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Gastroenterologia29 dezembro 2023

Gastroenterite aguda no verão

No verão, com o aumento das atividades, a atenção com os cuidados de higiene é primordial para a prevenção de gastroenterite aguda.

Gastroenterites agudas (GEA) são ocasionadas, singularmente, por certos grupos de vírus que são eliminados pelas fezes em quantias significativas, se dispersam com facilidade e são resistentes a temperaturas mais elevadas. Em geral, a população pediátrica é mais afetada pela gastroenterite aguda devido ao sistema imunológico ainda em desenvolvimento.

Veja também: Diarreia aguda em crianças: principais recomendações para o tratamento

O norovírus é considerado, atualmente, o principal agente etiológico da GEA em todas as faixas etárias. É um vírus altamente transmissível e estima-se que cause 1/5  de todos os casos de GEA e mais de 200.000 óbitos em todo o mundo, com maior impacto ocorrendo em crianças de países de baixa e média renda.

Especialmente após a introdução global da vacina contra o rotavírus, os norovírus foram considerados a causa mais importante de surtos de GEA viral. Esses surtos são frequentemente relatados em ambientes semifechados e fechados, como hospitais, navios de cruzeiro, instituições de longa permanência e escolas.

gastroenterite aguda

Manifestações clínicas da infecção pelo norovírus

Quadro 1 – Manifestações clínicas da infecção pelo norovírus
Início abrupto de vômitos acompanhados de diarreia aquosa, cólicas abdominais e náuseas. Pode ocorrer diarreia aguda sem vômito, principalmente em crianças.
Manifestações sistêmicas, incluindo febre, mialgia, mal-estar, anorexia e cefaleia, podem acompanhar os sintomas do trato gastrointestinal.
Os sintomas podem durar de 24 a 60 horas, mas geralmente não mais do que 48 horas. Cursos mais prolongados podem ocorrer, particularmente entre idosos, crianças pequenas e pacientes hospitalizados.
O norovírus é importante causa de gastroenterite crônica em imunocomprometidos.
Fonte: Adaptado de Committee On Infectious Diseases, American Academy Of Pediatrics, 2018. [3]

Leia também: Ondansetrona em dose única reduziu o vômito em crianças com diagnóstico de gastroenterite aguda

O período de incubação é de 12 a 48 horas. O derramamento viral pode começar antes do início dos sintomas, atinge o pico vários dias após a exposição e pode persistir por 4 semanas ou mais. Excreção prolongada (> 6 meses) foi relatada em hospedeiros imunocomprometidos.

Outros vírus, como rotavírus, astrovírus, calicivírus e os vírus das hepatites A e E, são agentes etiológicos de inúmeras complicações. A principal forma de transmissão desses agentes é através do contato com fezes contaminadas. Além disso, destaca-se a ocorrência de outros patógenos, como as bactérias Escherichia coli, Salmonella e Shigella, e os parasitas Cryptosporidium, Cyclospora e Giardia.

Fatores de risco para a ocorrência de diarreia aguda no verão

Quadro 2 – Fatores de risco para a ocorrência de diarreia aguda no verão
Ingestão de alimentos preparados sem higiene e/ou mantidos sem refrigeração, comercializados, na maioria das vezes, sem licença da vigilância sanitária.
Consumo de ostras e outros frutos do mar crus ou cuja procedência não é conhecida.
Consumo de gelo, “raspadinhas”, “sacolés”, sucos e água de procedência desconhecida e clandestina.
Consumo de produtos que podem ter sido preparados com água contaminada, de bica ou de poços, ou sem a higiene necessária.
Hábito de levar alimentos preparados para praia ou acampamentos sem conservação térmica adequada (resfriamento ou reaquecimento adequados), deixando esses alimentos em temperatura ambiente, o que favorece a multiplicação de microrganismos e toxinas.
Banho em praias impróprias, ou em rios/córregos poluídos, não liberados para lazer. Em temporada de chuvas e de enchentes, esse fator de risco se agrava, pois se espalham para as coleções hídricas, lixo, restos de alimentos, esgoto etc., aumentando as áreas com poluição.
Interrupção no fornecimento de água de abastecimento público, problemas no tratamento da água ou acidentes na rede de distribuição, que podem favorecer a entrada de microrganismos e sua contaminação.
Fonte: Adaptado de Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo – SES/SP, 2010 [4]

Dessa forma, as seguintes medidas de prevenção são recomendadas:

  • Lavagem regular das mãos;
  • Desinfetar superfícies com cloro ou com água sanitária;
  • Lavagem adequada dos alimentos;
  • Consumo de água tratada (ferver, se necessário).

A capacidade do norovírus de sobreviver a níveis relativamente altos de cloro e temperaturas variáveis (de congelamento a 60 °C) significa atenção rigorosa aos procedimentos de limpeza, sendo as higienes pessoal e doméstica essenciais para prevenir novas transmissões.

Leia ainda: Aplicação clínica de probióticos, prebióticos e posbióticos em pediatria

Piscinas: alerta do CDC

No verão, as piscinas são perfeitas para distrair crianças e seus pais e também para refrescar um pouco. No entanto, infelizmente podem ser um foco importante para viroses, conforme o alerta “Clean It Up, Swimmers” (em tradução literal “Limpe tudo, nadadores”) do órgão americano Centers for Disease Control and Prevention (CDC).

Apesar de a limpeza da maioria das piscinas ser feita com cloro, alguns germes ainda sobrevivem por tempo prolongado (eles chegam na piscina através da pele dos usuários). Os produtos químicos para a limpeza das piscinas também decompõem fezes, urina e suor, ficando menos disponíveis para deteriorar os microrganismos infecciosos.

De acordo com o CDC, um nadador de porte médio pode trazer para a piscina a seguinte quantidade de micróbios ou sujeira conforme a área do corpo ou eliminações fisiológicas:

  • Cabelo: 10 milhões;
  • Mãos: 5 milhões;
  • Fezes: 140 bilhões;
  • Nariz, boca, pele: bilhões;
  • Suor: quantidade equivalente a uma ou duas latas de refrigerante;
  • Urina: quantidade equivalente a uma xícara;

Uma criança: 10 gramas de fezes, com 10 trilhões de micróbios.

O uso de produtos, como loções, sabonetes e bronzeadores também pode carrear esses elementos.

O CDC também destaca a quantidade dessa água que é engolida em 45 minutos de natação (o suficiente para a transmissão de doenças):

  • Adultos: 1 colher de sopa;
  • Crianças: 2 e ½ colheres de sopa.

Saiba mais: Dermatite atópica tem relação com uso de emolientes no primeiro ano de vida?

As seguintes medidas são orientadas pelo CDC para se evitar a transmissão de doenças:

  • Orientar a população a não usar a piscina se apresentar sintomas, como diarreia;
  • Orientar os usuários a tomar banho antes de entrar na água;
  • Orientar os usuários a não urinar ou defecar na água;
  • Orientar os usuários a não engolir a água.
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Referências bibliográficas

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