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Dermatologia1 junho 2022

Baricitinibe: uma terapia promissora para a alopecia areata

A alopecia areata é uma doença autoimune que induz a perda de pelos corporais. Estudos recentes mostram o benefício do baricitinibe.

Por Gabriela Aquino

A alopecia areata (AA) é uma doença autoimune crônica e recidivante, caracterizada pela perda de cabelo não cicatricial. Pode acometer o couro cabeludo, barba, sobrancelhas, cílios e demais pelos do corpo. A doença afeta indivíduos de ambos os sexos, todas as idades e diferentes etnias.

A apresentação clínica é muito variável, desde placas únicas, múltiplas, acometimento de todo o couro cabeludo (areata total) ou de todo o cabelo e pelos corporais (areata universal). Esses pacientes apresentam maior risco de doenças autoimunes como lúpus eritematoso sistêmico, vitiligo e tireoidopatias.

Leia também: Alopecia areata: revisão e atualização

O tratamento dos casos leves e localizados consiste na corticoterapia tópica e intralesional associada ao minoxidil. Em casos extensos, pode-se utilizar difenciprona tópica, corticoterapia oral e imunossupressores como o metotrexato, ciclosporina e azatioprina.

Nos casos refratários, ainda não existe tratamento curativo que mude seu curso a longo prazo. No entanto, vários fármacos que atuam nas várias vias implicadas na patogênese da AA têm se mostrado promissores. A fisiopatologia da doença não está completamente esclarecida, mas é sabido que o folículo piloso recebe um ataque autoimune de células T CD8+ ná área do bulbo capilar, gerando uma peribulbite.

Diversas citocinas dependentes da sinalização da Janus quinase foram relacionadas à AA, como as interleucinas (IL)-2, IL-7, IL-15, IL-21. Esse fato torna os inibidores da Janus opções de tratamento apoiadas por ensaios clínicos.

Podendo atingir cerca de 1,7% da população, a alopecia areata é uma alteração crônica que atinge os folículos pilosos e unhas.

Possível alternativa

O baricitinibe é um medicamento oral que inibe de modo seletivo e reversível as Janus quinases 1 e 2, o que pode interromper a sinalização de citocinas implicadas na alopecia areata. Estudos recentes de fase 2 e 3 envolvendo pacientes com quadros graves demonstaram que a medicação na dose de 2 ou 4 mg foi superior ao placebo em relação ao crescimento do cabelo na semana 36. 

O medicamento foi considerado seguro e bem tolerado, mas alguns efeitos colaterais descritos foram acne, aumento da creatina quinase e aumento de lipoproteína de baixa e alta densidade. Mais estudos são necessários para determinar sua eficácia e segurança a longo prazo, mas talvez em um futuro próximo os inibidores de JAK possam ser adicionados ao arsenal terapêutico.

Autoria

Foto de Gabriela Aquino

Gabriela Aquino

Dermatologista, graduada em Medicina pela Universidade Federal de Minas Gerais ⦁ Realizou intercâmbio acadêmico no Departamento de Dermatologia da Radboud University, Holanda ⦁ Residência médica de Dermatologia pela Universidade Federal do Rio de Janeiro ⦁ Aprovada no TED - Título de Especialista em Dermatologia e membro da Sociedade Brasileira de Dermatologia.

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