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Ginecologia e Obstetrícia27 novembro 2023

Síndrome de Mayer-Rokitansky-Kuster-Hauser: como abordar?

A SMRKH é uma condição rara cuja ocorrência é de 1:4.500 a 5.000 mulheres. Confira a abordagem completa no Whitebook!

A síndrome de Mayer-Rokitansky-Kuster-Hauser (SMRKH) é condição rara cuja ocorrência é de 1:4.500 a 5.000 mulheres. Segunda causa mais comum de amenorreia primária após disgenesias gonadais, consiste na agenesia ou disgenesia da porção mülleriana da vagina e do útero determinada durante o processo de embriogênese dos órgãos genitais femininos.

Leia também: Risco de rotura uterina em multíparas após indução do parto com prostaglandina

Fisiopatologia

A SMRKH foi relatada inicialmente por Columbus, em 1562. Posteriormente, Mayer, em 1829, e Rokitansky, em 1838, descreveram as alterações encontradas em autópsia do então chamado uterus bipartitus.

É provável que o defeito genital se origine de uma falha na fusão da porção caudal dos ductos paramesonéfrios ou de Müller, fenômeno que resulta na formação de um tubo único (canal uterovaginal), o que normalmente ocorre na oitava semana do desenvolvimento embrionário de conceptos femininos.

A etiologia ainda é desconhecida, porém com provável componente genético (traço autossômico dominante ou recessivo com penetrância incompleta e expressividade variável), o que sugere que sua verdadeira prevalência pode estar subestimada. Talvez haja um mosaicismo XX/X0 ou um evento multifatorial esporádico.

A SMRKH também foi associada a galactosemia  e fibrose cística, entretanto não foram encontrados polimorfismos ou mutações associados à aplasia mülleriana nos genes que codificam galactose-1-fosfato uridil transferase (GALT) e canal de cloreto CFTR.

Apresentação clínica

A apresentação clínica típica é a amenorreia primária, acompanhada ou não de cólicas cíclicas, em adolescentes com caracteres sexuais secundários compatíveis com a idade, sem sinais de virilização. Impossibilidade de coito ou dispareunia e infertilidade também estão presentes

O exame físico é sugestivo, revelando puberdade completa; entretanto, apesar de os genitais externos serem normais, a vagina é em fundo cego ou ausente e não se palpam colo e corpo do útero. A uretra se abre no seu sítio habitual e a vagina é reduzida, estando completamente ausente ou, em cerca de 25% dos casos, presente, porém encurtada.

Abordagem diagnóstica

Ultrassonografia: em geral, é o primeiro exame a ser solicitado, capaz de revelar a ausência do útero entre a bexiga e o reto ou o útero rudimentar centralizado, com ovários lateralmente situados.

Ressonância magnética: melhor método, visto que possibilita avaliar remanescente uterino, vagina, ovários.

Laparoscopia: realizada penas quando a avaliação pelos dois métodos anteriores for insatisfatória e for possível, por esse exame, traçar uma conduta terapêutica.

Cariótipo: em geral, a avaliação cariotípica da maioria das pacientes demonstrou perfil normal – 46, XX.

As complicações incluem as seguintes malformações:

  • Renais: com ocorrência superior a um terço, agenesia, displasia e ectopia renal são as alterações mais encontradas. Rim em ferradura, rim pélvico, anormalidades dos sistemas coletores ou má rotação renal são achados menos comuns. Raramente a SMRKH evolui para insuficiência renal crônica;
  • Auditivas: cerca de 10-20% das pacientes com SMRKH desenvolvem surdez congênita uni ou bilateral;
  • Esqueléticas: escoliose (mais frequente);
  • Cardiovasculares: pacientes com SMRKH devem se submeter ao ecocardiograma, visto que defeitos congênitos valvulares são comuns (estenose pulmonar).

Autoria

Foto de Whitebook Clinical Decision

Whitebook Clinical Decision

As informações utilizadas nesta publicação foram obtidas no <strong>Whitebook Clinical Decision</strong>.

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