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Endocrinologia28 setembro 2022

Novo consenso sobre carcinoma papilífero – quando indicar lobectomia?

Recentemente, comentamos neste site sobre as recomendações para vigilância ativa do carcinoma papilífero de tireoide de baixo risco segundo o novo consenso publicado pelo Departamento de Tireoide da S…

Por Ícaro Sampaio

Recentemente, comentamos neste site sobre as recomendações para vigilância ativa do carcinoma papilífero de tireoide de baixo risco segundo o novo consenso publicado pelo Departamento de Tireoide da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia. No entanto, o referido posicionamento nos apresentou também algumas recomendações sobre a escolha da melhor abordagem cirúrgica para cada paciente (lobectomia versus tireoidectomia total – TT).

De acordo com a American Thyroid Association, a tireoidectomia total deve sempre ser realizada na presença de um ou mais dos seguintes fatores: tumores maiores do que 4,0 cm, extensão extratireoidiana grosseira , metástases linfonodais clinicamente aparentes ou presença de metástase a distância. A lobectomia pode ser considerada suficiente em tumores de baixo risco, com 1,0 a 4,0 cm, sem extensão extratireoidiana, sem acometimento linfonodal (N0) e sem metástases a distância (M0). Lobectomia pode ser indicada para tumores menores de 1,0 cm, unifocais, sem extensão extratireoidiana e sem acometimento linfonodal (microcarcinoma).

O recente consenso da SBEM destaca que a escolha entre TT (com ou sem terapia de radioiodoterapia) versus lobectomia tem pouco impacto nas taxas de recorrência ou risco de morte por câncer de tireoide. Evidências sólidas mostraram que a simples observação do lobo contralateral é segura em pacientes com doença de baixo risco após lobectomia. Sendo assim, os autores consideram que tanto a TT quanto a lobectomia são uma boa opção para os pacientes no Brasil, principalmente considerando o número limitado de cirurgiões de cabeça e pescoço com alto volume cirúrgico no país.

Dessa forma, a decisão quanto à extensão do tratamento cirúrgico no carcinoma papilífero de tireoide de baixo risco deve envolver tanto o cirurgião quanto o endocrinologista e considerar as crenças dos pacientes, características socioeconômicas e culturais e acesso a serviços de saúde adequados. Veja a seguir as principais vantagens e desvantagens da lobectomia que devem ser levadas em consideração na tomada de decisão:

Vantagens da lobectomia quando comparada à tireoidectomia total:

  • Baixo risco cirúrgico;
  • Suplementação com levotiroxina pode não ser necessária;
  • Sobrevida semelhante;
  • Totalização da tireoidectomia, quando necessária, não aumenta risco cirúrgico nem modifica desfechos.

Desvantagens da lobectomia quando comparada à tireoidectomia total:

  • Risco de haver necessidade de totalização para melhorar o prognóstico e/ou permitir radioiodoterapia;
  • Os pacientes ainda podem precisar de suplementação de levotiroxina;
  • Nenhuma evidência de melhoria da qualidade de vida;
  • Não é adequada para pacientes de risco intermediário e alto;
  • A tireoglobulina pode não ser apropriada para acompanhamento.

O seguimento dos pacientes tratados com lobectomia baseia-se principalmente nos resultados da ultrassonografia cervical. O surgimento de nódulos benignos durante o seguimento (o que ocorre em 20%-50% dos pacientes) é muito mais comum do que a recorrência do tumor, que ocorre em cerca de 5% de todos os pacientes após a lobectomia. A curva de tireoglobulina também é um guia valioso, sendo mais importante do que os níveis isolados da mesma.

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