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Endocrinologia28 março 2022

Melhor tratamento para perda de peso: como escolher?

O desafio da perda de pesoA obesidade é uma doença crônica, recorrente, multifatorial, com prevalência crescente em todo o mundo. Trata-se de uma condição heterogênea, tanto nas repercussões clínicas …

O desafio da perda de peso

A obesidade é uma doença crônica, recorrente, multifatorial, com prevalência crescente em todo o mundo. Trata-se de uma condição heterogênea, tanto nas repercussões clínicas quanto na resposta às abordagens terapêuticas, como dietas, medicamentos ou mesmo à cirurgia. A busca por fatores que possam predizer o melhor tratamento para a perda de peso em cada paciente segue sendo um desafio.

A fisiopatologia da obesidade pode ser simplificada no desbalanço entre o excesso de consumo e o gasto insuficiente de calorias. O comportamento alimentar divide-se em homeostático e hedônico. O primeiro seria o determinado por sinalizações orgânicas relacionadas ao funcionamento corporal. Envolve a fome (desejo de comer), saciação (quantidade de alimento ou calorias para terminar a refeição) e a saciedade (tempo até o retorno da fome). Já o comportamento alimentar hedônico é aquele compensatório, guiado pela busca de prazer, também conhecida por “fome emocional”, associado ao estresse ou ansiedade.

Novas evidências

Um estudo desenvolvido na Mayo Clinic e publicado na revista Obesity tenta discutir o tema. Os autores buscaram classificar os índividuos em quatro fenótipos: “cérebro faminto” (baixa saciação), “fome emocional” (alimentação hedônica), “intestino faminto” (baixa saciedade) e “queimadores lentos” (diminuição da taxa metabólica). Parte dos pacientes recebeu medicações dirigidas de acordo com o fenótipo: “cérebro faminto” – fentermina-topiramato ou lorcaserina; “fome emocional” – naltrexona/bupropiona; “intestino faminto”: liraglutida; “queimador lento”: fentermina + treinamento de resistência.

Entre os 450 indivíduos estudados, 27% se enquadravam em 2 ou mais fenótipos e 15% não puderam ser classificados em nenhum dos 4. Os pacientes foram divididos em 2 grupos: um com tratamento dirigido pelo fenótipo, outro não dirigido. Após 12 meses de acompanhamento, o grupo que recebeu tratamento dirigido teve maior redução de peso (15,9% vs 9%) com maior proporção de indivíduos alcançando perda maior que 10% do peso inicial (79% vs 34%). O estudo apresenta limitações: o grupo dirigido era mais jovem (43 vs 50 anos) e houve diferença nos agentes farmacológicos utilizados (maior uso de naltrexona-bupropiona no grupo dirigido e maior uso de fentermina-topiramato no não dirigido), além da clara limitação de se tratar de um estudo aberto.

Mudanças na conduta?

A aplicabilidade deste estudo no Brasil fica limitada pela falta de alguns dos agentes utilizados no estudo. Dispomos atualmente apenas de sibutramina (que poderia substituir a fentermina), orlistat e liraglutida. Existe previsão da chegada em breve da combinação bupropiona-naltrexona. Outra limitação é o custo das medicações, considerando que nenhum agente anti-obesidade é disponível pelo SUS.

Concluindo, a identificação de possíveis padrões alimentares pode ajudar na escolha do tratamento mais efetivo para cada paciente. A grande frequência de superposição entre os fenótipos referencia uma necessidade de tratamento farmacológico combinado, com diferentes mecanismos de ação, porém respeitando interações medicamentosas e potenciais efeitos adversos. Cabe lembrar que a adesão a um programa de seguimento clínico regular, atrelado a adequação nutricional e atividades físicas é condição indispensável em qualquer programa de controle de peso.

Autoria

Foto de Luciano de França Albuquerque

Luciano de França Albuquerque

Graduação em medicina pela Universidade Federal do Vale do São Francisco • Residência em Clínica Médica pelo Hospital Regional de Juazeiro – BA • Residência em Endocrinologia e Metabologia pelo Hospital das Clínicas da UFPE • Título de Especialista pela Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia • Médico Endocrinologista no Hospital Esperança Recife e Hospital Eduardo Campos da Pessoa Idosa

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