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Endocrinologia27 março 2023

Abordagem inicial da hiperprolactinemia

A hiperprolactinemia é o distúrbio hormonal mais frequente do eixo hipotálamo-hipófise. Galactorreia (espontânea ou a expressão) e hipogonadismo (alterações menstruais, infertilidade e redução de libi…

A hiperprolactinemia é o distúrbio hormonal mais frequente do eixo hipotálamo-hipófise. Galactorreia (espontânea ou a expressão) e hipogonadismo (alterações menstruais, infertilidade e redução de libido) são as características clínicas. Nos homens, ginecomastia pode ser observada. Diante desses achados, é necessário investigar a causa e definir o tratamento. Então vamos lá: qual a abordagem inicial da hiperprolactinemia?

Causas

Por definição, a hiperprolactinemia é uma anormalidade laboratorial, podendo ser relacionada a causas fisiológicas (gravidez e lactação), farmacológicas (por redução da atividade dopaminérgica – antipsicóticos – aumento da atividade serotoninérgica – antidepressivos – ou estímulo direto – estrógenos) e patológicas (prolactinomas e pseudoprolactinomas). Condições endócrinas como hipotireoidismo, insuficiência adrenal e síndrome dos ovários policísticos também podem causar hiperprolactinemia. Insuficiência renal crônica e cirrose hepática também fazem parte das possíveis etiologias. Além dessas, ainda temos a hiperprolactinemia idiopática, quando não é possível identificar uma causa para a hiperprolactinemia.

Avaliação laboratorial

Além da determinação da prolactina (PRL) com pesquisa de macroprolactina, devemos solicitar avaliação de TSH, T4 livre e creatinina para avaliação de causas secundárias. Dosagem de IGF-1 é recomendada na presença de adenoma hipofisário, considerando a possibilidade de cossecreção. β-hCG é obrigatória em qualquer mulher em idade fértil com amenorreia, ainda que negue a possibilidade de gravidez.

Encontramos correlação entre os níveis séricos de prolactina e a causa da hiperprolactinemia. A maioria dos casos por compressão da haste hipofisária, fármacos ou doenças sistêmicas apresenta níveis de PRL < 100 ng/mℓ. Por outro lado, prolactinomas apresentam valores > 100 ng/mℓ, havendo correlação entre o tamanho do tumor e valores de PRL, com os macroprolactinomas (>1cm) tipicamente associados a valores de PRL > 250 ng/mℓ. Exceções podem ocorrer, demandando abordagem particular e fugindo ao escopo deste artigo.

Exames de Imagem

Excluídas causas secundárias para a hiperprolactinemia, o exame de imagem recomendado é a ressonância magnética (RM) de sela túrcica com contraste. Devemos atentar que pelo menos 10% da população pode ter um adenoma hipofisário, porém, em geral, trata-se de tumores não funcionantes com menos de 6mm. Nas deficiências hormonais primárias, particularmente no hipotireoidismo, pode ocorrer hiperplasia hipofisária, porém essa condição determina aumento homogêneo da glândula, sem a imagem de adenoma. Como dito anteriormente, o achado da RM deve ser correlacionado com os valores da PRL sérica. Uma desproporção entre estes achados deve levantar a possibilidade de compressão de haste (pseudoprolactinoma).

Tratamento

A abordagem terapêutica inicial da hiperprolactinemia vai depender da correta identificação da causa. O tratamento farmacológico com agonista dopaminérgico, particularmente a Cabergolina, é a opção de primeira linha. Nos microprolactinomas, a indicação de iniciar tratamento está ligada a presença de sintomas. Já nos macroadenomas, o tratamento está sempre indicado, considerando o risco de crescimento do tumor, além da sintomatologia. Para as causas secundárias, a melhor opção será a correção da condição subjacente. A neurocirurgia fica reservada para os pseudoprolactinomas ou para casos refratários aos agonistas dopaminérgicos.

Autoria

Foto de Luciano de França Albuquerque

Luciano de França Albuquerque

Graduação em medicina pela Universidade Federal do Vale do São Francisco • Residência em Clínica Médica pelo Hospital Regional de Juazeiro – BA • Residência em Endocrinologia e Metabologia pelo Hospital das Clínicas da UFPE • Título de Especialista pela Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia • Médico Endocrinologista no Hospital Esperança Recife e Hospital Eduardo Campos da Pessoa Idosa

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