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Ginecologia e Obstetrícia13 abril 2022

SBP e FEBRASGO publicam diretriz sobre o clampeamento do cordão umbilical

Quanto maior o tempo do clampeamento, maior o estoque de ferro e, consequentemente, maior prevenção contra a anemia ferropriva.

Em 17 de março deste ano, a Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) se uniu à Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (FEBRASGO), para criar uma diretriz para orientações sobre clampeamento tardio ou precoce do cordão umbilical.

Sabemos que, nos últimos anos, esse tema tem sido alvo de muitas discussões e metanálises. E que, em 2012, a Organização Mundial da Saúde (OMS) reiterou sua recomendação de retardar o clampeamento tardio do cordão umbilical para recém-nascidos (RN)  a termo ou pré-termo que não necessitam de reanimação ao nascer, com o objetivo de reduzir a anemia infantil. Quanto maior o tempo do clampeamento, maior o estoque de ferro e, consequentemente, maior prevenção contra a anemia ferropriva. O tempo recomendado é de 1 a 3 minutos após o nascimento, geralmente, quando a circulação do cordão cessa à palpação.

Outra informação que deve ser passada é que a ocitocina continua sendo prescrita após saída do bebê, pois a contração uterina favorece o fluxo de sangue placentário para o concepto. Além disso, aguardar a dequitação espontânea fisiológica, após o clampeamento tardio, não aumenta o risco de hemorragia materna.

Leia também: Clampeamento tardio do cordão umbilical versus ordenha do cordão umbilical

SBP e FEBRASGO publicam diretriz sobre o clampeamento do cordão umbilical

Clampeamento do cordão no RN a termo ou prematuro tardio com idade gestacional (IG) > 34 semanas:

Já é sabido de longa data que o clampeamento tardio do cordão umbilical melhora índices hematimétricos e também melhora o estoque de ferro no lactente. Porém, aumenta a chance de policitemia e icterícia.

Alguns estudos tentaram associar também o clampeamento tardio com a melhora do desenvolvimento, porém ainda não há evidências suficientes.

Até o momento, em RN que necessitam de reanimação, não se deve recomendar o clampeamento tardio.

Na cesariana eletiva e no crescimento fetal restrito, é benéfico esse clampeamento tardio.

Em casos de placenta prévia, descolamento prematuro de placenta ou nó ou prolapso de cordão umbilical, não se sabe o tempo adequado para o clampeamento.

A ordenha do cordão umbilical , até o momento, não é recomendada, pois não se sabe se há melhora dos parâmetros hematológicos em longo prazo.

O clampeamento tardio é considerado quando ocorre acima de 30 segundos até vários minutos, porém o tempo ideal não foi bem estabelecido.

Clampeamento do cordão no RN prematuro com IG < 34 semanas:

No RN de boa vitalidade e sem necessidade de reanimação, já é recomendado o clampeamento tardio em tempo superior a 30 segundos.

Esse clampeamento tardio (de 30 a 180 segundos) mostrou redução da mortalidade intra-hospitalar e diminuição da hemorragia peri-intraventricular.

O clampeamento tardio nessa faixa etária também mostrou melhor estabilidade da pressão arterial e menor chance de hemotransfusão.

A ordenha do cordão umbilical não mostrou dados suficientes, e um estudo com RN  com menos de 28 semanas de IG, a ordenha do cordão foi associada a aumento de hemorragia peri-intraventricular. Por isso, há forte recomendação do clampeamento maior que 30 segundos.

Em prematuros que necessitam de reanimação, não há evidências suficientes para recomendar o clampeamento tardio, além de atrasar o minuto de ouro da reanimação neonatal.

Saiba mais: Ácido tranexâmico para redução de perda sanguínea seguindo parto normal

Em gestantes HIV positivas, o clampeamento tardio também é recomendado, pois não aumenta o risco de positividade do feto.

Em situações específicas como gestação múltipla, risco materno-fetal, malformação fetal, aloimunização e crescimento fetal restrito, não há estudos suficientes para esses casos, sugerindo que a conduta seja individualizada.

O que se tem certeza é que são necessários mais estudos em prematuros.

Recomendações atuais

Para o RN ≥ 34 semanas:

  • Se boa vitalidade ao nascer: aguardar, pelo menos, 60 segundos para clampear o cordão;
  • Se o RN necessitar de reanimação: clampear imediatamente e não retardar a ventilação com pressão positiva;
  • Ordenha de cordão: sem evidências até o momento.

Para o RN prematuro < 34 semanas:

  • Se boa vitalidade: aguardar, pelo menos, 30 segundos para clampear o cordão;
  • Se o RN necessitar de reanimação: clampear imediatamente e não retardar a ventilação com pressão positiva;
  • Ordenha de cordão: sem evidências até o momento.

Por fim, é essencial que pediatras e obstetras tenham conhecimento dessa diretriz. O clampeamento tardio se trata  de um procedimento sem custo e simples de ser executado, mas que pode fazer toda a diferença no futuro de nossos RN.

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Referências bibliográficas

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