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Endocrinologia15 agosto 2022

Escolha do melhor tratamento para o hipertireoidismo: como fazer?

O termo “tireotoxicose” refere-se a um estado de exposição excessiva aos hormônios da tireóide. Já “hipertireoidismo” define uma síndrome associada ao excesso de produção de hormônios por parte desta …

O termo “tireotoxicose” refere-se a um estado de exposição excessiva aos hormônios da tireóide. Já “hipertireoidismo” define uma síndrome associada ao excesso de produção de hormônios por parte desta glândula. Embora o hipertireoidismo seja uma causa de tireotoxicose e muitas vezes usado de forma intercambiável, é importante notar a diferença entre eles. A doença de Graves é a causa mais comum de hipertireoidismo. Considerando a etiologia autoimune, essa forma de hipertireoidismo tende a se manifestar em populações mais jovens. Em pacientes mais velhos, o bócio multinodular tóxico aparece como causa mais comum. Outras causas incluem hipertireoidismo induzido por iodo (fenômeno de Jod-Basedow) e a tireoidite de Quervain (tireoidite subaguda). Guidelines apontam que o correto diagnóstico etiológico é passo fundamental na escolha do melhor tratamento para o hipertireoidismo.

O tratamento do hipertireoidismo depende da etiologia envolvida tendo 2 objetivos principais: controle dos sintomas e terapia dirigida. Os sintomas do hipertireoidismo, como palpitações, ansiedade e tremores, podem ser controlados com um antagonista beta-adrenérgico, como o propranolol ou o atenolol. Bloqueadores dos canais de cálcio, como o verapamil, podem ser usados ​​como terapia de segunda linha para pacientes que são intolerantes tenham contraindicações ou uso dos betabloqueadores.

Formas transitórias de hipertireoidismo, como a tireoidite subaguda ou tireoidite pós-parto, devem ser tratadas apenas com terapia sintomática, pois o quadro nessas situações tende a ser autolimitado.

Quando se fala de terapia dirigida para o hipertireoidismo temos 3 opções principais, todas predispondo a um potencial hipotireoidismo de longo prazo: terapia com iodo radioativo (RAI), tionamidas e cirurgia. A avaliação clínica e o monitoramento do T4 livre são indicadores de eficácia do tratamento escolhido. O TSH tem pouca utilidade inicialmente, pois os níveis desse hormônio permanecem suprimidos por vários meses, mesmo com o controle hormonal.

No Brasil, o tratamento com tionamidas aparece como opção de primeira escolha para a maioria dos casos. O metimazol e o propiltiouracil inibem a Tireoperoxidase (TPO) reduzindo a síntese dos hormônios tireoidianos. Embora igualmente eficazes, o metimazol é preferido devido a um perfil de segurança relativamente melhor. As exceções a essa recomendação seriam gestantes no primeiro trimestre e nos casos de crise tireotóxica, considerando que o propiltiouracil (PTU) também reduz a conversão periférica de T4 em T3 pela deiodinase tipo 1. Os efeitos colaterais da terapia com tionamidas incluem agranulocitose, hepatite, vasculite e lúpus induzido por drogas. Casos controlados com baixas doses são candidatos a manutenção do tratamento por longo prazo.

A terapia com RAI é considerada o tratamento de escolha em vários países, principalmente nos EUA, devido à alta eficácia. Nessa modalidade, o iodo-131 radioativo é administrado por via oral, e captado pelo tecido hiperativo, com subsequente destruição. Uma única dose é suficiente para controlar o hipertireoidismo em uma parcela significativa de pacientes. Mulheres em idade reprodutiva devem descartar gravidez antes da terapia com RAI. Pacientes em uso de tionamida devem ser instruídos a descontinuar a medicação aproximadamente 1 semana antes da terapia com RAI, pela interferência na captação da dose. Os níveis de T4 livre são avaliados em intervalos de 4 a 6 semanas após o RAI, sendo a levotiroxina iniciada em caso de hipotireoidismo.

A tireoidectomia é outra possibilidade de tratamento para o controle a longo prazo do hipertireoidismo. A preparação do paciente para a cirurgia inclui controle hormonal com tratamento medicamentoso. O iodeto de potássio e o beta-bloqueador também fazem parte do preparo. As complicações incluem hipoparatireoidismo e a lesão iatrogênica do nervo laríngeo recorrente, além do esperado hipotireoidismo definitivo. Pacientes com níveis muito elevados de TRAb, principalmente com oftalmopatia ativa, são potenciais candidatos a cirurgia, considerando o potencial de piora com RAI e a menor eficácia das tionamidas. Pacientes com bócios volumosos ou nódulos suspeitos para malignidade também teriam prioridade para essa modalidade.

Em resumo, a tireotoxicose tem múltiplas etiologias, manifestações e terapias potenciais. A escolha do melhor tratamento requer um diagnóstico preciso e é dirigido por condições médicas coexistentes e preferência individual. O reconhecimento dessas opções, suas potenciais indicações e eventos adversos é essencial para os profissionais que se deparem com tais pacientes.

Autoria

Foto de Luciano de França Albuquerque

Luciano de França Albuquerque

Graduação em medicina pela Universidade Federal do Vale do São Francisco • Residência em Clínica Médica pelo Hospital Regional de Juazeiro – BA • Residência em Endocrinologia e Metabologia pelo Hospital das Clínicas da UFPE • Título de Especialista pela Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia • Médico Endocrinologista no Hospital Esperança Recife e Hospital Eduardo Campos da Pessoa Idosa

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