na metanálise, totalizando mais de mil gestantes) mostrou que mulheres tratadas com metformina apresentaram menor ganho de peso gestacional e recém-nascidos com peso ao nascimento discretamente inferior, sem diferença na ocorrência de síndromes hipertensivas. Os achados reforçam a metformina como alternativa eficaz e segura no tratamento do diabetes durante a gestação. 

Por fim, um ensaio clínico randomizado avaliou o uso de sulfato de magnésio por 24 ou 12 horas no pós-parto de gestantes com pré-eclâmpsia grave, conduzido em maternidade de referência no interior paulista. Os resultados mostraram que os dois esquemas apresentaram eficácia semelhante na prevenção de complicações maternas e neonatais, sem diferenças em desfechos como vitalidade ao nascimento, necessidade de UTI e evolução materna. O estudo demonstrou que o esquema reduzido de 12 horas é tão eficaz quanto o protocolo tradicional de 24 horas, trazendo benefícios adicionais, como menor tempo de internação e maior conforto para as pacientes. 

Conclusão 

Os seis trabalhos premiados em Obstetrícia no 30º Congresso da SOGESP 2025 destacam a força da pesquisa nacional em diferentes frentes: da saúde pública, com análises sobre mortalidade materna e cesáreas em diabetes gestacional, ao cuidado clínico individualizado, com novas tecnologias e protocolos para melhorar a experiência e os resultados do parto e do puerpério. Em conjunto, os estudos trazem contribuições práticas e inovadoras que podem transformar a assistência obstétrica no Brasil, com impacto direto na segurança materna, neonatal e na qualidade de vida das mulheres. 

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