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Ginecologia e Obstetrícia11 setembro 2024

Loxoprofeno no tratamento de condições ginecológicas

Conheça as vantagens do uso do Loxoprofeno no tratamento ginecológico
Por Lara Leal

Atualmente, existem mais de 20 medicamentos anti-inflamatórios não esteroidais (AINEs) pelo mundo, disponíveis comercialmente, que são usados por seus efeitos analgésicos, antipiréticos e anti-inflamatórios em pacientes com múltiplas condições médicas.1 Eles são uma ótima escolha no tratamento da dor devido ao papel integrado da via COX na geração de inflamação e no reconhecimento bioquímico da dor. Os AINEs são os inibidores competitivos da ciclooxigenase (COX), a enzima que media a bioconversão do ácido araquidônico em prostaglandinas inflamatórias (PGs). Eles são os medicamentos de primeira linha mais utilizados em situações como traumas musculoesqueléticos e dismenorreia, por exemplo. A ação terapêutica anti-inflamatória dos AINEs é produzida pela inibição da COX-2.2

Existem duas isoformas relacionadas da enzima COX: a COX-1 e COX-2 . A primeira é expressa na maioria dos tecidos e regula os processos celulares normais (como citoproteção gástrica, homeostase vascular, agregação plaquetária e função renal) e é estimulada por hormônios ou fatores de crescimento. A COX-2 geralmente é indetectável na maioria dos tecidos; sua expressão aumenta durante estados de inflamação ou experimentalmente em resposta a estímulos mitogênicos e é expressa constitutivamente no cérebro, nos rins e nos ossos, e provavelmente no sistema reprodutor feminino.1

Entre os AINES utilizados, está o loxoprofeno sódico, usado para tratar dor e inflamação musculoesqueléticas e articulares. É também amplamente utilizado no tratamento de condições transitórias, como cólica menstrual. O loxoprofeno (LOX) é um inibidor parcialmente seletivo da enzima clooxigenase 2 (COX-2), responsável pela formação de mediadores ativos na dor, febre e inflamação, incluindo prostaglandinas, prostaciclina, tromboxano e ácido aracdônico. Inibidores parcialmente seletivos da COX-2 são fracos inibidores da COX-1, apresentando favorável tolerabilidade gastrintestinal e renal preservando o organismo de reações adversas ligadas à excessiva inibição da COX-1.2 O loxoprofeno é tão eficaz no controle da inflamação quanto os inibidores seletivos da COX-2, e em estudos comparativos com o celecoxibe, mostrou superioridade no alívio da dor. Além disso, o loxoprofeno não apresenta os mesmos efeitos colaterais indesejáveis dessa classe, tornando-se uma opção de AINE altamente potente e segura. O LOX é rápida e completamente absorvido pelo trato gastrointestinal com biodisponibilidade de 95% e a fase de absorção da medicação ocorre nas primeiras 4-6 horas após a sua ingestão.3

Um trabalho mostrou que os efeitos do LOX foram 4 a 6 vezes maiores que os da indometacina, cetoprofeno e naproxeno e o tempo que a concentração máxima (Tmax) é atingida é mais curto em comparação a outros profenos (derivados dos ácidos 2-arilpropiônicos), o que resulta em início de ação mais curto.4

As principais situações de uso dos AINE na ginecologia são:

  • Dismenorreia: na forma primária (dor menstrual na ausência de patologiais pélvicas), pelo excesso de produção de prostaglandinas pelo endométrio, que levam a hipercontratilidade uterina, resultando em isquemia e hipóxima da musculatura uterina, ocasionando dor, e tem como tratamento de primeira linha os AINES.5 Na forma secundária é consequência de distúrbios ginecológicos como adenomiose, mioma uterino ou endometriose, entre outros.
  • Tensão pré menstrual (TPM): é caracterizada por uma série de sintomas somáticos e psicológicos que ocorrem durante a fase lútea, desde a ovulação até o início do sangramento menstrual. As três condições citadas acima são prevalentes e recorrentes e comprometem a qualidade de vida das mulheres em idade repordutiva, e todas têm como tratamento para gerenciar os sintomas o uso de analgésicos e AINEs.6
  • Histeroscopia no consultório: é considerada a técnica-padrão para visualização da cavidade uterina e diagnóstico de patologias intrauterinas, e em alguns casos pode ocorrer dor, fazendo o procedimento não ser concluído. Um trial recente demonstrou que um AINES utilizado via oral, uma hora antes do procedimento, reduziu significativamente o desconforto da paciente, diminuindo o tempo do procedimento e beneficiando o operador.7
  • Endometriose: é uma doença inflamatória crônica que tem como um dos principais sintomas a dismenorreia e a dor pélvica crônica não menstrual. A prostaglandina (PGE2) é um eicosanoide produzido pela ciclooxigenase (COX)-2, e o aumento da expressão de COX-2 em lesões endometrióticas desempenha um papel na evolução da doença. O uso de anti-inflamatórios interferem na função das enzimas COX-1 e -2, inibindo a produção de prostaglandinas.8 Os AINEs, que atuam inibindo a atividade da COX-1 e COX-2 e, consequentemente, diminuindo os níveis de PGs, são comumente usados para tratamento, para neutralizar a resposta inflamatória.9
  • Pós-operatório: apesar da cirurgia laparoscópica ser considerada um procedimento minimamente invasivo, ela não está isenta de dor no pós-operatório, com estudos demonstrando que até 80% das pacientes queixam-se de dor e requerem uma abordagem terapêutica, então a analgesia eficaz é essencial no manejo pós-operatório após laparoscopia, e os anti-inflamatórios não esteroidais podem ser utilizados, inibindo a produção de prostaglandina E2 e agindo como analgésicos eficazes.10 Medicações como anti-inflamtórios não esteroidais (AINES) são um dos principais medicamentos utilizados para dor aguda, como dor no pós-operatório.2
  • Sangramento uterino anormal (SUA): é definido como sangramento proveniente do útero que é anormal em frequência, duração, volume e/ou regularidade, e as causas de SUA podem ser classificadas utilizando o sistema PALM-COEIN. Cada uma das letras representa uma categoria de anormalidade ou distúrbio potencialmente encontrado ou presumivelmente existente em um indivíduo com um ou mais sintomas de SUA. Os AINEs são usados para tratar SUA por reduzirem o volume da perda de sangue menstrual, causando um declínio na taxa de síntese de prostaglandinas (PGE2 e PGF2 alfa) no endométrio, levando à vasoconstrição e redução do sangramento. Quando usados para esse tratamento, os AINEs são prescritos para serem utilizados no primeiro dia de sangramento e devem ser continuados por dois a três dias ou até o fim da menstruação.11

Conforme demonstrado, os AINEs são uma escolha necessária no tratamento da dor devido ao papel integrado da via COX na geração de inflamação e no reconhecimento bioquímico da dor. Dessa forma, o loxoprofeno sódico é uma boa opção por conta de seu mecanismo, agindo como potente inibidor parcialmente seletivo da COX-2, que o torna altamente eficaz no controle da inflamação, com menor risco de eventos adversos gastrointestinais e renais.

Conclusão

Os AINES são fundamentais na ginecologia por sua eficácia no alívio da dor e na redução da inflamação em condições como dismenorreia, endometriose, na redução do sangramento, como no sangramento uterino anormal, entre outras indicações, como vimos anteriormente. Além de ser uma medicação altamente segura, inclusive para uso a longo prazo, sua ação no bloqueio das prostaglandinas proporciona alívio significativo dos sintomas, melhorando a qualidade de vida das pacientes e promovendo melhor bem-estar.

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Referências bibliográficas

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