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Ginecologia e Obstetrícia8 junho 2023

Estrogênio intravaginal é bom para mulheres com prolapso genital pós-menopausa?

Estudo avaliou o uso de creme de estrogênio intravaginal pré-operatório em mulheres na pós-menopausa com prolapso de órgãos pélvicos.

O American Journal of Obstetrics and Gynecology publicou recentemente um estudo americano cujo objetivo foi determinar os efeitos do estrogênio tópico vaginal (comparado com placebo) sobre sintomas ligados a incontinência urinária, frequência urinária, função sexual, dispareunia e atrofia vaginal em mulheres pós menopausa com prolapso genital.

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Estrogênio intravaginal é bom para mulheres com prolapso genital pós-menopausa

Endometriosis

Métodos

Trata-se de uma avalição do trial chamado de “Investigation to Minimize Prolapse Recurrence Of the Vagina using Estrogen” (IMPROVE). Foi desenvolvido um ensaio clínico, duplo-cego, randomizado em três centros hospitalares dos Estados Unidos.

As participantes incluídas apresentavam prolapso genital apical e/ou anterior estágio 2 ou mais com programação cirúrgica de correção. A intervenção foi o uso de 1g de creme intravaginal de estrogênio conjugado (0,625 mg/g) ou placebo (1:1), inseridos todas as noites por 2 semanas, depois duas vezes por semana por pelo menos 5 semanas antes da cirurgia e essas mulheres continuaram o uso durante 1 ano após a cirurgia.

Para esta análise, foram analisados questionários respondidos nas visitas iniciais e pré-operatórias das participantes: sintomas do trato urinário inferior (questionário UDI-6); questões de saúde sexual, incluindo dispareunia (questionário PISQ IR); e sintomas relacionados à atrofia (secura, dor, dispareunia, corrimento, coceira). Examinadores “mascarados” avaliaram a cor vaginal, ressecamento e petéquias. Os dados foram analisados por intenção de tratar e “por protocolo 101” (ou seja, aquelas aderentes com ≥ 50% do uso esperado de creme intravaginal).

Principais resultados

Foram randomizadas 199 participantes (idade média de 65 anos) e 191 foram submetidas a cirurgia. As características basais foram semelhantes entre os grupos.

As pontuações totais do UDI-6 mostraram alteração mínima durante esse tempo médio de 7 semanas entre as visitas iniciais e pré-operatórias, mas para aquelas com incontinência urinária de esforço moderada (n=32 grupos estrogênio, n=21 placebo), 16 (50%) e 9 (43%) apresentaram melhora, respectivamente (P=0,78). Da mesma maneira, 43% e 31% apresentaram melhora na incontinência urinária de urgência (P=0,41), e 41% e 26% apresentaram melhora na frequência urinária (P=0,18).

Houve mínima alteração do PISQ-IR entre mulheres sexualmente ativas; as taxas de dispareunia não diferiram entre estrogênio intravaginal e placebo na avaliação pré-operatória: 42% e 48%, respectivamente (P=0,49).

O sintoma de atrofia melhorou ligeiramente com estrogênio intravaginal [diferença média ajustada de -0,33 pontos (IC 95%: -0,98, 0,31)], mas isso não foi estatisticamente significativo (P = 0,19). No entanto, ao exame físico, os sinais objetivos de atrofia melhoraram mais com o tratamento estrogênico intravaginal [+1,54 vs. +0,69, diferença média de 0,85 (IC 95%: 0,05, 1,65), P=0,01].

Saiba mais: Perda de gordura corporal pode amenizar sintomas de dispareunia no pós-menopausa?

Conclusões

Apesar das alterações objetivas no epitélio vaginal, consistentes com aumento da estrogenização, os resultados foram inconclusivos sobre a melhora dos sintomas.

O estudo mostrou que o uso de 7 semanas de creme de estrogênio intravaginal pré-operatório em mulheres na pós-menopausa com prolapso de órgãos pélvicos sintomáticos não foi associado a melhora da função urinária, sexual e sintomas de dispareunia, ou outros sintomas comumente atribuídos à atrofia. São necessários estudos adicionais.

 

Clinical Key

Este artigo foi produzido em parceria com a Elsevier, utilizando os conteúdos baseados em evidências disponíveis na plataforma Clinical Key. Clique aqui para saber mais.

Autoria

Foto de Ênio Luis Damaso

Ênio Luis Damaso

Doutor em Ciências Médicas pela Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo (FMRP-USP) ⦁ Professor no Curso de Medicina da Faculdade de Odontologia de Bauru da Universidade de São Paulo (FOB-USP) ⦁ Professor no Curso de Medicina da Universidade Nove de Julho de Bauru (UNINOVE).

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