O novo consenso brasileiro sobre tratamento da hiperprolactinemia elaborado pelo Departamento de Neuroendocrinologia da SBEM dedica um tópico sobre prolactinoma e gravidez, dando recomendações sobre o tratamento e o seguimento dos prolactinomas em mulheres gestantes. Muitas vezes, a queixa principal da mulher com hiperprolactinemia é a infertilidade e o endocrinologista tem que estar preparando para a condução correta do caso uma vez que esta mulher engravide.
Sabemos que os altos níveis de estrógeno durante a gestação podem estimular o crescimento tumoral do prolactinoma. Este efeito, porém, depende do tamanho inicial da lesão. Desta forma, o risco de crescimento de microprolactinomas é de apenas 2,5%, enquanto este risco é bem maior para macroprolactinomas: 20%. Os autores elencam alguns fatores que diminuem o risco deste crescimento: tratamento com agonista dopaminérgico por mais de 1 ano, adenomas pequenos e níveis baixos de prolactina antes da gestação.
Considerando o baixo risco de crescimento no caso de microprolactinomas, a conduta orientada pelos autores é a suspensão do agonista dopaminérgico assim que a gestação for confirmada. Durante a gravidez, a paciente deve ser acompanhada a cada 3 meses sendo questionada sobre sintomas que possam sugerir crescimento tumoral: cefaleia e alteração visual.
Em casos de macroprolactinoma, devemos orientar a mulher a aguardar pelo menos 1 ano de tratamento medicamentoso antes de engravidar, objetivando reduzir o tamanho tumoral para menos que 1cm. Caso a redução aconteça, podemos considerar a suspensão da cabergolina em caso de gestação. O seguimento durante a gravidez deve ser mensal para a avaliação de sintomas sugestivos de crescimento do adenoma. Independente da presença de sintomas visuais, pode-se considerar o seguimento com campimetria.
Se a mulher referir cefaleia ou alteração do campo visual ou se houver alteração da campimetria, devemos solicitar ressonância magnética sem contraste. Se o crescimento tumoral for confirmado, o agonista dopaminérgico deve ser reiniciado.
Já naquelas mulheres com macroadenoma que engravidam, mas que estavam em tratamento por menos de 1 ano ou na qual não houve redução tumoral, devemos considerar a manutenção da cabergolina durante a gestação, especialmente se o tumor estiver próximo ao quiasma óptico. O seguimento durante a gravidez também deve ser mensal e baseado na sintomatologia, como especificado acima.
Os autores também consideram a possibilidade de tratamento cirúrgico prévio em casos de macroadenoma para melhorar as chances de gestação. Mas alertam para o risco de hipogonadismo como complicação do procedimento.
Vale ressaltar que não há indicação de seguimento durante a gestação com dosagens séricas de prolactina, uma vez que seus níveis já se encontram fisiologicamente bastante elevados.
Autoria
Erik Trovão
Formado em Medicina pela UFCG •Residência em Clínica Médica pelo HBLSUS/PE •Residência em Endocrinologia e Metabologia pelo HAM-SUS/PE •Titulo de especialista em Endocrinologia e Metabologia pela SBEM •Mestre em neurociências pela UFPE •Preceptor da Residência de Endocrinologia do HC/UFPE
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