A abordagem cirúrgica é o tratamento de escolha para a maioria das neoplasias de cólon direito, sendo a colectomia laparoscópica uma opção terapêutica progressivamente mais utilizada por seus benefícios. Nessa técnica, após ressecção do segmento colônico afetado, é necessário reestabelecer o trânsito intestinal por meio de anastomose ileocólica, que pode ser realizada de forma intracorpórea ou extracorpórea.
As duas abordagens têm sido realizadas com resultados satisfatórios, porém, não há consenso acerca da opção com melhor desfecho pós-operatório.
Estudo
Para comparar anastomoses intra (AI) e extracorpóreas (AE), um estudo multicêntrico randomizado polonês avaliou 102 pacientes com neoplasia de cólon direito submetidos à hemicolectomia direita laparoscópica, sendo randomicamente divididos em grupo AI e AE (52 e 50 pacientes, respectivamente). O desfecho primário avaliado foi período para recuperação intestinal, mensurado pelo tempo para início de evacuações (TIE). Também foram analisados secundariamente tempo para eliminação de flatos (TEF), assim como duração da cirurgia e complicações.
O grupo AI apresentou menor TEI (32,8h vs 41,7h do grupo AE, p = 0,017). Não houve diferença em relação ao TEF (26,6h vs 30h para AI e AE, respectivamente), duração da cirurgia (ambos com média de 190 minutos), assim como complicações gerais (19% vs 24%, p=0,56).
Em conclusão, o estudo demonstrou o potencial benefício da realização de AI na recuperação mais precoce do trânsito intestinal, provavelmente decorrente da menor manipulação de alças no transoperatório, o que auxilia na redução de REMIT (Resposta Endócrino Metabólica Imunológica ao Trauma) e consequentemente do íleo adinâmico.
O que levar para casa
A videolaparoscopia tem se tornado a técnica de escolha, principalmente em abordagens cirúrgicas para tratamento de neoplasia colorretal. Essa abordagem minimamente invasiva relaciona-se à menor taxa de infecção de ferida operatória, menor manipulação de alças, assim como reduzido risco de lesão de estruturas adjacentes.
Tais benefícios se traduzem em melhores desfechos operatórios, principalmente relacionados à recuperação pós-operatória. Nesse contexto, a possibilidade de realizar todos os tempos cirúrgicos principais sem expor alças, inclusive a anastomose ileocólica, pode ser mais uma ferramenta a agregar na recuperação precoce do paciente.
Autoria

Nathália Ribeiro Pinho de Sousa
Residente em Cirurgia Geral pelo Hospital de Clínicas da Universidade Federal da Fronteira Sul ⦁ Especialização Multiprofissional em Atenção Básica em Saúde pela Universidade Federal de Santa Catarina ⦁ Médica pela Universidade Federal do Ceará ⦁ Exerceu cargo de Presidente do Departamento Brasileiro das Ligas Acadêmicas de Cirurgia Cardiovascular ⦁ Foi editora Júnior do Blog do Brazilian Journal of Cardiovascular Surgery ⦁ Desempenhou função de vice-presidente do Departamento Brasileiro das Ligas Acadêmicas de Cirurgia Cardiovascular e de presidente da Liga de Cirurgia Cardiovascular da Universidade Federal do Ceará ⦁ Realizou estágio em Cirurgia Cardíaca na Cleveland Clinic (EUA), Mount Sinai Hospital (EUA), The Heart Hospital at Baylor Plano (EUA), Hôpital Européen Georges Pompidou (França), Herzzentrum Leipzig (Alemanha), Papworth Hospital (Inglaterra), Harefield Hospital (Inglaterra), St. Thomas Hospital (Inglaterra), Manchester Royal Infirmary (Inglaterra), Santa Casa de Misericórdia de Porto Alegre (Brasil) e Hospital São Raimundo (Brasil) ⦁ Realizou estágio de pesquisa no William Harvey Heart Centre (Inglaterra) ⦁ Foi bolsista de Graduação Sanduíche pelo Programa Ciência sem Fronteiras na University of Roehampton, Londres ⦁ Foi bolsista de iniciação científica CNPq, UFC e da FUNCAP do Laboratório de Fisiologia da Inflamação e do Câncer (LAFICA).
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