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O Enhanced Recovery After Surgery (ERAS) é um protocolo de cuidados perioperatórios em diversas especialidades cirúrgicas. Já falamos no portal sobre os cuidados pré-operatórios e intraoperatórios em cesariana. Confira agora o último texto da série, sobre os cuidados pós-operatórios.
1- Alimentação precoce
A “alimentação simulada”, com uso de goma de mascar, é um recurso considerado de baixo risco e se mostrou benéfico em alguns estudos. Embora possa ser um recurso interessante para estimular a peristalse em mulheres que por algum motivo não poderão ter a dieta liberada precocemente, é considerada redundante para aquelas pacientes que poderão se alimentar habitualmente. O guideline recomenda a liberação da dieta duas horas após a cirurgia.
2- Prevenção de náuseas e vômitos
Estratégias para redução da hipotensão, como administração de fluidos endovenosos, vasopressores e compressão de membros inferiores, diminuem a incidência de náuseas e vômitos no intra e no pós-operatório.
A administração rotineira de antieméticos também se mostrou efetiva para redução de náuseas e vômitos no pós-operatório. A abordagem multimodal é preferível.
3- Analgesia pós-operatória
O controle da dor é essencial em qualquer pós-operatório. A abordagem multimodal é componente chave para analgesia pós-cesárea, resultando em melhores desfechos. A combinação de anti-inflamatórios não esteroidais e paracetamol se mostrou efetiva, de baixo custo, fácil de administrar e poupa o uso de opioides.
4- Controle glicêmico
É recomendado o controle glicêmico rigoroso pós-operatório nas pacientes diabéticas. Após o parto, a necessidade de insulina materna cai rapidamente, aumentando o risco de hipoglicemia. Nas diabéticas gestacionais, a terapia deve ser suspensa e a paciente deve ser mantida em controle de HGT. As pacientes diabéticas tipo 2 podem continuar o tratamento com antidiabéticos orais mesmo amamentando. Nas pacientes com diabetes tipo 1, a insulina não deve ser suspensa pelo risco de cetoacidose, que pode se desenvolver rapidamente.
5- Profilaxia para eventos tromboembólicos e mobilização precoce
O uso de compressor pneumático é recomendado para profilaxia contra eventos tromboembólicos após a cesariana. O uso de heparina profilática não está recomendado de rotina.
A mobilização precoce está recomendada e deve ser encorajada.
6- Cateterismo Vesical de Demora (CVD)
O cateterismo vesical de demora é amplamente utilizado para esvaziamento vesical e monitorização do débito urinário durante e após a cesariana. Estudos mostraram que o CVD não melhorou significativamente a exposição cirúrgica do segmento uterino ou reduziu incidência de lesão do trato urinário. A remoção do CVD imediatamente após a cirurgia não aumentou a retenção urinária e também está associada a menor incidência de bacteriúria, disúria, urgência e frequência urinária e tempo de hospitalização. Dessa forma, em mulheres que não necessitam da monitorização estrita do débito urinário, é recomendada a retirada do CVD logo após o procedimento.
7- Orientações de alta
Informações sobre o diagnóstico, cuidados gerais, prescrição de medicamentos/duração do tratamento e sobre o seguimento no puerpério devem ser preferencialmente fornecidas por escrito.
Referências bibliográficas:
- Macones GA, et al. Guidelines for postoperative care in cesarean delivery: Enhanced Recovery After Surgery (ERAS) Society recommendations (part 3). American Journal of Obstetrics and Gynecology. Volume 221, Issue 3,2019, Pages 247.e1-247.e9. ISSN 0002-9378, https://doi.org/10.1016/j.ajog.2019.04.012.
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