O rastreamento do primeiro trimestre combina ultrassonografia obstétrica e exames de sangue da mãe. É feito durante o primeiro trimestre da gravidez, podendo ajudar a estabelecer o risco de o feto ter certos defeitos congênitos. Isso inclui defeitos cromossômicos, como síndrome de Down (trissomia 21) ou trissomia 18 ou 13.
Esta análise pode incluir a medida ultrassonográfica da translucência nucal fetal (TN) e exames de sangue que avaliam 2 marcadores encontrados no sangue de todas as gestantes, a saber: Proteína plasmática A associada à gravidez (PAPP-A) e a Gonadotrofina coriônica humana (hCG). Ambos produzidos pela placenta. Com o acréscimo de outros marcadores ultrassonográficos como presença ou ausência de osso nasal, medição do índice de pulsatilidade no ducto venoso e a presença de regurgitação da valva tricúspide a taxa de rastreio pode alcançar mais de 95% de acurácia podendo reduzir os testes invasivos para 3%.
Outra possibilidade é a pesquisa do DNA fetal livre, que avalia fragmento do DNA do feto no sangue materno, buscando identificar cromossomos anormais, defeitos nos cromossomos sexuais fetais (X ou Y) e algumas microdeleções. A pesquisa do DNA fetal livre, também conhecido como Non Invasive Prenatal Testing (NIPT), não detecta defeitos congênitos estruturais.
Caso o rastreamento do primeiro trimestre identifique um alto risco de alterações cromossomiais, podem ser necessários mais testes com a finalidade de diagnóstico. Isso pode incluir amostra de vilo corial ou do líquido amniótico (testes invasivos) e/ou outro exame ultrassonográfico.
O rastreamento de primeiro trimestre deve ser oferecido a todas as mulheres grávidas no final do primeiro trimestre. A metodologia empregada para a indicação da sequência dos testes pode variar de acordo com o objetivo. Uma possibilidade é o rastreamento universal com o DNA fetal livre e a outra possibilidade é o teste contingenciado (inicia pelo ultrassom e/ou dosagens sorológicas e, dependendo do risco, se indica a pesquisa de DNA fetal livre ou diretamente o teste invasivo).
Vale ressaltar que, como qualquer teste de rastreamento, os testes do primeiro trimestre não são 100% específicos, devendo se considerar as taxas de falso-positivo e falso-negativo relacionadas a cada uma das opções que o obstetra e a gestante fizerem. Resultados falso-positivos podem mostrar um problema quando o feto está realmente saudável, já os resultados falso-negativos mostram um resultado normal quando o feto realmente tem uma condição específica.
Autoria
Renato Sá
Professor Associado de Obstetrícia da Faculdade de Medicina da Universidade Federal Fluminense. Pesquisador em Saúde Pública do Instituto Nacional de Saúde da Mulher, da Criança e do Adolescente Fernandes Figueira (IFF/Fiocruz). Coordenador de Assistência Obstétrica da Perinatal/Rede D’or São Luiz. Residência Médica em Ginecologia e Obstetrícia HUAP/UFF Mestrado em Clínica Obstétrica na UFRJ Doutorado em Ginecologia e Obstetrícia na UFMG Pós Doutorado em Medicina Fetal na Universidade de Paris V Titulo de Especialista em Ginecologia e Obstetrícia (TEGO) FEBRASGO/AMB Titulo de Habilitação em Ultrassom em Ginecologia e Obstetrícia – FEBRASGO/AMB Titulo de Habilitação em Medicina Fetal – FEBRASGO/AMB
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