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Endocrinologia21 março 2022

Sulfonilureias aumentam o risco cardiovascular?

Apesar da constante evolução e do surgimento de novos agentes farmacológicos para o tratamento da hiperglicemia, as sulfonilureias (SU) seguem como uma das classes mais prescritas aos portadores de di…

Apesar da constante evolução e do surgimento de novos agentes farmacológicos para o tratamento da hiperglicemia, as sulfonilureias (SU) seguem como uma das classes mais prescritas aos portadores de diabetes tipo 2. Tal classe está associada a risco de hipoglicemia e ganho de peso, além da questionada falência precoce de células beta. Estudos prévios, incluindo metanálises, também apontam para maior risco cardiovascular, porém com diferenças entre os agentes estudados. Gliclazida e Glimepirida estariam associados a menor risco quando comparados a Glibenclamida. Estudos prospectivos randomizados contra glitazonas e gliptinas também não mostraram aumento na incidência de eventos e mortalidade com os dois primeiros.

Um estudo recentemente publicado na Diabetes Care trouxe novos dados sobre o tema. Em uma coorte populacional com 67.500 pacientes, o uso de glibenclamida e glipizida esteve associado a maior risco de 3P-MACE (aHR 1.21 [95% CI 1.03–1.44]), AVCi (aHR 1.23 [95% CI 1.02–1.50]), e morte cardiovascular (aHR 2.61 [95% CI 1.31–5.20]) em comparação com usuários de gliclazida e glimepirida. O risco teve relação direta com a dose e o tempo de uso dessas medicações, reforçando a associação.

Tal diferença estaria relacionada a menor afinidade pelo canal de K mitocondrial (mitoK) do cardiomiócito. Esse canal está envolvido no mecanismo de precondicionamento isquêmico. Quando exposto a breves episódios isquêmicos, processos adaptativos limitam a área infartada, com redução de necrose e apoptose do musculo cardíaco no evento isquêmico agudo. SU de menor seletividade impediriam a abertura dos mitoK, aumentando risco de complicações agudas.

SU seguem como a segunda classe de medicamentos mais prescrita no tratamento do diabetes. Têm baixo custo, com larga experiência clínica acumulada ao longo dos últimos 50 anos. Entretanto, é de conhecimento geral que a população diabética apresenta alto risco para eventos cardiovasculares, sendo essa a principal causa de morte nessa população. Assim, diante das evidências apresentadas, faz-se fundamental a disponibilização de agentes associados a menor risco, possibilitando o melhor controle glicêmico, particularmente nas faixas populacionais de menor renda.

Autoria

Foto de Luciano de França Albuquerque

Luciano de França Albuquerque

Graduação em medicina pela Universidade Federal do Vale do São Francisco • Residência em Clínica Médica pelo Hospital Regional de Juazeiro – BA • Residência em Endocrinologia e Metabologia pelo Hospital das Clínicas da UFPE • Título de Especialista pela Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia • Médico Endocrinologista no Hospital Esperança Recife e Hospital Eduardo Campos da Pessoa Idosa

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