Logotipo Afya

Produzido por

Anúncio
Endocrinologia20 outubro 2023

Teplizumabe no diabetes tipo 1: novos dados.

O diabetes tipo 1 é uma doença autoimune caracterizada pela destruição das células beta pancreáticas, responsáveis pela secreção de insulina. A progressão dessa destruição vai levar a deficiência de i…

O diabetes tipo 1 é uma doença autoimune caracterizada pela destruição das células beta pancreáticas, responsáveis pela secreção de insulina. A progressão dessa destruição vai levar a deficiência de insulina, sendo necessário seu uso contínuo desde o inicio da hiperglicemia. Apesar dos avanços no desenvolvimento de novas insulinas e tecnologias de monitoramento, as metas glicêmicas não são alcançadas na maioria dos pacientes com diabetes tipo 1, mantendo um risco aumentado de complicações e morte.

No final de 2022, o teplizumabe, um anticorpo monoclonal anti-CD3, foi aprovado pelo FDA americano para retardar o início do diabetes tipo 1. O medicamento é indicado em pacientes com 8 anos de idade ou mais com diabetes tipo 1 pré-clínico (estágio 2) onde temos anticorpos positivos e alterações glicêmicas que ainda não alcançaram valores compatíveis com o diagnóstico de diabetes (algo como um “prediabetes tipo 1”).

Agora, durante o meeting da ISPAD – International Society for Pediatric and Adolescent Diabetes – foram apresentados os dados do estudo PROTECT avaliando o Teplizumabe em pacientes com DM1 recém diagnosticado (em estágio 3 – já com glicemias elevadas). O estudo foi simultaneamente publicado na renomada NEJM.

O PROTECT randomizou 328 crianças, sendo 217 para o grupo Teplizumabe, utilizado em 2 cursos de 12 dias. O acompanhamento foi de 78 semanas. O objetivo primário foi a preservação funcional de células beta, medida pelos níveis de peptídeo C. Entre os pacientes tratados com Teplizumabe, 94,9% mantiveram um nível máximo de peptídeo C clinicamente significativo ≥ 0,2 pmol/ml, em comparação com 79,2% daqueles que receberam placebo. Apesar de ter atendido o desfecho primário, o estudo não demonstrou diferença quanto as doses de insulina necessárias para atingir as metas glicêmicas, os níveis de hemoglobina glicosilada, o tempo no alvo glicêmico e os eventos de hipoglicemia clinicamente importantes. O uso da medicação demonstrou relativa segurança, com taxa de descontinuação de 7%. Dor de cabeça, sintomas gastrointestinais, erupção cutânea, linfopenia e síndrome leve de liberação de citocinas, foram os eventos de relevância.

Assim como demonstrado no estudo anterior, o uso do teplizumabe não se propõe a “curar” o diabetes tipo 1. A proposta seria retardar o início ou a progressão da doença em seus estágios iniciais. Os achados abrem perspectivas relativas a imunoterapia no DM1, com um enorme campo de pesquisa e desenvolvimento a ser explorado em busca de novas abordagens. Estamos no aguardo!

Autoria

Foto de Luciano de França Albuquerque

Luciano de França Albuquerque

Graduação em medicina pela Universidade Federal do Vale do São Francisco • Residência em Clínica Médica pelo Hospital Regional de Juazeiro – BA • Residência em Endocrinologia e Metabologia pelo Hospital das Clínicas da UFPE • Título de Especialista pela Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia • Médico Endocrinologista no Hospital Esperança Recife e Hospital Eduardo Campos da Pessoa Idosa

anuncio endocrinopapers

Como você avalia este conteúdo?

Sua opinião ajudará outros médicos a encontrar conteúdos mais relevantes.

Compartilhar artigo

Newsletter

Aproveite o benefício de manter-se atualizado sem esforço.

Anúncio

Leia também em Endocrinologia