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Ginecologia e Obstetrícia26 agosto 2025

SOGESP 2025 - Trabalhos premiados em Ginecologia

Confira as pesquisas de grande impacto na área de Ginecologia que foram premiadas durante o 30º Congresso de Ginecologia e Obstetrícia da SOGESP
Por Ênio Luis Damaso

Entre os dias 21 e 23 de agosto de 2025, o Transamerica Expo Center, em São Paulo, recebeu o 30º Congresso de Ginecologia e Obstetrícia da SOGESP, um dos maiores eventos da especialidade na América Latina. Além de uma programação científica abrangente, o congresso destacou e premiou algumas pesquisas de grande impacto na área de Ginecologia.  

Confira os destaques: 

Gel hidratante vaginal não hormonal em mulheres na pós-menopausa com câncer de mama 

Este ensaio clínico randomizado avaliou a efetividade de um gel hidratante vaginal não hormonal em mulheres na pós-menopausa com histórico de câncer de mama. Entre as 88 participantes que completaram o estudo, observou-se alta adesão (85,9%) e ausência de eventos adversos graves. O grupo intervenção apresentou melhora significativa nas pontuações de sintomas vaginais (VAS) e no Índice de Saúde Vaginal (VHI), refletindo benefícios em elasticidade, pH, volume de fluido e umidade vaginal em comparação ao controle. O estudo reforça a importância de alternativas seguras e eficazes para pacientes oncológicas, nas quais o tratamento hormonal encontra contra-indicação. 

Taxas de mamografias positivas (Recall) no rastreamento populacional de câncer de mama em Campinas, Brasil 

Neste estudo de coorte prospectivo, foram analisadas 19.377 mamografias (divididas em primeiras mamografias e mamografias subsequentes) realizadas entre julho de 2023 e setembro de 2024 no rastreamento populacional de Campinas. A taxa de recall (TDC) foi de 12,4% nas primeiras mamografias e 7,7% nas subsequentes, com adesão de 99,1%. As taxas mais altas de convocação foram associadas a exames classificados como Bi-RADS 0 (BR0), sendo o risco de recall 1,7 vezes maior nas primeiras mamografias. A taxa de detecção de câncer foi baixa em BR0, mas elevada em BR4/5. Comparadas às mulheres de 50–69 anos, a TDC foi 40% menor em mulheres de 40–49 anos e 2,8 vezes maior em mulheres acima de 69 anos, ressaltando a importância de estratégias diferenciadas de rastreamento conforme a idade e o histórico de exames. 

Continuidade e satisfação com o implante liberador de etonogestrel no puerpério imediato 

Conduzido em duas maternidades públicas, uma delas vinculada à UNESP, o Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina de Botucatu (HCFMB) e outra a Maternidade Santa Isabel de Bauru, este estudo prospectivo acompanhou 335 puérperas que receberam o implante liberador de etonogestrel (ILE) até 48h após o parto. Após um ano, a taxa de continuidade foi elevada e semelhante entre os serviços (98,6% vs. 99,1%), assim como a satisfação, que superou 84% das participantes. Não houve diferença significativa na taxa de retirada do implante entre os grupos (7% vs. 9%). Os resultados confirmam a aceitação, segurança e viabilidade do ILE no puerpério imediato como estratégia eficaz de anticoncepção em serviços públicos de saúde. 

Fatores associados à interrupção do sangramento prolongado em usuárias do implante de etonogestrel 

Este estudo, conduzido pela Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto (USP), analisou dados de um ensaio clínico multicêntrico, randomizado e controlado, avaliando o uso do acetato de noretisterona (NETA) para manejo do sangramento prolongado em mulheres usuárias do implante de etonogestrel. Foram incluídas 90 participantes, e os resultados mostraram que 67,8% interromperam o sangramento em até 7 dias do início do tratamento. A análise estatística demonstrou que o uso de NETA foi o único fator independentemente associado à interrupção do sangramento, reforçando sua eficácia como opção terapêutica para este efeito adverso, comum no uso de implantes contraceptivos. 

Laser e radiofrequência microablativos e não ablativos no tratamento da síndrome geniturinária da menopausa 

Neste ensaio clínico randomizado, 48 mulheres pós-menopáusicas com síndrome geniturinária da menopausa (SGM) foram divididas em quatro grupos: laser de erbium-YAG não ablativo, laser de CO microablativo, radiofrequência (RF) não ablativa e RF microablativa fracionada. Após 3 a 4 sessões, todos os métodos promoveram melhora significativa dos sintomas vaginais, incluindo secura, dispareunia e prurido, além de melhora na função sexual. A RF microablativa destacou-se por reduzir sintomas urinários, enquanto o laser de CO reduziu a frequência da perda urinária. Todos os grupos apresentaram aumento da quantidade de colágeno e profundidade das fibras na análise histológica. A maioria das participantes relatou alta satisfação (91,6%), e não houve registro de eventos adversos graves, reforçando a segurança e o potencial dos dispositivos de energia como alternativas terapêuticas para a SGM. 

Conclusões 

Os trabalhos premiados em Ginecologia no 30º Congresso da SOGESP 2025 evidenciam avanços na área. O gel hidratante vaginal não hormonal surge como alternativa segura ao tratamento hormonal para mulheres com câncer de mama na pós-menopausa; a análise das taxas de recall em mamografias aponta caminhos para um rastreamento mais individualizado; o implante de etonogestrel no puerpério imediato mostrou alta aceitação e continuidade em maternidades públicas; o uso do acetato de noretisterona demonstrou eficácia no manejo do sangramento prolongado em usuárias de implante; e os dispositivos de energia vaginal reforçaram seu potencial como opção terapêutica para a síndrome geniturinária da menopausa. Em conjunto, os estudos revelam soluções práticas e inovadoras para melhorar a saúde ginecológica em diferentes fases da vida da mulher. 

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