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Endocrinologia11 setembro 2024

Novo guideline europeu sobre síndrome de resistência ao hormônio tireoidiano

Novo guideline europeu sobre síndrome de resistência ao hormônio tireoidiano

Por Ícaro Sampaio

No mês de agosto de 2024, foi publicado um novo guideline da European Thyroid Assoaciation sobre o diagnóstico e o tratamento de distúrbios genéticos do transporte, metabolismo e ação dos hormônios tireoidianos, compreendendo resistência ao hormônio tireoidiano β (RTHβ), resistência ao hormônio tireoidiano α (RTHα), defeitos do transportador de monocarboxilato 8 (MCT8), deficiência de selenoproteína e defeitos da iodotironina desiodase 1. A seguir abordaremos as recomendações referentes à resistência ao hormônio tireoidiano β, condição mais comum dentre aquelas discutidas pelo guideline:

1. Diagnóstico diferencial: A descoberta de hormônios tireoidianos (T4 livre e/ou T3) acima do intervalo de referência com TSH não suprimido pode ser um dos padrões mais desafiadores dos testes de função tireoidiana. Uma abordagem sistemática é necessária para evitar investigações adicionais inadequadas e tratamentos desnecessários, ao mesmo tempo em que garante que distúrbios genéticos e adquiridos raros sejam diagnosticados em tempo hábil. Um primeiro passo fundamental na avaliação de um paciente com hipertiroxinemia e TSH não suprimido é excluir potenciais fatores de confusão (incluindo doenças físicas ou psiquiátricas não tireoidianas intercorrentes) e medicamentos (por exemplo, amiodarona). Além disso, possíveis artefatos dos ensaios laboratoriais devem ser considerados.


2. Diagnóstico diferencial: Após excluir a interferência do ensaio ou outras causas desse padrão hormonal anormal, a distinção entre RTHβ ou um adenoma secretor de TSH (TSHoma) é feita com base em investigações clínicas, endócrinas dinâmicas e radiológicas.


3. Avaliação de familiares: Se houver suspeita de RTHβ, recomendamos avaliar os testes de função tireoidiana em parentes de primeiro grau. Se alterados, tais resultados fortalecem a hipótese de RTHβ.


4. Diagnóstico: O consenso recomenda o sequenciamento do gene THRB para confirmar o diagnóstico. Após o diagnóstico em um caso índice, recomenda-se testes (bioquímicos e depois genéticos) em parentes de primeiro grau.


5. Avaliação adicional: Recomenda-se a avaliação ultrassonográfica da tireoide/bócio no diagnóstico e periodicamente depois disso. Recomenda-se também a avaliação de anticorpos antitireoidianos concomitantes (Anti-TPO/TRAb) no diagnóstico e durante o acompanhamento, sempre que uma alteração nos hormônios tireoidianos (TSH ou T4 livre) ou sintomas (hipotireoidismo/tireotoxicose) for observada.


6. Tratamento: Recomenda-se evitar o tratamento com medicamentos antitireoidianos ou ablação da tireoide (cirurgia ou radioiodo) para pacientes com RTHβ. A ablação da tireoide deve ser limitada a casos de RTHβ com hipertireoidismo grave, descontrolado ou com risco de vida (por exemplo, RTHβ heterozigoto e autonomia da tireoide devido à doença de Graves/nódulo tóxico, ou RTHβ homozigoto com cardiomiopatia tireotóxica) ou bócios grandes com sintomas de compressão.


7. Tratamento: recomenda-se betabloqueadores isolados ou, raramente, terapia com TRIAC (ácido triiodotiroacético) para controlar sintomas tireotóxicos (por exemplo, ansiedade, tremor, palpitações) e sinais (taquicardia). A decisão de tratar com TRIAC deve ser tomada somente após discussão com centros com experiência em seu uso neste distúrbio

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