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Cirurgia26 julho 2021

Telas de alta gramatura são superiores no reparo laparoscópico de hérnias inguinais 

O reparo de hérnias inguinais com auxílio de telas tem se tornado a abordagem de escolha, visto que reduz risco de recidivas.

O reparo de hérnias inguinais com auxílio de telas tem se tornado a abordagem de escolha, visto que reduz risco de recidivas. É importante ressaltar, todavia, que o uso dessas próteses pode elevar a incidência de dor pós-operatória e sensação de corpo estranho. Propriedades como elasticidade, porosidade, tipo de polímero utilizado e gramatura influenciam diretamente na performance das telas e, embora muitos estudos tenham comparado essas características, não há consenso sobre a tela ideal a ser aplicada no reparo de hérnias inguinais. 

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Outro fator a ser considerado é a técnica de reparo utilizada, visto que abordagens videolaparoscópicas, como a transabdominal pré-peritoneal (TAPP) e a laparoscópica totalmente extraperitoneal (TEP), quando comparadas ao clássico reparo aberto pela técnica de lichtenstein têm mostrado resultados promissores em relação à dor pós-operatória e ao tempo de recuperação. 

Telas de alta gramatura são superiores no reparo laparoscópico de hérnias inguinais 

Estudo atual

Considerando o aumento do uso dessas técnicas de reparo minimamente invasivas, uma recente meta-análise objetivou avaliar qual a tela ideal a ser utilizada nesta abordagem. Para isso, o estudo comparou, entre telas de diferentes gramaturas, a que apresentou melhores resultados no reparo de hérnias inguinais, principalmente nas diretas e de grandes dimensões. 

Foram avaliados 12 artigos que compararam telas de alta gramatura (TAG, > 70 g/m²) e telas de baixa gramatura (TBG, 50 g/m²) no reparo de hérnias inguinais não complicadas pela técnica laparoscópica. Do total de 2.909 pacientes, 1.490 foram abordados com TBG e 1.419 foram abordados com TAG. Os desfechos analisados foram taxa de recorrência, dor crônica e sensação de corpo estranho. O período de seguimento pós-operatório variou entre 3 e 60 meses. 

Quanto aos resultados, observou-se que TBG aumentam o risco de recorrência herniária (TBG 32 casos vs TAG 13 casos de recidiva, RR: 2,21) principalmente no reparo de hérnias diretas sem fixação da tela (13 vs 1 para TBG e TAB, respectivamente, RR: 7,27) e em defeitos de grandes dimensões. Em relação ao desfecho dor pós-operatória, não houve diferença significativa em relação aos grupos avaliados (123 vs 127 para TBG e TAB, respectivamente, RR: 0,79). Também não houve diferença em relação à sensação de corpo estranho, visto que 100 pacientes com TBG e 103 com TAG apresentaram esse desfecho (RR: 0,94). 

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Em resumo, as TAG se mostraram superiores no reparo laparoscópico de hérnias inguinais diretas ou de grandes dimensões, visto que reduzem a incidência de recorrência. Adicionalmente, TBG não mostraram benefício no reparo de hérnias indiretas. 

Para Levar para Casa 

Considerando a importante prevalência de hérnias inguinais e o aumento do uso de técnicas minimamente invasivas, a escolha da tela que reúna melhores resultados pós operatórios, menor custo e facilidade de manuseio é de elevada relevância para o cirurgião. Para hérnias inguinais diretas ou de grandes dimensões, as TAG têm menor risco de recidiva, além de apresentarem custo reduzido, o que favorece seu uso, principalmente em reparos laparoscópicos

Referências bibliográficas:

  • Bakker W, Aufenacker T, Boschman J, Burgmans J. Heavyweight Mesh Is Superior to Lightweight Mesh in Laparo-endoscopic Inguinal Hernia Repair. Annals of Surgery. 2020;273(5):890-899. doi: 10.1097/sla.0000000000003831 

Autoria

Foto de Nathália Ribeiro Pinho de Sousa

Nathália Ribeiro Pinho de Sousa

Residente em Cirurgia Geral pelo Hospital de Clínicas da Universidade Federal da Fronteira Sul ⦁ Especialização Multiprofissional em Atenção Básica em Saúde pela Universidade Federal de Santa Catarina ⦁ Médica pela Universidade Federal do Ceará ⦁ Exerceu cargo de Presidente do Departamento Brasileiro das Ligas Acadêmicas de Cirurgia Cardiovascular ⦁ Foi editora Júnior do Blog do Brazilian Journal of Cardiovascular Surgery ⦁ Desempenhou função de vice-presidente do Departamento Brasileiro das Ligas Acadêmicas de Cirurgia Cardiovascular e de presidente da Liga de Cirurgia Cardiovascular da Universidade Federal do Ceará ⦁ Realizou estágio em Cirurgia Cardíaca na Cleveland Clinic (EUA), Mount Sinai Hospital (EUA), The Heart Hospital at Baylor Plano (EUA), Hôpital Européen Georges Pompidou (França), Herzzentrum Leipzig (Alemanha), Papworth Hospital (Inglaterra), Harefield Hospital (Inglaterra), St. Thomas Hospital (Inglaterra), Manchester Royal Infirmary (Inglaterra), Santa Casa de Misericórdia de Porto Alegre (Brasil) e Hospital São Raimundo (Brasil) ⦁ Realizou estágio de pesquisa no William Harvey Heart Centre (Inglaterra) ⦁ Foi bolsista de Graduação Sanduíche pelo Programa Ciência sem Fronteiras na University of Roehampton, Londres ⦁ Foi bolsista de iniciação científica CNPq, UFC e da FUNCAP do Laboratório de Fisiologia da Inflamação e do Câncer (LAFICA).

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