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Endocrinologia18 abril 2023

Síndrome da Quilomicronemia Familiar: entenda o tema!

Em recente publicação, um grupo de especialistas elaborou o Posicionamento Brasileiro sobre a Síndrome da Quilomicronemia Familiar (SQF). Para te ajudar, preparamos um resumo com os principais pontos …

Em recente publicação, um grupo de especialistas elaborou o Posicionamento Brasileiro sobre a Síndrome da Quilomicronemia Familiar (SQF). Para te ajudar, preparamos um resumo com os principais pontos para você entender o tema.

Os quilomícrons são lipoproteínas formadas no intestino a partir dos lípides provenientes da dieta e secretados na linfa mesentérica. Em condições fisiológicas, estão ausentes na circulação em períodos de jejum, podendo ser encontrados nos períodos pós prandiais tardios (4 a 6h após a refeição). A Lipase Lipoprotéica (LPL) é uma enzima presente nos capilares do tecido adiposo e de músculos, responsável pela hidrólise dos triglicérides dos quilomícrons e do VLDL, para fornecimento local de ácidos graxos. A atividade da LPL é modulada por cofatores – APOC2, APOC3 e APOA5 – além do LMF1 e da GPIHBP1, necessários a produção, externalização e ancoragem da LPL. Qualquer alteração em um desses fatores resulta em acúmulo de quilomícrons na corrente sanguínea, a quilomicronemia, verificada laboratorialmente por hipertrigliceridemia (HTG).

Existem duas formas distintas de quilomicronemia: a familiar (SQF) e a multifatorial (SQM). A diferenciação entre as duas doenças pode ser feita pelas características clínicas e/ou laboratoriais de seus portadores. Pacientes com SQF costumam se apresentar geralmente com pancreatite, e os com SQM são mais propensos a terem doença cardiovascular aterosclerótica.

A síndrome da quilomicronemia familiar (SQF) é uma forma mais grave de dislipidemia, cursando com níveis mais elevados de triglicerídeos e alterações clínicas mais frequentes e precoces, presentes desde a infância ou adolescência. Tem herança autossômica recessiva e acomete cerca de 1 a 2 pessoas por milhão de indivíduos, sendo mais frequente quando existe consanguinidade. Entre as alterações observadas destacam-se: lipemia retinalis, xantomas eruptivos, hepatoesplenomegalia e, principalmente, pancreatites agudas, que direcionam a suspeita para a SQF.

Em adultos, o principal diagnóstico diferencial da SQF é com a SQM, um distúrbio poligênico, que inclui variantes heterozigotas nos genes associados a SQF, agravado pela presença de comorbidades ou causas secundárias de aumento dos triglicérides como diabetes não controlado, hipotireoidismo, obesidade e síndrome metabólica. Fatores dietéticos, como uso abusivo de álcool, dieta rica em gorduras, açúcares simples e outros carboidratos de elevado índice glicêmico são causas comuns de exacerbação da hipetrigliceridemia.

Restrição do consumo de gorduras (10% a 15% do VCT) e de carboidratos simples (com exclusão de açúcares de adição, suco de frutas concentrado, etc), suplementação de vitaminas lipossolúveis (que devem ser monitorizadas) e de ácidos graxos essenciais devem ser recomendados ao longo da vida. Restrição do consumo de álcool é medida impositiva. Na SQM, tais medidas dietéticas somadas ao controle dos fatores precipitantes conseguem manter os níveis de triglicérides em patamares seguros (<500 mg/dl). Já na SQF, tais medidas devem ser implementadas de forma ainda mais restritiva. Mesmo assim, tais condutas frequentemente são insuficientes. A terapia farmacológica atualmente disponível (fibratos, ômega 3) também não se mostra eficaz. Novas drogas, como o anti-senso da ApoC3 volanesorsen, têm surgido como opção para os casos mais graves.

Autoria

Foto de Luciano de França Albuquerque

Luciano de França Albuquerque

Graduação em medicina pela Universidade Federal do Vale do São Francisco • Residência em Clínica Médica pelo Hospital Regional de Juazeiro – BA • Residência em Endocrinologia e Metabologia pelo Hospital das Clínicas da UFPE • Título de Especialista pela Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia • Médico Endocrinologista no Hospital Esperança Recife e Hospital Eduardo Campos da Pessoa Idosa

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