FDA aprova medicamento para CDI baseado em transplante de microbiota fecal
A FDA aprovou o tratamento de infecções por CDI com num estudo de 180 pacientes em que 88% deles não tiveram reinfecção após oito semanas.
A FDA, agência reguladora dos Estados Unidos, aprovou um medicamento para tratamento de pacientes adultos com Clostridium difficile (CDI). Ele é o primeiro medicamento produzido de bactérias benéficas encontradas em fezes humanas.
O novo tratamento fornece uma versão mais simples e rigorosamente testada de procedimentos baseados em fezes que alguns especialistas utilizam, como os transplantes de microbiota fecal, por exemplo.
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Desenvolvimento
A tecnologia, chamada comercialmente de Vowst, foi aprovada para o tratamento de infecções recorrentes por CDI em adultos a partir de 18 anos que já receberam tratamento com antibióticos.
“É uma alternativa muito importante, considerando que o transplante de fezes não é tão utilizado e tem barreiras culturais óbvias. Mas é relevante, sobretudo, pela alta prevalência e impacto das infecções pelo clostridioides difficile, uma das maiores ameaças infecciosas da atualidade. O benefício imediato é a prevenção da infecção pelo closterioides em pacientes de elevado risco, como aqueles sob uso prolongado de antibióticos, perfil de paciente muito comum”, explicou o infectologista do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (HC-FMUSP) Evaldo Stanislau, que também é professor universitário da Inspirali/ São Judas, em entrevista ao Portal de Notícias da PEBMED.
A FDA aprovou o tratamento de infecções por CDI com base em um estudo de 180 pacientes em que 88% dos pacientes voluntários que tomaram as cápsulas não tiveram reinfecção após oito semanas, em comparação com 60% daqueles que receberam placebos.
Ainda conforme a agência reguladora americana, o tratamento aprovado consiste em tomar quatro cápsulas diariamente da pílula durante três dias consecutivos.
“Considero que esse novo medicamento seja um importante acréscimo ao arsenal terapêutico tão pequeno e que pela simplicidade e boa tolerância geral deverá ser bastante útil na prática médica”, concluiu o infectologista Evaldo Stanislau.
A empresa Seres Seres Therapeutics ainda não divulgou o preço que cobrará por suas cápsulas, apenas comunicou que co-comercializará o tratamento com a gigante alimentícia suíça Nestlé, que também dividirá os lucros. A Seres receberá um pagamento de US$ 125 milhões da Nestlé em conexão com a aprovação do FDA.
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Transplantes fecais
A maioria dos transplantes fecais realizados nos Estados Unidos é fornecida por uma rede de bancos de fezes que surgiu em parceria com instituições médicas e hospitais americanos. Embora a disponibilidade de novas opções aprovadas pela FDA deva diminuir a demanda por doações de bancos de fezes, alguns bancos de fezes devem permanecer abertos.
Este artigo foi revisado pela equipe médica do Portal PEBMED.
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