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Endocrinologia6 fevereiro 2022

Hipertensão relacionada à obesidade: como manejar?

No mês de setembro de 2021, a American Heart Associationa (AHA) publicou um Scientific Statement trazendo esclarecimentos sobre a interrelação entre obesidade e hipertensão e as particularidades envolvidas no tratamento do indivíduo portador das duas condições.

No mês de setembro de 2021, a American Heart Associationa (AHA) publicou um Scientific Statement trazendo esclarecimentos sobre a interrelação entre obesidade e hipertensão e as particularidades envolvidas no tratamento do indivíduo portador das duas condições. A hipertensão é um fator diretamente envolvido no surgimento e progressão de doença cardiovascular, sendo determinante direto de morbidade e mortalidade. A obesidade se apresenta envolvida por diversos mecanismos, incluindo ativação neuro-hormonal, inflamação e disfunção renal. Dessa forma o documento busca focar nas estratégias para a perda de peso e atualizar as opções de tratamento que estão disponíveis para tratar a hipertensão da obesidade.

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A perda de 5% a 10% do peso corporal pode levar a uma redução de mais de 5 mmHg na pressão arterial sistólica e de 4 mmHg na pressão arterial diastólica, observa a declaração. Como intervenção dietética, as diretrizes recomendam a Dieta do Mediterrâneo ou a dieta DASH (Dietary Approach to Stop Hypertension), que enfatizam frutas, vegetais, legumes, nozes e sementes, com ingestão moderada de peixes, frutos do mar, aves e laticínios e baixo consumo de carnes vermelhas e processadas e doces. A dieta mediterrânea também inclui azeite e consumo moderado de vinho (principalmente tinto).  Além da dieta, 150 a 250 minutos de atividade física por semana podem produzir perda de peso de 3 a 7,5 kg, sendo recomendados 200-300 minutos de atividade física por semana para manter esta perda de peso.

Em relação à farmacoterapia, são citados quatro agentes aprovados pelo FDA para perda de peso a longo prazo: as combinações fentermina / topiramato e naltrexona / bupropiona além do Orlistat e liraglutida 3,0 mg (esses dois últimos disponíveis no Brasil). Em 4 de junho, o FDA aprovou um quinto medicamento, Semaglutida na dose semanal de 2,4mg (no Brasil, temos a apresentação de até 1mg, para tratamento de diabetes). Os efeitos de longo prazo dos medicamentos anti-obesidade sobre a pressão arterial são mistos, com reduções na PAS de 1 a 6mmHg e na PAD de 1 a 3 mmHg, sempre proporcionais a redução do peso corporal. A exceção foram os dados da combinação Naltrexona/Bupropiona onde houve elevação de 2 e 1 mmHg na PAS e PAD respectivamente.

A cirurgia metabólica também é colocada como opção de perda de peso para alguns pacientes e está associada à redução da pressão arterial. No estudo GATEWAY publicado em 2018 avaliando obesos hipertensos submetidos a bypass gástrico, 84% dos pacientes atingiram o resultado primário de redução ≥ 30% no número de medicamentos anti-hipertensivos, mantendo uma pressão arterial no consultório <140/90 mmHg, em 12 meses. No follow up de 10 anos do SOS, indivíduos submetidos a tratamento cirúrgico mantiveram redução aproximada de 5 mmHg, tanto na PAS quanto na PAD.

Concluindo, os autores destacam os riscos da obesidade infantil. Estima-se que 18,5% das crianças e adolescentes norte-americanos com idades entre 2 e 19 anos apresentam obesidade. Crianças com obesidade têm um risco duas vezes maior de hipertensão, risco que dobra nos casos de obesidade grave. “À medida que a prevalência da obesidade continua a aumentar, a hipertensão e as doenças cardiorrenais associadas também aumentarão, a menos que estratégias mais eficazes para prevenir e tratar a obesidade sejam desenvolvidas.” Educação dos profissionais de saúde acerca do reconhecimento dos riscos associados a obesidade e proatividade na implementação de medidas adequadas para o tratamento são fundamentais nesse cenário. Pronto para fazer sua parte?

Autoria

Foto de Luciano de França Albuquerque

Luciano de França Albuquerque

Graduação em medicina pela Universidade Federal do Vale do São Francisco • Residência em Clínica Médica pelo Hospital Regional de Juazeiro – BA • Residência em Endocrinologia e Metabologia pelo Hospital das Clínicas da UFPE • Título de Especialista pela Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia • Médico Endocrinologista no Hospital Esperança Recife e Hospital Eduardo Campos da Pessoa Idosa

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