Logotipo Afya
Anúncio
Cirurgia9 agosto 2022

Melhor abordagem cirúrgica para hérnias inguinais: Robótica, videolaparoscópica ou aberta?

Um estudo avaliou qual a melhor abordagem cirúrgica para o tratamento das hérnias inguinais. Veja os detalhes aqui.

As hérnias inguinais são uma das patologias cujo tratamento é primariamente cirúrgico. A ampla aplicação da técnica livre de tensão, através do uso de telas, descrita originalmente por Lichtenstein, possibilita uma redução significativa de complicações. Todavia, o advento da cirurgia minimamente invasiva trouxe a opção do reparo herniário laparoscópico (RHL). Esse pode ser via abdominal pré-peritoneal (TAPP) ou totalmente extraperitoneal (TEP). Há ainda, mais recentemente, a opção do reparo herniário robótico (RHR), que acrescenta visão tridimensional e maior precisão à execução cirúrgica.  

Considerando essas possibilidades terapêuticas se tem questionado sobre a técnica mais efetiva e, mesmo com a crescente adesão a abordagens minimamente invasivas, não há evidência consistente de que elas apresentem resultados clínicos superiores ao reparo herniário aberto (RHA). Assim, um estudo a partir da base de dados norte-americana a respeito de técnicas cirúrgicas analisou resultados pós-operatórios do RHA, RHL e RHR.  

hérnias inguinais

Métodos

Foram avaliados 12.4978 casos de HI entre 2008 e 2019, sendo 81% desses abordados por técnica aberta; 14% por laparoscopia e 5% por robótica. Os desfechos primários analisados foram mortalidade pós-operatória (30 dias), tempo cirúrgico, permanência hospitalar e complicações pós-operatórias (cardíaca, pulmonar, infecciosa e renal, principalmente).  

Resultados 

O RHR, quando comparado ao RHL, apresentou maior taxa de complicação (OR=4,94), de reabordagem precoce (OR=3,53), assim como maior tempo cirúrgico (média de 100 minutos a mais) e permanência hospitalar 94% mais longa. O mesmo ocorreu quando comparado ao RHA, tendo o RHR sido associado ao risco de complicações 5,9 vezes maior, além de tempo cirúrgico e permanência hospitalar superiores em 57 minutos e 1,1 dias, respectivamente. 

Entre RHA e RHL, este foi associado a 1,2 vezes maior risco de complicações (cardíacas e renais, principalmente), assim como média de 12 minutos a mais de tempo cirúrgico. Já a permanência hospitalar foi menor em 10% nos casos laparoscópicos. Adicionalmente, foi observada tendência progressiva ao uso de técnicas minimamente invasivas no período de estudo, com redução de complicações e média de tempo cirúrgico em RHR ao decorrer do tempo avaliado (2008:20,8% e 4,9h versus 2019:3,2% e 2,8%, respectivamente). 

Em conclusão, os dados ratificaram a tradicional técnica aberta para reparo de hérnias inguinais como superior ao reparo laparoscópico e robótico, em relação a complicações precoces, tempo cirúrgico e permanência hospitalar. Em contrapartida, a expressiva melhora dos indicadores de RHR ao decorrer do tempo pode indicar perspectiva promissora dessas técnicas, diretamente relacionada às suas crescentes abrangências e consequente melhora da curva de aprendizado dos cirurgiões que as executam.

Leia também: Qual deve ser a duração do repouso após cirurgias abdominais ou correção de hérnias?

Mensagem prática

Embora potencialmente promissoras, novas tecnologias como a robótica não demonstram resultados clínicos superiores no tratamento de HI, além de possuírem custos significativamente mais elevados por procedimento. Assim, considerando a realidade 

brasileira, aplicar técnicas bem estabelecidas, como reparo aberto ou laparoscópico (atualmente mais disponível em centros cirúrgicos), não trará resultados cirúrgicos inferiores, tendendo a ser a técnica de escolha pelos próximos anos. 

Autoria

Foto de Nathália Ribeiro Pinho de Sousa

Nathália Ribeiro Pinho de Sousa

Residente em Cirurgia Geral pelo Hospital de Clínicas da Universidade Federal da Fronteira Sul ⦁ Especialização Multiprofissional em Atenção Básica em Saúde pela Universidade Federal de Santa Catarina ⦁ Médica pela Universidade Federal do Ceará ⦁ Exerceu cargo de Presidente do Departamento Brasileiro das Ligas Acadêmicas de Cirurgia Cardiovascular ⦁ Foi editora Júnior do Blog do Brazilian Journal of Cardiovascular Surgery ⦁ Desempenhou função de vice-presidente do Departamento Brasileiro das Ligas Acadêmicas de Cirurgia Cardiovascular e de presidente da Liga de Cirurgia Cardiovascular da Universidade Federal do Ceará ⦁ Realizou estágio em Cirurgia Cardíaca na Cleveland Clinic (EUA), Mount Sinai Hospital (EUA), The Heart Hospital at Baylor Plano (EUA), Hôpital Européen Georges Pompidou (França), Herzzentrum Leipzig (Alemanha), Papworth Hospital (Inglaterra), Harefield Hospital (Inglaterra), St. Thomas Hospital (Inglaterra), Manchester Royal Infirmary (Inglaterra), Santa Casa de Misericórdia de Porto Alegre (Brasil) e Hospital São Raimundo (Brasil) ⦁ Realizou estágio de pesquisa no William Harvey Heart Centre (Inglaterra) ⦁ Foi bolsista de Graduação Sanduíche pelo Programa Ciência sem Fronteiras na University of Roehampton, Londres ⦁ Foi bolsista de iniciação científica CNPq, UFC e da FUNCAP do Laboratório de Fisiologia da Inflamação e do Câncer (LAFICA).

Como você avalia este conteúdo?

Sua opinião ajudará outros médicos a encontrar conteúdos mais relevantes.

Compartilhar artigo

Referências bibliográficas

Newsletter

Aproveite o benefício de manter-se atualizado sem esforço.

Anúncio

Leia também em Cirurgia