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Pediatria18 dezembro 2023

Retrospectiva 2023: o que foi destaque no ano em pediatria

Aproveitando o fim do ano, trazemos uma seleção dos principais temas do Portal dentro da pediatria em 2023.

O ano de 2023 foi marcado por publicações importantes, polêmicas, diretrizes aguardadas, atualização de práticas antigas e ratificação de outras na área de pediatria. Nesse ano, o Portal trouxe tudo isso em primeira mão para que você, pediatra, pudesse se manter sempre atualizado!

Retrospectiva 2023: o que foi destaque no ano em pediatria

Diretrizes francofônicas abordam o manejo da bronquiolite viral aguda em lactentes

Logo no início do ano, já foi publicada uma nova diretriz para manejo de bronquiolite viral aguda em menores de 12 meses que contou com 25 especialistas da área e gerou uma lista de 40 recomendações sobre o assunto.

Dentre elas, destacam-se: o não uso rotineiro de radiografia de tórax, exames para identificação viral ou a punção de acesso venoso periférico, além de beta-2 de curta duração (pode ser feito teste terapêutico) e antibióticos na ausência de indícios de coinfecção bacteriana. Corticosteroides estão contraindicados (via oral e inalatória), assim como salina hipertônica nebulizada, ribavirina e sulfato de magnésio. 

Novo estudo na NEJM aborda eficácia da vacina Pfizer em crianças abaixo de 5 anos

Ainda nos primeiros meses de 2023, foi publicado um estudo randomizado e controlado por placebo que testou a imunogenicidade, eficácia e segurança da vacina Pfizer em um total de 4.526 crianças. Os autores concluíram que em crianças na faixa etária de 6 meses a 4 anos, a administração de três doses da vacina RNA mensageiro Pfizer promoveu uma grande resposta imunológica, além de ter apresentado boa eficácia e segurança. 

Infecção simultânea pode ser causa do misterioso surto de hepatite em crianças

No segundo trimestre, surgiram dezenas de relatos de quadros misteriosos de hepatite fulminante na faixa etária pediátrica que somavam mais de mil casos. Um estudo publicado na revista Nature por pesquisadores americanos sugere que os quadros se relacionavam a infecção simultânea pelo vírus adeno associado do tipo 2 (AAV2), geralmente inofensivo, com outros tipos de vírus, incluindo adenovírus e herpervírus.

Teste do coraçãozinho: novidades na aplicação prática

O teste do coraçãozinho, parte da triagem neonatal há décadas, recebeu uma atualização na sua interpretação. O teste, que deve ser realizado entre 24 e 48 horas de vida de todos os bebês assintomáticos nascidos com mais de 35 semanas, era considerado alterado caso a saturação de oxigênio fosse < 95% ou quando a diferença entre as aferições do membro superior direito (pré-ductal) e dos membros inferiores fosse > 3%.

A atualização exige resultados menos rigorosos, considerando como alterados (positivos) os testes com saturações ≤ 89%. Além disso, a nova recomendação incluiu uma categoria: o resultado duvidoso, onde se encaixam os bebês com saturação entre 90 e 94% ou com diferença ≥ 4% entre os membros. Nesses casos, está indicada reavaliação em 1 hora com mais um reteste em 1 hora caso o resultado se mantenha alterado.

AAP atualiza recomendações sobre a avaliação auditiva em crianças e adolescentes

A Academia Americana de Pediatra (AAP) atualizou suas recomendações acerca da avaliação da audição de crianças após o período neonatal. O documento se intitula “Avaliação auditiva em bebês e crianças: recomendações além da triagem neonatal” e sua última atualização havia sido no ano de 2009.

São pontuados fatores de risco objetivos e baseados em evidências para alterações auditivas de início tardio que devem ser considerados em todas as crianças, independente das recomendações preventivas para rastreio da audição infantil da própria AAP. Alguns destes fatores a serem considerados incluem internação em UTI neonatal com duração > 5 dias, uso de aminoglicosídeos por > 5 dias, infecção intrauterina por citomegalovírus e exposição vertical à zika com ou sem evidência de infecção do bebê.

Recomendações da SBP e da SBIM sobre o uso da vacina pneumocócica 15 em pediatria 

Em outubro chegou ao Brasil a vacina pneumocócica 15 valente, a mais nova vacina conjugada contra Streptococcus pneumoniae. Essa, além de oferecer proteção contra os sorotipos 3 e 19A, responsáveis atualmente pela maior parte das doenças pneumocócicas graves no Brasil, assim como a vacina pneumocócica 13, amplia a imunização adicionando mais 2 sorotipos.

Mediante esta novidade, as sociedades brasileiras de pediatria e imunização (SBP e SBIM) se posicionaram indicando que sempre que possível fosse recomendada vacinação com a pneumo 13 ou a pneumo 15, sem que haja preferência entre elas.

Novas recomendações da OMS sobre alimentação complementar de bebês de 6 a 23 meses

O novo documento da OMS traz orientações atualizadas e também algumas polêmicas. Entre as principais diferenças, este documento sugere introdução de leite de vaca a partir dos 6 meses em crianças não amamentadas, contraindica o uso de fórmulas de seguimento após os 12 meses e considera possível o início da introdução alimentar aos 4 meses nas crianças não amamentadas ao seio e que tenham condições de desenvolvimento neuropsicomotor para tal.

É importante destacar que essas orientações são direcionadas a países de baixa, média e alta renda e que por vezes não refletem as orientações da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP). 

OMS emite alerta epidemiológico sobre doença invasiva causada por estreptococo 

No final de novembro de 2023, a OMS emitiu um alerta sobre casos de doença invasiva causada por estreptococo do grupo A (EGA) a partir do aumento de casos de doença invasiva pela bactéria na Europa, ainda no final de 2022.

A publicação resume medidas de prevenção e controle de infecções, profilaxia, manejo clínico e antibioticoterapia nas diferentes apresentações clínicas da infecção, incluindo choque tóxico estreptocócico, fasciíte necrosante e bacteremia.

Probióticos em transtornos funcionais gastrointestinais 

Os transtornos funcionais gastrointestinais e o uso de probiótico foi um dos temas trazidos para o LASPGHAN 2023, o Congresso Latinoamericano de Gastroenterologia, Hepatologia e Nutrição Pediátrica.

Na palestra, Dra. Flavia Indrio, médica assistente do serviço de Gastroenterologia Pediátrica no Departamento de Pediatria da Universidade de Bari, na Itália, trouxe as principais evidências sobre o uso de probióticos em TFGI na infância, como nos casos de cólicas e regurgitação do lactente, constipação funcional e dor abdominal funcional.

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