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Endocrinologia28 dezembro 2023

Retrospectiva 2023: os principais estudos do primeiro semestre do ano

Nas últimas décadas, a endocrinologia tem exercido um papel de protagonismo no mundo científico com a publicação de inúmeros estudos de impacto especialmente nas áreas de diabetes e obesidade. E em 20…

Por Erik Trovão

Nas últimas décadas, a endocrinologia tem exercido um papel de protagonismo no mundo científico com a publicação de inúmeros estudos de impacto especialmente nas áreas de diabetes e obesidade. E em 2023 não foi diferente. Abaixo, fizemos um resumos das principais publicações do primeiro semestre deste ano. Veja nossa retrospectiva 2023:

Janeiro

Logo no início de 2023 foi publicada uma análise post-hoc do estudo VITAL que demonstrou que o efeito da suplementação da vitamina D é atenuado pelo sobrepeso e a obesidade: níveis mais altos de IMC tiveram uma magnitude menor de aumento da 25-hidroxivitmina D.

Fevereiro

O estudo DINAMO foi publicado no The Lancet, avaliando o efeito da empagliflozina em jovens de 10 a 17 anos com DM2. Ao ser comparada com o grupo placebo, a droga mostrou redução significativa da HbA1c. O perfil de segurança foi semelhante ao de adultos com DM2.

Março

Também o The Lancet publicou, em março, os dados de um estudo de fase 2 que avaliou o efeito da semaglutida na dose de 2,4mg uma vez/semana em indivíduos com cirrose causada por doença hepática gordurosa metabólica. Infelizmente, não houve diferença com o placebo para o desfecho primário (melhora da fibrose hepática, sem piora da esteatohepatite). Mas houve redução das enzimas hepática e da esteatose hepática.

Abril

Foi a vez da New England publicar os dados do estudo CLEAR, um ensaio clínico randomizado que avaliou o efeito do ácido bempedóico versus placebo em indivíduos com intolerância à estatina. O desfecho primário comporto foi reduzido em 13%. Embora esta droga já fosse aprovada pelo FDA para tratamento da hipercolesterolemia em situações específicas, o CLEAR trouxe evidências de sua utilidade em um novo perfil de pacientes.

Ainda em abril, tivemos um vislumbre de um outro potencial tratamento para a hipercolesterolemia no futuro: um inibidor de PCSK9 oral. Foram publicados os dados de um estudo de fase 2 que mostraram que um peptídeo por via oral capaz de inibir a PCSK9 era tanto eficaz em reduzir os níveis de LDL-c quanto seguro, abrindo espaço para a realização de estudos de fase 3.

Maio

Em maio, tivemos a publicação dos dados do estudo GRADE no JAMA, um ensaio clínico randomizado que incluiu adultos com DM2 em uso de metformina e sem doença renal e comparou a adição de diferentes anti-diabéticos (insulina glargina, glimepirida, liraglutida e sitagliptina). Neste perfil de pacientes, a associação com qualquer uma destas classes foi equivalente em relação ao desenvolvimento ou progressão de doença renal em 5 anos.

Junho

Junho foi, sem dúvidas, o mês mais agitado no mundo da endocrinologia, graças às importantes publicações divulgadas no Congresso da American Diabetes Association. Entre estes, merecem destaque:

  • Estudo de fase 2 publicado no NEJM que demonstrou eficácia do orforglipron no tratamento da obesidade.
  • Estudo de fase 2 que comprovou a eficácia e a segurança do CagriSema (associação de cagrinlitida e semaglutida) em indiíduos com DM2.
  • O SURMOUNT 2, ensaio clínico que demonstrou a eficácia da tirzeparida em reduzir o peso e a HbA1c de indivíduos com DM2; levando a uma perda de 14,5% do peso corporal e se tornando a droga com maior redução ponderal nesta população.
  • O ONWARDS 1 foi o aguardado estudo com a icodeca, insulina de aplicação semanal, em indivíduos com DM2. Os resultados foram promissores, com a icodeca sendo superior à glargina no controle glicêmico.
  • O ONWARDS 3 comparou a icodeca com a degludeca em indivíduos com DM2 e também se mostrou seuprior em relação ao controle glicêmico.
  • O OASIS 1 foi o estudo que veio responder se a semaglutida oral também seria eficaz no tratamento da obesidade em indivíduos sem DM2. Na dose de 50mg/dia (mais alta do que a utilizada para tratamento do DM2), a droga se mostrou eficaz para perda de peso, atingindo uma perda de até 15,1% do peso inicial.
  • O PIONEER PLUS teve a missão de estudar o efeito de doses mais altas de semaglutida oral (25 e 50mg/dia) em indivíduos com DM2. Uma proporção maior de pacientes conseguiram atingir uma meta de HbA1c < 7,0 quando as doses mais altas foram comparadas às doses habituais, assim como houve também maior perda de peso.
  • Mas uma das maiores sensações do mês de junho foi a apresentação dos resultados de dois estudos de fase 2 com a retatrutida, um agonista triplo (GLP1/GIP/glucagon), que fez da droga aquela que mais conseguiu levar à perda de peso até hoje. Em indivíduos com DM2 e obesidade, a droga demonstrou eficácia no controle glicêmico, com 82% dos participantes atingindo uma HbA1c < 6,5. Em indivíduos com obesidade e sem DM2, a retatrutida levou a uma queda média de 24% do peso inicial. Vale ressaltar que precisamos ainda aguardar os resultados dos estudos de fase3.

Autoria

Foto de Erik Trovão

Erik Trovão

Formado em Medicina pela UFCG •Residência em Clínica Médica pelo HBLSUS/PE •Residência em Endocrinologia e Metabologia pelo HAM-SUS/PE •Titulo de especialista em Endocrinologia e Metabologia pela SBEM •Mestre em neurociências pela UFPE •Preceptor da Residência de Endocrinologia do HC/UFPE

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