Logotipo Afya

Produzido por

Anúncio
Endocrinologia21 setembro 2023

Novo guideline de incidentaloma adrenal: avaliação do risco de malignidade

No ano de 2016, a European Society of Endocrinology publicou um guideline de incidentaloma adrenal, estabelecendo condutas que se estabeleceram na prática clínica e que nortearam a realização dos estu…

Por Erik Trovão

No ano de 2016, a European Society of Endocrinology publicou um guideline de incidentaloma adrenal, estabelecendo condutas que se estabeleceram na prática clínica e que nortearam a realização dos estudos clínicos nos últimos anos. Mas, neste mês de setembro de 2023, o grupo atualizou e publicou as suas recomendações. As principais mudanças estão resumidas abaixo:

Avaliação do risco de malignidade

A tomografia computadorizada (TC) sem contraste continua sendo o exame de imagem de escolha para a avaliação dos incidentalomas adrenais e a determinação do risco de malignidade. Os autores dividiram as lesões de acordo com suas características em 3 grupos:

  1. Benignas: lesões homogêneas e com densidade 10 HU tem um risco de malignidade próximo a zero e, portanto, devem ser consideradas benignas, independentemente do tamanho. O guideline de 2016 incluía o tamanho da lesão entre estes critérios, estabelecendo um ponte de corte < 4cm, mas os autores julgaram que este critério não deve mais ser considerado.
  1. Potencialmente malignas: lesões com tamanho 4cm e densidade > 20HU ou 4cm e heterogênea tem um risco relativo de malignidade aumentado e a cirurgia deve ser a conduta de escolha nestes casos.
  1. Indeterminadas:

A. Lesões com tamanho < 4cm e densidade entre 11 e 20 HU: a maioria destas lesões são benignas; porém, pelo pequeno risco de malignidade, orienta-se que a investigação seja complementada com algum outro exame de imagem: ressonância magnética (RM) ou PET/CT ou TC com contraste (para cálculo do washout); não havendo dados que suportem a superioridade de um sobre o outro. O critério para benignidade na RM continua sendo a perda de sinal na imagem fora de fase. No PET/CT, a ausência de captação ou uma captação menor que o fígado também indicaria benignidade. Para o washout, os autores não orientam mais o uso dos pontos de corte previamente estabelecidos como critérios de benignidade: > 40% para o washout relativo e > 60% para o washout absoluto. A orientação atual é utilizar um ponto de corte > 58% para o washout relativo (embora esta recomendação seja baseada em um único estudo).

B. Lesões com tamanho 4cm e densidade de 11 a 20 HU ou com tamanho < 4cm e densidade > 20 HU ou com tamanho < 4cm e heterogênea: embora o risco de malignidade neste tipo de lesão ainda seja baixo, ele é maior do que nos casos de lesão < 4cm e com densidade entre 11 e 20 HU. Portanto, os pacientes com estes tipos de lesão devem ter sua conduta individualizada, podendo tanto realizar uma outra imagem adicional como já terem a cirurgia indicada.

Uma alternativa promissora para avaliação do risco de carcinoma adrenal, já apontada no guideline de 2016, é a dosagem de precursores esteroides na urina (costumam estar elevados em caso de malignidade). O atual documento, no entanto, orienta que esta dosagem seja realizada preferencialmente com a técnica de espectrometria de massa em tendem.

Seguimento

O seguimento com imagem dos incidentalomas adrenais vai depender das características da lesão na avaliação inicial:

  1. Lesões benignas: aquelas lesões com densidade < 10 HU e homogêneas não precisam ter a imagem repetida.
  1. Lesões potencialmente malignas: aquelas lesões > 4cm com densidade > 20 ou heterogêneas que, por algum motivo, não tenham realizado a cirurgia, devem repetir a imagem com 6 a 12 meses. Caso nenhum crescimento tenha ocorrido, dificilmente trata-se de um carcinoma, já que estes costumam, quase invariavelmente, aumentar de tamanho em um curto espaço de tempo. Caso ocorra um crescimento > 20% no maior diâmetro (desde que ocorra um aumento mínimo de 5mm neste diâmetro), a cirurgia deve ser realizada. Caso ocorra qualquer aumento (mas abaixo de 20%), uma nova imagem deve ser realizada após 6 a 12 meses.
  1. Lesões indeterminadas: no caso das lesões com < 4 cm e densidade entre 11 e 20 HU, caso não seja realizada uma imagem adicional imediata ou esta se mostra inconclusiva, a TC deve ser repetida após 12 meses. Já nas demais lesões classificadas como indeterminadas, caso seja optado pelo seguimento, a imagem deve ser repetida após 6 a 12 meses e os mesmos critérios de crescimento especificados acima devem ser seguidos.

Conduta cirúrgica

O novo guideline recomenda que, caso a cirurgia seja indicada para adenomas benignos que causem excesso hormonal, seja escolhida a cirurgia minimamente invasiva (laparoscópica). O mesmo vale para lesões suspeitas de malignidade com tamanho < 6 cm e sem invasão local. Mas, neste caso, ela deve ser realizada por um cirurgião experiente em adrenalectomias. Já para lesões > 6 cm ou com invasão local, deve-se optar por adrenalectomia aberta.

Em crianças, adolescentes, mulheres grávidas e adultos com menos de 40 anos de idade com lesões classificadas como indeterminadas, o guideline sugere que a cirurgia seja a conduta de escolha, devido ao maior risco de malignidade nestes grupos de pacientes.

Autoria

Foto de Erik Trovão

Erik Trovão

Formado em Medicina pela UFCG •Residência em Clínica Médica pelo HBLSUS/PE •Residência em Endocrinologia e Metabologia pelo HAM-SUS/PE •Titulo de especialista em Endocrinologia e Metabologia pela SBEM •Mestre em neurociências pela UFPE •Preceptor da Residência de Endocrinologia do HC/UFPE

anuncio endocrinopapers

Como você avalia este conteúdo?

Sua opinião ajudará outros médicos a encontrar conteúdos mais relevantes.

Compartilhar artigo

Newsletter

Aproveite o benefício de manter-se atualizado sem esforço.

Anúncio

Leia também em Endocrinologia